sábado, 21 de setembro de 2013

No Rio, milícia dá as cartas em uma região com 26 favelas

Relatório obtido por VEJA mostra que a polícia deixou um naco inteiro do Rio sob o domínio de Batman, o chefão da maior e mais poderosa milícia do país


Nas franjas da Zona Oeste do Rio de Janeiro estende-se uma área de 153 quilômetros quadrados que abriga 500.000 pessoas e 26 favelas. Historicamente, o crime vicejou ali à sombra do poder público, fazendo do lugar um barril de pólvora. Conhecida como Campo Grande, a região é um deserto de policiais, escassez que um relatório interno da Polícia Militar, ao qual VEJA teve acesso, expõe com números: há nas ruas apenas um PM para cada grupo de 2.498 habitantes - menos de um terço da proporção que se vê no restante da cidade e um décimo do que a Organização das Nações Unidas (ONU) considera razoável. Por isso, espanta outro dado que corre em paralelo: em tempos recentes, em nenhum outro lugar do estado as taxas de homicídio caíram tanto, e em poucos os roubos retrocederam como lá.

A explicação para esse paradoxo é perversa. A trégua momentânea, que vem mascarada de boa notícia, não passa de estratégia da bandidagem para se manter no poder sem ser incomodada. É, por assim dizer, uma etapa evolutiva do crime organizado. “Quanto mais invisíveis as gangues conseguem ser, mais seguros e rentáveis são seus negócios, a exemplo das máfias”, diz o sociólogo Cláudio Beato, do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública. Não significa que, na surdina, a barbárie não dê as caras. A organização criminosa em questão é tida hoje como a maior milícia do país, um bando de policiais e ex-policiais que, há coisa de uma década, espantou o tráfico da região. O chefão é o ex-PM Ricardo Teixeira Cruz, o Batman. Mesmo preso, é ele que continua ditando as regras. Daí o nome da quadrilha: Liga da Justiça.

Fonte: Veja

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