sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

'Ele acabou com a minha vida', diz paciente que foi atendida por falso médico

Mulher perdeu os movimentos da mão e desmaiou na delegacia quando reconheceu casal acusado

Uma das pacientes do falso médico Kennedy de Barros Moreira afirmou que perdeu os movimentos da mão após ser atendida pelo farsante. O homem foi preso na manhã desta sexta-feira, em São João de Meriti, junto com sua mulher, a médica Adriana Rosa Neri. Segundo as investigações, o acusado usava o CRM de sua esposa para atender como médico no Hospital do município.
A vítima Solange Pereira, de 51 anos, desmaiou na delegacia assim que encarou o casal. Ela ficou com sequelas irreversíveis no membro após sofrer um acidente em sua casa.
"Sofri um acidente com um copo e fui atendida por ele, que fez uma sutura e me tratou bem. No dia seguinte, não consegui mais mexer minha mão. Perdi meus movimentos. Antes eu lavava e passava para fora, hoje não tenho emprego. Ele acabou com a minha vida. Quero justiça!", disse Solange ao RJTV .
Mulher passa mal ao ver casal na delegacia
Foto:  Estefan Radovicz / Agência O Dia
O casal foi autuado pelos crimes de homicídio, tráfico de drogas, lesão corporal, falsidade material e exercício ilegal da profissão.
Segundo informações da polícia, um dos pacientes do hospital teria sofrido uma grave lesão devido ao atendimento feito pelo criminoso.

Fonte:O Dia

Passagem de ônibus deveria diminuir ao invés de aumentar, diz relatório do TCM

Ao contrário do recomendado, órgão votou pelo aumento

Rio - O Tribunal de Contas do Município (TCM) contrariou o relatório técnico feito por especialistas do próprio órgão e que deveria dar base sobre o reajuste das tarifas dos ônibus. Enquanto o material indicava que as passagens deveriam ser reduzidas para R$ 2,50, os conselheiros aprovaram pelo aumento do preço, o que foi acatado pelo prefeito Eduardo Paes, que elevou o valor para R$ 3,00 a partir do próximo dia 8. 
Em nota, o TCM informou que o plenário é um colegiado que "tem autonomia de decisão e não está vinculado a manifestação técnica, podendo discordar". No caso em questão, haveria uma violação ao contrato feito entre a Prefeitura e as concessionárias a partir de um edital de licitação, comprometendo, assim, a segurança jurídica.

O aumento das passagens, em junho do ano passado, foi o estopim para manifestações que tomaram as ruas
Foto:  Carlo Wrede / Agência O Dia

Na noite desta sexta-feira, a prefeitura enviou nota afirmando que "está seguindo criteriosamente as recomendações do relatório final do Tribunal de Contas do Município a que a administração municipal teve acesso e que é de conhecimento público. A prefeitura não tem acesso a documentos e discussões internas do TCM, como as citadas na reportagem."
Já a Rio Ônibus "entende que a decisão final do Tribunal de Contas do Município (TCM), publicada hoje no Diário Oficial, é bem clara, e afirma que a Prefeitura poderá reajustar a tarifa de ônibus, nos termos do contrato em vigor.
A revisão tarifária solicitada em 2012 ainda esta sendo examinada pelo TCM, e o voto publicado hoje determina que não haja novos processos de revisão ate a conclusão desse julgamento. Ainda de acordo com as empresas de ônibus, todas as informações necessárias para comprovar a necessidade da revisão para o equilíbrio econômico-financeiro do sistema foram encaminhadas ao TCM. E os dados usados pelo corpo técnico do Tribunal foram resultado de uma simulação, não refletindo as informações reais apuradas pela Prefeitura e pelos consórcios, devidamente auditadas por empresa independente".

Manifestação contra o aumento das passagens foi parar na Estação Central da SuperVia na terça e quinta-feira, onde ativistas incentivaram usuários a pularem as catracas
Foto:  Leitor @kappaum

Confira parte do texto do relatório técnico:
“ Diante da falta de confiabilidade na documentação contábil e operacional encaminhada, erros nas planilhas de projeção apresentadas para revisão, não demonstração dos critérios utilizados para a projeção dos números constantes nas planilhas sob análise, falta de abertura dos números inseridos nas colunas dos Anos 0 (2010) e 1 (2011), optou-se pela realização de uma análise por simulação, a qual concluiu que a margem de lucratividade das concessionárias, com a prática da tarifa a R$ 2,75, atingiu uma TIR de 10,01%, acima, portanto, do adequado para o estabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Assim, não há como validar tal aumento de tarifa”.
“Ademais, até que se evidenciem os elementos que justifiquem o aumento de tarifa em R$ 0,25, pode-se concluir que, de janeiro de 2012 até o presente momento, restou configurado o desequilíbrio econômico-financeiro nos contratos de concessão, em benefício das concessionárias. Por tal razão, considera-se apropriado o retorno da cobrança da tarifa ao valor de R$ 2,50, e sugere-se que a SMTR estipule medidas de compensação em prejuízo dos consórcios, para que os recursos decorrentes do acréscimo de R$ 0,25 sejam revertidos, a curto prazo, em investimentos a bem dos usuários do SPPO, a fim de restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos”.
Cabral diz que tarifas de barcas, metrô e trem permanecem as mesmas
O governador Sérgio Cabral decidiu, na tarde desta sexta-feira, manter os valores atuais das tarifas de trens (R$2,90), barcas (R$3,10 – tarifa social) e metrô (R$3,20).
No que diz respeito à tarifa das barcas, já existe uma lei que instituiu a tarifa social e definiu que as despesas de execução tarifária do sistema aquaviário de transporte sejam subsidiadas pelo Fundo Estadual de Transporte.
Por determinação do governador, a Secretaria de Estado de Fazenda fará um estudo para definir como compensar as demais concessionárias.
Prefeito anunciou aumento nos ônibus e estendeu passe livre a universitários
Depois de anunciar o aumento de R$ 3 na passagem dos ônibus, o prefeito Eduardo Paes também decidiu aumentar o número de gratuidades dos estudantes da rede pública e estender o benefício para os universitários. Os alunos das escolas de níveis médio e fundamental que já tinham direito a 60 passagens por mês vão ganhar mais 16 gratuidades para utilizar também nos fins de semana e ter mais acesso a equipamentos culturais.
O decreto publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial do Município determina ainda que os universitários cotistas e bolsistas do ProUni, que já tinham direito à meia passagem, tenham agora 76 gratuidades mensais. Além disso, todo universitário com renda familiar per capita até um salário mínimo, mesmo que seja da rede particular, também terá direito às gratuidades.

Prefeito anunciou aumento de R$ 3 e estendeu passe livre a universtários
Foto:  Ernesto Carriço / Agência O Dia

"A passagem será reajustada, mas tomaremos outras medidas que têm a ver com as manifestações de junho, ouvindo as reivindicações dos estudantes. A gente já tem gratuidade pra ensino fundamental municipal, ensino médio estadual e federal. Essa garotada tem direito a 60 passagens por mês em dias de aula. Vamos dar mais 16 passagens, o que significa direito à cidade, uma demanda das ruas que eu demorei a entender, mas conversando com as pessoas entendi e achei justo”, afirmou Paes.
De acordo com o prefeito, ao todo, serão 272 mil estudantes beneficiados. Deste total, 60 mil têm renda familiar per capita abaixo de um salário mínimo, e outros 8 mil são do ProUni.
O prefeito disse ainda que estuda outros benefícios: “A gente está estudando a possibilidade de fazer um cartão carioca jovem. É uma primeira base de iniciativas para a garotada, com entrada para shows, como um vale cultura municipal. Mas isso ainda está em estudo.”
Protestos convocados
O Movimento Passe Livre convocou um ato para a próxima quinta-feira, dia 6 de fevereiro, com concentração na Candelária, às 17h. "O prefeito do Rio precisa entender de uma vez por todas que foi eleito para governar para a população da cidade, e não para os empresários de ônibus ou empreiteiros, predadores que ditam os rumos econômicos da Cidade Maravilhosa", diz trecho do manifesto, que já conta com quase 14 mil confirmados no Facebook. 
O Fórum de Lutas Contra o Aumento da Passagem marcou para o próximo dia 13 um grande ato na Cinelândia, também às 17h. “Esperamos uma grande adesão na próxima passeata. Afinal, esse aumento valeu por dois, pois conseguiram aumentar e ainda subiram o valor anterior previsto”, informou Gabriel Siqueira, membro do movimento.

Fonte: O Dia

Após 'roletaços', governo do Rio mantém tarifas de trens, metrôs e barcas

Preço dos ônibus municipais, no entanto, vai aumentar para R$ 3 a partir do dia 8 de fevereiro

O Estado de S. Paulo
RIO - Após dois "roletaços" realizados esta semana na estação ferroviária Central do Brasil contra o aumento das passagens previsto para fevereiro, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), recuou e anunciou nesta sexta-feira, 31, que vai manter os valores atuais das tarifas de trens (R$2,90), metrô (R$3,20) e barcas (R$ 3,10, com bilhete único). O preço das tarifas de ônibus, no entanto, vai aumentar a partir do dia 8 de fevereiro.
Nos "roletaços", realizados terça, 28, e quinta, 30, centenas de passageiros aderiram à manifestação, aos gritos de "Ei, Fifa, para a minha tarifa", pulando as catracas da Supervia, concessionária controlada pela Odebrecht. Em nota, a Supervia afirma que 21 catracas foram quebradas durante o protesto de quinta, 30.
De acordo com o governo estadual, a Secretaria de Estado de Fazenda "fará um estudo para definir como compensar as concessionárias". As tarifas de ônibus passarão de R$ 2,75 para R$ 3,00 a partir do dia 8 de fevereiro. O reajuste autorizado pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), de 9,09%, foi publicado quinta-feira, 30, no Diário Oficial do Município.

Rio: passageiros de trens enfrentam mais uma manhã de atrasos

Falha na sinalização da linha férrea causa atrasos


Trens de todos os ramais da SuperVia, no Rio de Janeiro, circularam com intervalos irregulares na manhã desta sexta-feira (31), devido a um problema de sinalização na linha férrea. De acordo com a concessionária, composições precisavam aguardar ordem de circulação para poder seguir viagem.
A concessionária informou, por meio de nota, que o problema foi registrado às 8h20. Às 9h, a circulação era gradativamente normalizada. Contudo, todos os ramais apresentavam atrasos.

Copa 2014 tem gastos públicos recordes, em benefício da iniciativa privada

Brasileiros ficam sem ingresso e sem legado do Mundial, enquanto futebol se volta à elite


O Brasil tinha a chance de gerar lucro e mudanças importantes com a Copa do Mundo deste ano, sem realizar nenhum gasto público, como fez os Estados Unidos no evento de 1994. A poucos meses para os jogos, porém, se mostra o maior gastador de verbas do governo em Mundial de Futebol, em nome de um evento que deve beneficiar principalmente, ou apenas, a iniciativa privada. Que pode ainda gerar desemprego e outras consequências negativas. Qualquer coisa que se ganhe com a Copa de 2014, então, pode não se comparar ao preço que o país já começou a pagar. Uma das grandes paixões do brasileiro, que virou parte da cultura principalmente nas camadas mais pobres da sociedade, de onde sai, inclusive, a maior parte dos jogadores, agora se volta cada vez mais à elite.
Apenas um terço dos ingressos dos jogos da Copa estão disponíveis para o torcedor brasileiro pela distribuição inicial da Fifa, de acordo com artigo do blog do Rodrigo Mattos, no Uol Esporte. Com 12 cidades-sede, nenhum outro Mundial teve uma oferta de assentos tão grande, mas nem por isso os brasileiros ganharam facilidade para conseguir uma entrada, que não são baratas, inclusive. 
Maracanã inspirou diversos protestos pelo país e ficou marcado pelo custo das obras acima do previsto, assim como em outros projetos da Copa no Brasil
Maracanã inspirou diversos protestos pelo país e ficou marcado pelo custo das obras acima do previsto, assim como em outros projetos da Copa no Brasil
Como ressaltou Christopher Gaffney à Carta Capital em 2011, a Copa era a oportunidade de usar um investimento federal em benefício da população, mas se tornou um evento esportivo financiado com dinheiro público para o lucro privado: "o governo assume o risco e os patrocinadores é que vão receber os benefícios".
Conforme o país adota uma posição mais mercantilista em relação ao futebol, também perde posições no ranking da Fifa. Chegou à 18ª posição em 2012 e agora subiu para a 10a., depois de anos no primeiro lugar. Os meninos brasileiros que crescem com o sonho de se tornarem jogadores, ao mesmo tempo, viraram produtos de exportação para times estrangeiros, até mesmo antes de passar por qualquer time nacional. Muitos, inclusive, são enganados e explorados lá fora. O público nos estádios brasileiros vem caindo ano a ano também. Na década passada, o ex-presidente Lula chegou a comentar que a massiva exportação de jogadores brasileiros acabava ofuscando o desempenho dos times do país.
Os ingressos
Foram muitas as manifestações pelo Brasil inteiro contra os gastos na Copa. Muitos, inclusive, torcem para que dê tudo errado e ela não aconteça. Outros, animados com promessa de bom entretenimento, se empenharam para conseguir um ingresso para os jogos. A sorte, no entanto, não sorriu para todos. Em novembro, o Procon alertava que mais de seis milhões de torcedores que se inscreveram para o sorteio no site da Fifa, não foram devidamente informados sobre as etapas e critérios da seleção. Um sorteio obscuro, classificou o advogado Ricardo Amitay Kutwak. Para o jurista, não foi surpreendente o fato da federação não divulgar os critérios de sorteio, assim como não divulgar os nomes das pessoas contempladas. 
Empresas patrocinadores fazem promoções com as entradas da Copa do Mundo
Empresas patrocinadores fazem promoções com as entradas da Copa do Mundo
Em novembro, o jornal argentino Clarín publicou uma reportagem para criticar a metodologia de sorteio de ingressos pela Fifa. Fontes ligadas à AFA (Associação Argentina de Futebol) revelaram ao jornal que a compra de bilhetes para a Copa por empresas de viagens foi excepcional, com óbvio objetivo de revenda. No Brasil, grandes marcas que apoiam ou patrocinam a Copa promoveram campanhas de Natal com sorteios de ingressos para os principais jogos. Somente uma rede nacional de lojas esportivas disponibilizava 200 entradas para o primeiro jogo da competição, que será realizado no dia 12 de junho, em São Paulo.
O Departamento de Imprensa da Fifa informou ao JB que nenhuma empresa, além dela, está autorizada oficialmente a comercializar ingressos. O único canal para o torcedor comum conseguir um passe é o site da própria Fifa. Quando o primeiro lote de quase 1,1 milhão de ingressos foi alocado no ano passado, cerca de 62% foram para brasileiros e 38% para compradores internacionais, disse a federação. Os cinco principais países interessados foram o Brasil, seguido pelos Estados Unidos, Austrália, Inglaterra e Argentina.
A população dos estados que vão receber a Copa é equivalente a 74% da população brasileira - em julho de 2013, o país contava com 148.972.739 de habitantes nas 12 cidades-sede, de acordo com o IBGE. Ao todo, os estádios das 12 cidades-sede da Copa têm capacidade para 675 mil pessoas, a maior oferta de assentos entre as últimas Copas.
Os estados americanos que sediaram o megaevento em 1994 tinham uma população em torno de 114.563 milhões de habitantes, ou 44% da população total do país na época. Esses norte-americanos, vale ressaltar, tinham uma capacidade e disposição superior ao dos brasileiros para o consumo. Agora que grande parte da população do Brasil começa a romper barreiras e a comprar elementos considerados básicos, como móveis e eletrodomésticos. Não são todos que podem tentar – porque não se sabe se conseguirão – comprar um ingresso. Os parceiros comerciais da Fifa, que podem promover concursos culturais ou sorteios para distribuir os ingressos aos seus clientes, também não atingem a toda a população brasileira e, alguns deles, chegam apenas a uma minoria.
A Emirates, por exemplo, parceira comercial, é a principal companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos, eleita a Melhor Cia Aérea do Mundo pela Skytrax 2013. Ela oferece viagens no Brasil para destinos exóticos, como o Vietnã e outras rotas asiáticas. A Fifa conta com Parceiros, como a Emirates, com os patrocinadores da Copa deste ano, e também com apoiadores nacionais, em um total de 22 empresas.
Os patrocinadores do evento deste ano são a cervejaria Budweiser, a produtora de óleos lubrificantes Castrol, o grupo automotivo Continental, a Johnson & Johnson, o Mc Donald's, a Oi, a Moy Park e a Yingli. A Moy Park é reconhecida como uma das maiores produtoras de aves orgânicas e milho para aves na Europa. A Yingli, por sua vez, se apresenta em seuwebsite como a maior produtora de painéis solares do mundo, cuja missão seria oferecer energia verde acessível para todos. Já entre os apoiadores nacionais estão a Centauro, o Itaú, a Apex Brasil, a Garoto, a Liberty Seguros e o Wise Up.
Mais da metade dos 3,3 milhões de bilhetes da distribuição inicial da Fifa vai para a federação internacional, associações nacionais de futebol, CBF, parceiros comerciais, Vips, Comitê Organizador, governo federal, entre outros, além da fatia destinada a estrangeiros, de acordo com artigo de Rodrigo Mattos. As entradas podem ser comercializadas posteriormente, mas apenas se todos os parceiros anunciarem desinteresse, o que se acredita que não deve acontecer nesta edição.
No total, indica Rodrigo, os bilhetes disponíveis para o torcedor comum brasileiro somam 1,127 milhão (33,8% do total), sendo que parte deles também tem restrições ou preferências para determinados grupos. Só 700 mil bilhetes, contabiliza, serão vendidos em condições de igualdade para qualquer torcedor do mundo, inclusive os do Brasil.
"Quem leva mais vantagem na divisão são os parceiros comerciais, que ficam com 605 mil entradas. Eles pagam por isso e podem fazer promoções para torcedores, como ressalta a Fifa. Outros 445 mil são para empresas de hospitalidade, que incluem as que vendem pacotes milionários com hospedagem e outros serviços para torcedores abastados. Televisões e rádio com direitos de transmissão ficam com 66 mil bilhetes", alerta Rodrigo. 
De paixão popular ao futebol para a elite
Grandes times brasileiros têm uma dívida em torno de R$ 4 bi em impostos aos cofres públicos, mesma quantia anunciada como lucro da Fifa com a Copa, e que poderia ser aplicada em saúde, educação e infraestrutura. Além disso, o país acabou se tornando também um grande exportador de jogadores para outros países e, basta uma olhada no histórico desses atletas do país para perceber que a grande maioria vem de famílias pobres.
Rosell já foi investigado por diversas polêmicas envolvendo verbas suspeitas
Rosell já foi investigado por diversas polêmicas envolvendo verbas suspeitas
Uma figura que representa um pouco a situação a qual chegou o futebol é Sandro Rosell, ex- presidente do Barcelona, ex-representante da Nike no Brasil e amigo pessoal de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Como o Estadão revelou no ano passado, parte do dinheiro pago à CBF por times no mundo inteiro como cachê para enfrentar a seleção não era depositada em contas no país, mas direcionadas a empresas com sede nos Estados Unidos, registradas em nome de Sandro Rosell.
Rosell chegou a ser investigado no Brasil por causa de um amistoso entre Brasil x Portugal, em Brasília, em novembro de 2008. Em 2011, a Polícia Civil do Distrito Federal suspeitava de um superfaturamento na organização do amistoso, com gastos enormes com estadias e transporte das equipes.
Na semana passada, Rosell decidiu deixar o cargo após a Justiça espanhola acolher uma denúncia contra ele por irregularidades na contratação de Neymar. De acordo com o jornal El Mundo, de Madri, a compra de Neymar teria custado 95 milhões de euros (R$ 308 milhões), e não os 38 milhões (R$ 127 milhões) declarados pelo presidente. Segundo a Justiça espanhola, a documentação entregue pelo clube possui indícios suficientes para sustentar o início de um inquérito.
Os gastos e o retorno das últimas Copas
O geógrafo Gaffney reforçou em entrevista para a Carta Capital que a Fifa conta com cinco ou seis pessoas comandando, ligadas diretamente ao Ricardo Teixeira. A estrutura, alertou, permite que ninguém assuma responsabilidades, pois quando surge um problema "o COL joga para o Ministério do Esporte, que pode jogar para a Infraero, que joga para a CBF, que diz que não tem nada com isso porque diz que os contratos são com as cidades, que pode jogar para o Estado, que pode jogar para a CBF. Não existe uma estrutura centralizada da Copa. E se você procura informações sobre a organização na internet, você chega só nas páginas da Fifa. Não há informações. E depois, quando apertar, a responsabilidade vai cair no colo do governo federal, como houve no Pan e na Olimpíada."
No total, para todas as cidades-sede brasileiras, a previsão de aplicação de recursos do TCU é de R$ 8,3 bi em financiamentos federais, R$ 6,3 bi em recursos diretos federais, R$ 4 bi estaduais, R$ 1 bi municipais e R$ 4 bi de outras fontes - em um total previsto de R$ 25,9 bi. Artigo do pesquisador e consultor da Trevisan Gestão do Esporte e diretor da Trevisan Escola de Negócios, Fernando Trevisan, no Portal 2014, reforça que, além de empréstimos do BNDES, outra forma de presença de recursos públicos nos estádios é pela isenção de pagamento de tributos. Trevisan aponta que, de acordo com o Tribunal de Contas da União, o governo vai deixar de arrecadar RS 461 milhões - o que não chega a representar tanto, considerando que o setor automotivo deixou de pagar R$ 7,9 bilhões em tributos desde 2008, por conta de políticas de incentivo governamental.
Estados Unidos não precisou realizar gastos públicos e ainda teve lucro
Estados Unidos não precisou realizar gastos públicos e ainda teve lucro
Os Estados Unidos, durante a Copa de 1994, receberam 400 mil turistas e não precisaram gastar um centavo para receber o evento, já que toda a infra-estrutura estava pronta. De acordo com estudos da Universidade de Nova Iorque, o principal objetivo dos Estados Unidos em sediar a Copa do Mundo foi o de promover o futebol no país. Nova Iorque, São Francisco e Boston tiveram receita de U$ 1,45 bilhão. Na indústria hoteleira, o crescimento, em comparação com o ano anterior, foi de 10%, e na indústria de alimentos e bebidas, de 15%.
O evento no Japão e Coreia, em 2002, deixou grandes prejuízos para o primeiro país. Segundo o membro da comissão da Copa no Japão, Ichiro Hirose, o país não teve um planejamento estratégico para a utilização dos estádios após o evento e, como os custos de manutenção desses espaços são muito altos, tem enfrentado um prejuízo de cerca de U$ 5 milhões por ano ao governo japonês. O impacto, contudo, de acordo com o Dentsu Institute dor Human Studies, teria sido da ordem de US$ 24,8 bi na economia japonesa e de US$ 8,9 bi na economia coreana. 
A Copa na Alemanha, em 2006, custou US$ 6 bi, e o país recebeu 2 milhões de turistas. O setor público financiou um terço dos 2 bilhões de dólares gastos nas obras nos estádios. Não gastou quase nada e o lucro foi grande. Durante as quatro semanas, o incremento de receita gerado por gastos de turistas foi de 300 milhões de euros. Brenke e Wagner, todavia, constataram que o desemprego após a realização do evento tende a crescer. Gert Wagner, do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica, por sua vez, analisou o impacto da Copa de 2006 como minúsculo diante da magnitude da economia alemã. Ainda assim, houve incremento no turismo. O gasto médio de turistas em 2005 na Alemanha era de 174 euros por dia, durante a Copa, o valor subiu para 400 euros. No ano seguinte, o país também registrou aumento de pernoites e chegada de turistas.
A Copa da África do Sul, em 2010, custou US$ 8 bilhões. Os investimentos em infraestrutura urbana foram muito elevados em comparação com a Alemanha, que já tinha a maior parte dos estádios e arenas, mas bem menor que os do Brasil. Os salários na África, porém, são menores que os da Alemanha, por exemplo, o que representa redução dos custos operacionais e de infraestrutura. O evento teve a previsão inicial de gastos de R$ 2,1 bilhões. A dívida sul-africana com as obras do Mundial eram de 4 bilhões de dólares para sediar a Copa, a mesma quantia que a Fifa anunciou como lucro. Para um país com tantas carências, como o Brasil, foi um grande gasto para dar lucro a uma empresa privada.
De acordo com estudo do Dieese, entre as obras definidas para que as cidades-sede no Brasil possam receber o megaevento, estavam 13 estádios e 50 projetos de mobilidade urbana - a metade ligada a portos e aeroportos. Outros projetos ainda necessários, como de tecnologia da informação e sustentabilidade ambiental também estariam em fase de finalização.
No Rio de Janeiro, foram programados projetos e ações em três aeroportos, um estádio, três ações de mobilidade urbana, uma de segurança pública, seis de telecomunicações, oito de desenvolvimento turístico e uma relacionada a estruturas temporárias. Segundo informações disponíveis no site do Tribunal de Contas da União, para isso, os financiamentos federais ficaram em R$ 1,5 bi, com aplicação direta de recursos federais de R$ 829,8 mi, estaduais de R$ 862,5 mi e municipais de R$ 514 mi.
Os custos do Maracanã, que chegaram a R$ 1,2 bilhão, superaram em muito o que estava previsto. Em outubro do ano passado, mesmo com a obra milionária, o que os torcedores viam no Maracanã era um verdadeiro caos, com banheiros alagados, policiamento ineficiente ou inadequado e total falta de informação.
Estudo do Itaú Unibanco previa que a Copa contribuiria com um aumento de 1,5 ponto percentual para o PIB brasileiro, entre 2013 e 2014. A projeção, no entanto, caiu para 1% do PIB, devido à redução nos investimentos programados, principalmente nos relacionados à infraestrutura, e maior atenção a estádios, que não oferecem impacto relevante na economia brasileira. 
A Embratur informou no final do ano passado que os turistas que visitarão o Brasil durante a Copa do Mundo de 2014, entre eles 600 mil estrangeiros, gastarão cerca de R$ 25 bilhões no país, número que compensaria o investimento público no evento, de acordo com a previsão do Instituto Brasileiro de Turismo. "Calculamos que os estrangeiros gastarão R$ 7 bilhões durante os 30 dias de Copa e os brasileiros o restante desse montante", disse o presidente da Embratur, Flavio Dino.
Estudo encomendado pelo Ministério do Esporte em 2010 mostrava que os impactos econômicos potenciais resultantes da realização da Copa de 2014 podem chegar a R$ 183,2 bilhões, dos quais R$ 47,5 bilhões (26%) se referem aos impactos diretos, enquanto R$ 135,7 bilhões são resultados dos impactos indiretos.
Contudo, nota técnica do Dieese já apontou que é preciso ter cautela com a visão difundida de que a Copa só trará benefícios. “Uma olhada sobre a Lei Geral da Copa e outros instrumentos jurídicos voltados para a (des) regulamentação das atividades que envolvem a realização desse evento mostra que não é bem assim. Exemplos disso são as diversas formas de isenção fiscal que têm sido disciplinadas; a intenção da Fifa em suspender parte do Estatuto do Torcedor, do Estatuto do Idoso e do Código de Defesa do Consumidor; ou a proposta de responsabilizar a União amplamente por ‘todo e qualquer dano resultante ou que tenha surgido em função de qualquer incidente ou acidente de segurança relacionado aos eventos’. O projeto aprovado dá amplos poderes a Fifa, inclusive para determinar o preço e as regras de Compra e venda dos ingressos.”
Dos turistas esperados para a Copa, a Embratur calcula que a maioria chegará procedente da Argentina e Estados Unidos, os dois maiores compradores de ingressos até agora. De acordo com Dino, Rio de Janeiro e São Paulo, onde serão jogadas a final e a abertura da Copa respectivamente, serão as cidades que mais receberão visitantes durante o evento.
Segundo o último balanço divulgado pela MATCH, em setembro, a distribuição das cidades mais procuradas são as seguintes: Rio de Janeiro (52%), São Paulo (10%), Salvador (8%), Fortaleza (7%), Belo Horizonte (5%), e Brasília (5%).
Matéria publicada no Jornal do Brasil em 2013 alertava para a necessidade do país começar a atrair turistas de maior poder aquisitivo. Brasileiros continuam viajando muito para o exterior e gastando mais em suas viagens. De acordo com pesquisa do TripAdvisor, uma em cada quatro turistas brasileiras pretende gastar mais de R$ 1.800 só em compras durante uma viagem. Já os estrangeiros que vêm passear por aqui são mais contidos. Em 2012, o gasto médio diário por turista estrangeiro foi de US$ 68,94, contra os US$ 71,35 do ano anterior.
A Associação Brasileira de Hotéis (ABIH) e a FOHB, procuradas pela reportagem, alegaram não ter dados ainda sobre a porcentagem de hotéis, pousadas e albergues mais procurados pelos turistas para o período da Copa. É consenso, no entanto, como foi mostrado em reportagem do ano passado, que o perfil do turista que visita o Brasil é o do que poupa mais, não gasta tanto quanto os brasileiros em suas viagens ao exterior, e que chegou a ficar conhecido como o "turista-fusca", que anda, anda, anda, anda e não gasta nada.

Manifestantes protestam contra aumento das passagens de ônibus no Rio

Nova tarifa de R$ 3 entra em vigor no dia 8 de fevereiro


Dois protestos contra o reajuste das tarifas de ônibus urbanos do Rio de Janeiro ocorreram nesta quinta-feira em pontos distintos da cidade. Cerca de 200 pessoas invadiram a estação Central do Brasil da SuperVia e pularam as catracas. Incentivados pelos ativistas, os passageiros comuns também passaram pelas roletas sem pagar. Vários equipamentos ficaram danificados.
Os manifestantes cantavam palavras de ordem como “a SuperVia é a vergonha do Brasil” e “se a passagem aumentar, o Rio vai parar”. A SuperVia informou que o protesto não prejudicou a circulação dos trens até as 20h. O acesso à estação também seguia tranquilo.
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Homens do Batalhão de Choque apenas observaram a manifestação. Os seguranças da concessionária também não impediram a livre passagem dos usuários.
Outro protesto ocorreu na Tijuca, Zona Norte da cidade. Os manifestantes se concentraram na Praça Saens Peña e iniciaram uma caminhada pelas ruas do bairro, gritando palavras de ordem contra a Fifa e o aumento do preço das passagens.
O policiamento foi reforçado por homens do Batalhão de Choque, que apenas acompanharam a caminhada dos manifestantes, sem intervir. Por razões de segurança, o trânsito foi bloqueado nas principais avenidas da Tijuca, mas o comércio permaneceu aberto.
Prefeitura do Rio autoriza reajuste das passagens de ônibus para R$ 3
A prefeitura do Rio de Janeiro autorizou o aumento do valor as passagens de ônibus urbanos na cidade de R$ 2,75 para R$ 3. Segundo decreto publicado nesta quinta no Diário Oficial do Município, a nova tarifa será cobrada a partir de 8 de fevereiro.Autor
O reajuste, de 9,09%, foi calculado com base em índices de inflação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e levando-se em consideração a unificação das tarifas de ônibus com e sem ar condicionado, a desoneração do PIS/COFINS de 3,65% e o desconto de 50% do IPVA dos ônibus.
O decreto também propõe uma série de medidas que visam melhorar a qualidade do transporte público rodoviário na cidade, por determinação do Tribunal de Contas do Município (TCM). Entre as ações estão a criação da Comissão de Acompanhamento do Serviço Público de Transporte de Passageiros por Ônibus e a obrigatoriedade dosconsórcios de instalarem ar condicionado em toda a frota até dezembro de 2016.
A prefeitura também instituiu o passe livre para estudantes universitários com renda familiar per capita até um salário mínimo e para aqueles beneficiados pelos programas de cotas e Programa Universidade para Todos.
O atual valor da passagem de ônibus foi estabelecido em janeiro de 2012. Reajuste para R$ 2,95 chegou a ser anunciado pela prefeitura para entrar em vigor em junho do ano passado, mas foi cancelado devido às manifestações que ocuparam as ruas da cidade.

Acidente com BRT deixa pelo menos 12 pessoas feridas

Pneu estourou e veículo atingiu e destruiu plataforma da Estação Santa Mônica Jardins. Via foi fechada e trânsito parou

Rio - Pelo menos 12  pessoas ficaram feridas no acidente envolvendo um ônibus do corredor BRT Transoeste na manhã desta sexta-feira. O pneu do veículo estourou e destruiu o canteiro da plataforma da Estação Santa Mônica Jardins, na Barra da Tijuca, Zona Oeste. O trânsito está parado e causa reflexos no Recreio, por conta da interdição da pista central, sentido Alvorada.
Os feridos foram atendidos pelo Corpo de Bombeiros e levados para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, no bairro. As 12 pessoas tiveram apenas ferimentos leves.
Pneu de ônibus do BRT estourou e provocou acidente na Barra
Foto:  Seguidor @darinho1980
De acordo com o Consórcio BRT, o pneu estourou e causou o deslocamento do veículo para o lado, atingindo e destruindo a rampa de acesso da estação. No acidente, o veículo também acabou derramando óleo sobre a pista. Para evitar outros acidentes, serragem foi espalhada na via. A circulação de ônibus no BRT Transoeste estaria acontecendo sem atrasos, de acordo com a concessionária.
Embora o acidente tenha acontecido na faixa exclusiva do BRT, segundo o Centro de Operações Rio, a pista central da Avenida das Américas foi interditada, no sentido Terminal Alvorada, para o trabalho da equipe do Corpo de Bombeiros. O tráfego é desviado para a pista lateral.
Acidente interdita pista central em outro trecho
Um outro acidente interdita trecho da Avenida das Américas na manhã desta sexta-feira. Uma moto e um carro colidiram na pista central, na altura da estação Rio Mar, sentido Alvorada. Ainda não há informação de vítimas. Motoristas encontram retenção neste trecho, onde o tráfego é desviado para a pista lateral.
Uma vítima, identificada como Rafael S. Pereira, de 31 anos, foi levada em estado grave para o Hospital Municipal Lourenço Jorge. 
Fonte: O Dia
ADRIANO ARAÚJO , LUARLINDO ERNESTO E TIAGO FREDERICO

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Juiz diz que proibição da maconha é atraso e absolve réu

Na opinião de juiz de Brasília, a proibição da maconha no Brasil é fruto de uma cultura atrasada e fere o princípio da igualdade, da liberdade e da dignidade humana


Homem prepara cigarro de maconha
Homem prepara cigarro de maconha: droga, que é proibida no Brasil, foi considerada recreativa por juiz

São Paulo - Um réu confesso acusado de tráfico de drogas  foi absolvido em Brasília após um magistrado considerar a maconha uma "droga recreativa" e afirmar que sua proibição fere os princípios da igualidade, da liberdade e da dignidade humana. A sentença é do juiz Frederico Ernesto Cardoso Maciel, da 4ª Vara de Entorpecentes do Distrito Federal (veja na íntegra abaixo). 
Marcus Vinícius Pereira Borges foi flagrado em maio do ano passado entrando no Complexo Penitenciário da Papuda com 52 porções de maconha. A intenção era repassá-la a um presidiário.
No texto, a defesa reconhece que o acusado confessou os fatos, mas pediu a aplicação da pena mínima.
Mesmo com a confissão, o juiz entendeu que havia "inconstitucionalidade e ilegalidade" na prisão em flagrante.
A decisão é de outubro, mas veio a público agora com o recurso impetrado pelo Ministério Público contra ela.
Segundo o magistrado, não só faltam motivos para a proibição do uso de maconha, como o ato seria uma inconstitucionalidade, já que violaria o princípio da igualdade, da liberdade e da dignidade humana.
"Soa incoerente o fato de outras substâncias entorpecentes, como o álcool e o tabaco, serem não só permitidas e vendidas, gerando milhões de lucro para os empresários dos ramos, mas consumidas e adoradas pela população", argumenta o juiz.
Ele critica a portaria do Ministério da Saúde que classificou o THC, um dos componentes da maconha, como entorpecente.
"A proibição de outras substâncias entorpecente recreativas, como o THC, são fruto de uma cultura atrasada e de política equivocada e violam o princípio da igualdade, restringindo o direito de uma grande parte da população de utilizar outras substâncias". 
Para fundamentar seu argumento de que não há motivos para a proibição da maconha, Maciel diz que a droga já é reconhecida por vários outros países como substância de caráter recreativo e medicinal.
Ele cita ainda o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cuja opinião, de acordo com o juiz, "demonstra a falência da política repressiva do tráfico".

Veja abaixo a íntegra da sentença:
Fonte: Exame.com

Prefeito Eduardo Paes estende passe livre a universitários para evitar protestos

Aumento de R$ 3 vale a partir do dia 8. Ativistas marcaram manifestação para o dia 13



Depois de anunciar o aumento de R$ 3 na passagem dos ônibus, o prefeito Eduardo Paes também decidiu aumentar o número de gratuidades dos estudantes da rede pública e estender o benefício para os universitários. Os alunos das escolas de níveis médio e fundamental que já tinham direito a 60 passagens por mês vão ganhar mais 16 gratuidades para utilizar também nos fins de semana e ter mais acesso a equipamentos culturais. 
O decreto publicado hoje no Diário Oficial do Município determina ainda que os universitários cotistas e bolsistas do ProUni, que já tinham direito à meia passagem, tenham agora 76 gratuidades mensais. Além disso, todo universitário com renda familiar per capita até um salário mínimo, mesmo que seja da rede particular, também terá direito às gratuidades. 
'Passagem foi reajustada, mas tomaremos outras medidas que tem a ver com as manifestações de junho', disse Paes
Foto:  Márcio Moraes / Agência O Dia
“A passagem será reajustada, mas tomaremos outras medidas que têm a ver com as manifestações de junho, ouvindo as reivindicações dos estudantes. A gente já tem gratuidade pra ensino fundamental municipal, ensino médio estadual e federal. Essa garotada tem direito a 60 passagens por mês em dias de aula. Vamos dar mais 16 passagens, o que significa direito à cidade, uma demanda das ruas que eu demorei a entender, mas conversando com as pessoas entendi e achei justo”, afirmou Paes. 
De acordo com o prefeito, ao todo, serão 272 mil estudantes beneficiados. Deste total, 60 mil têm renda familiar per capita abaixo de um salário mínimo, e outros 8 mil são do ProUni.
O prefeito disse ainda que estuda outros benefícios: “A gente está estudando a possibilidade de fazer um cartão carioca jovem. É uma primeira base de iniciativas para a garotada, com entrada para shows, como um vale cultura municipal. Mas isso ainda está em estudo.”
Protesto já é convocado 
O Fórum de Lutas Contra o Aumento da Passagem marcou para o próximo dia 13 um grande ato na Cinelândia, às 17h. “Esperamos uma grande adesão na próxima passeata. Afinal, esse aumento valeu por dois, pois conseguiram aumentar e ainda subiram o valor anterior previsto”, informou Gabriel Siqueira, membro do movimento.
Aumento de 9% nas tarifas
O prefeito Eduardo Paes foi rápido: o novo preço da passagem dos ônibus municipais será de R$ 3, ou seja, 9% a mais do que os R$ 2,75 atuais. A decisão está publicada hoje no Diário Oficial e começa a valer a partir do dia 8 de fevereiro. O Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro (TCM) recomendou o reajuste na terça-feira. Os conselheiros entenderam que o contrato de concessão da prefeitura com as empresas de ônibus deve ser cumprido para evitar o risco de interrupção dos serviços. 
Por contrato, o reajuste das tarifas deve acontecer uma vez por ano, sempre no primeiro dia útil. Mas o último aumento foi há mais de dois anos, em janeiro de 2012. No ano passado, o governo federal solicitou que o prefeito Eduardo Paes adiasse o reajuste para segurar a inflação. Ele atendeu ao pedido. Seis meses depois, em junho, o preço saiu de R$ 2,75 para R$ 2,95. E foram exatamente estes R$ 0,20 a mais o estopim de uma série de protestos em todo o Brasil. A pressão popular abriu um precedente histórico: o governo foi obrigado a recuar da decisão, voltando a tarifa para R$ 2,75. 
O aumento das passagens, em junho do ano passado, foi o estopim para manifestações que tomaram as ruas
Foto:  Carlo Wrede / Agência O Dia
No Rio, diferentemente de muitas outras metrópoles, não existe subsídio por parte do governo para os serviços prestados pelos ônibus, o que diminuiria o valor da passagem. Sendo assim, de acordo com especialistas, não existe outra opção além de repassar o custo operacional do sistema para os passageiros. E não fica por aí. São os usuários que pagam também pelas gratuidades.
O presidente da Fetranspor, Lélis Marcos Teixeira, disse ontem que as passagens permaneceram “congeladas” por dois anos, ao contrário do custo operacional dos serviços oferecidos pelas empresas de ônibus, uma vez que houve aumento do combustível, da mão de obra e de vários outros itens.
“O TCM recomendou que toda a frota tenha ar-condicionado até 2016. Isso é para daqui a dois anos. E a vida útil de um veículo aqui no Rio é cinco anos. Vamos precisar fazer um grande investimento. Tem ainda uma outra questão: os bancos não dão financiamento se a segurança jurídica dos contratos estiver ameaçada”, disse, lembrando que, no caso dos ônibus municipais, não existe a exigência do Ministério Público de dez dias de prazo para a entrada em vigor do decreto.

Fonte: O Dia