segunda-feira, 16 de setembro de 2013

'UPPs ecológicas' combatem crimes ambientais no Rio

Em meio à Mata Atlântica, oito unidades de policiamento atuam contra caça predatória, queimadas e até tráfico de drogas


Fornos para a produção de carvão são dinamitados pelos policiais. Este era em Rio Claro
Foto:  Luiz Morier
Rio - Um modelo inédito no Brasil de ‘policiamento ecológico’ está rendendo frutos, pouco mais de um anós após ser implantado. São as Unidades de Proteção Ambiental (Upams) da Polícia Militar, que contam com oito bases em áreas de Mata Atlântica no Estado do Rio. Levantamento da Secretaria de Estado do Ambiente, que coordena o projeto, mostra que a produtividade dos policiais tem subido: no primeiro semestre de 2013, registraram 642 ocorrências, contra 630 em todo o ano passado.
Os crimes mais comuns na floresta são caça predatória, queimadas, construções irregulares, tráfico de drogas e apreensão de armas. Segundo a Coordenadoria de Combate a Crimes Ambientais da secretaria, houve este ano 1.157 ações, com 367 pessoas presas.
De acordo com o secretário do Ambiente, Carlos Minc, as Upams foram vistas com desconfiança pela população quando anunciadas. Para vencer a resistência, foi preciso mudar o método de trabalho até então empregado pelo antigo Batalhão de Polícia Florestal. “Os PMs iam à área de conservação, quando eram chamados para alguma ocorrência. Hoje, os policiais já estão dentro dos parques, reconhecendo os problemas e ganhando a confiança das pessoas”, explicou o gestor da Cicca, José Maurício Padrone. Devido à mudança de perfil, o secretário Minc apelidou as bases de policiamento de ‘UPPs florestais’, em referência às unidades instaladas nas favelas cariocas.
“O resultado é bom, mas é claro que sempre pode ser melhor”, avalia Minc, reconhecendo que a gratificação oferecida aos policiais militares impulsiona a produtividade. “O cara fica motivado”, completa, ressaltando que um dos grandes desafios na capacitação destes PMs é a diversificação das ocorrências, já que cada área tem necessidades específicas.
Mais três unidades à vista
Mais três Upams (Pedra Selada, Cunhambebe e Mendanha) estão previstas para o início de 2014. A da Serra da Tiririca, entre Niterói e Maricá, inaugurada em agosto, é a mais recente. Na região, os maiores desafios são a ocupação irregular e as pistas ilegais. “Vamos proibir a passagem de carros e motos na Estrada do Vai e Vem, no Engenho do Mato, e na trilha da Rua Itália”, promete Padrone.
Ambientalista morreu após denunciar
O Parque Cunhambebe, em Rio Claro, no Médio Paraíba, ganhará uma Upam nos próximos meses, mas as fiscalizações na região já foram intensificadas após o assassinato do biólogo espanhol Gonzalo Alonso Hernández, de 49 anos, no dia 6 de agosto.
O ambientalista fazia uma série de denúncias de crimes ambientais na região, o que pode ter motivado o homicídio. “Eu tinha muito medo deste ativismo e falava para ele ter mais cautela, mas ele dizia que o mal dos brasileiros era o medo de fazer a coisa certa”, lamentou a viúva de Gonzalo, Maria de Lourdes Campos, 48 anos, mostrando-se descrente com as investigações. “É muito triste pensar assim, mas não tenho nenhuma expectativa”, completou.
O delegado Marco Antonio Alves, da 168ª DP (Rio Claro), evitou falar sobre o caso, mas garantiu que as “investigações estão muito bem encaminhadas”. Questionado, o secretário Carlos Minc prometeu cobrar respostas das autoridades responsáveis. “Estamos em contato com a (chefe da Polícia Civil) Martha Rocha e a família”, disse.

Minc e policiais observam armadilha para animais numa das blitzes
Foto:  Luiz Morier
As unidades e problemas enfrentados
PEDRA BRANCA
Primeira Upam a ser inaugurada, em agosto do ano passado. Localizado entre Jacarepaguá e Vargem Grande, na Zona Oeste do município do Rio, o parque abriga a maior floresta urbana do estado e tem como principais problemas a ocupação irregular, o tráfico, queimadas e a prática indevida de motocross.
TRÊS PICOS
Parque abrange principalmente os municípios de Cachoeiras de Macacu, Teresópolis e Nova Friburgo, na Região Serrana do Estado. As maiores ameaças na área são a fabricação irregular de carvão, para a qual árvores são derrubadas; e a captura ilegal de animais.</CW><CW-4>
JUATINGA
Reserva localizada em Paraty, no Oeste Fluminense. Principais ocorrências na região dizem respeito a animais em cativeiro e ao desmatamento.
SERRA DE CONCÓRDIA
Parque se divide entre as cidades de Valença e Barra do Piraí, no Sul Fluminense. O desmatamento e a captura de animais preocupa porque a região abriga espécies que ainda são pouco conhecidas.

ILHA GRANDE
A região do litoral de Angra dos Reis, Oeste do estado, ganhou uma unidade em outubro do ano passado para conter a ocupação irregular e estimular o ecoturismo.
DESENGANO
Abrange os municípios de Santa Maria Madalena, São Fidélis e Campos, no Norte Fluminense. Queimadas, desmatamento, caça e animais em cativeiro são as maiores preocupações.
GUAXINDIBA
Reserva da cidade São Francisco de Itabapoana, no Nordeste do Rio de Janeiro. As maiores ameaças são os fornos de carvão irregulares e as queimadas.
SERRA DA TIRIRICA
Área que se divide entre Niterói e Maricá, na Região Metropolitana. Ocupação irregular, uso indevido das trilhas e falta de conservação são os grandes problemas.

Fonte: O Dia

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