segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Moradores da Rocinha relatam tortura policial

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Mesmo após o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo, no dia 14 de julho, durante a operação 'Paz Armada', que tinha como objetivo colher informações sobre o tráfico de drogas na Rocinha, as primeiras denúncias de tortura chegaram ao MP-RJ quase três meses antes do sumiço do rapaz
As denúncias de tortura por parte de policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, Zona Sul da cidade do Rio, continuam dando o que falar. Mesmo após o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo, no dia 14 de julho, durante a operação 'Paz Armada', que tinha como objetivo colher informações sobre o tráfico de drogas na favela, as primeiras denúncias chegaram ao Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) quase três meses antes do sumiço do rapaz. As informações são do programa Fantástico, da TV Globo.

"Eu ouvi mãe de família dizendo que a polícia entrava a qualquer hora, do dia ou da noite, em suas casas, dizendo que havia suspeita de que ali havia um depósito de drogas. Traziam para fora da casa adolescentes para fazer perguntas e pressionar sobre informações de onde estariam as armas ou as drogas", afirma promotora de Justiça do RJ Gláucia Costa Santana. "Choque na cara, no peito, no pescoço, nos braços", diz uma testemunha.

Um autor das denúncias e menor de idade, que responde a uma ação no Juizado da Infância e da Juventude por associação ao tráfico, relata como os policiais o trataram no momento da abordagem. Após dizer que não sabia onde estavam os traficantes, respondendo a pergunta dos PMs, o menor disse que começou a levar tapas na cara com a sua sandália, retirada do seu pé pelos policiais.

De acordo com o menor, a tortura não parou por aí. "Me arrastaram para o beco mais escuro. Aí começaram a me agredir. Botaram saco na minha cabeça, me molhando, dando choque", conta. O adolescente afirmou, ainda, que, no dia 13 de julho, véspera do sumiço de Amarildo, foi levado para o Centro de Comando e Controle da UPP durante a Operação 'Paz Armada'. "Me levaram para a dentro do banheiro. Chegou dentro do banheiro, começaram a me bater, botaram a minha cara dentro do vaso", conta.

Outro lado

Todas as denúncias foram encaminhadas ao Comando Geral da PM e ao comando das UPPs. Curiosamente, segundo o Conselho de Direitos Humanos, os comandantes da PM informaram que sabiam das torturas na Rocinha. Diante deste cenário, a promotora que investiga as denúncias de tortura afirma que a busca da polícia por informações sobre o tráfico na comunidade se deu de maneira equivocada, o que levou a detenção e ao desaparecimento de Amarildo.

Por sua vez, a Polícia Militar informou, por meio de nota, que "não deixa de apurar nenhuma informação concreta que chega ao Comando das UPPs sobre má conduta de policiais". Também através de nota, a Secretaria de Segurança diz que "a UPP da Rocinha é bem avaliada pelos moradores e que acompanha com atenção a evolução dos trabalhos do Ministério Público".

Fonte: Rio247




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