sábado, 28 de setembro de 2013

BRTs ficam lotados no rush e vazios nos outros horários

Veículos articulados Transoeste, antes aposta para melhorar trânsito, já leva 130 mil por dia

Dura rotina. Centenas de passageiros tentam embarcar no BRT, na Estação Mato Alto Foto: Fernando Quevedo / Agência O Globo
Dura rotina. Centenas de passageiros tentam embarcar no BRT, na Estação Mato Alto Fernando Quevedo / Agência O Globo
RIO - Estação do BRT Mato Alto, em Guaratiba, 5h da manhã de ontem. Centenas de passageiros se aglomeram para embarcar nos veículos articulados do corredor expresso Transoeste, que liga o Terminal Alvorada (Barra da Tijuca) a Santa Cruz. As pessoas reclamam da superlotação que, no entanto, só ocorre nos horários do rush. Fora do horário de pico (das 10h às 16h), sobram ônibus, a ponto da 40% da frota permanecerem estacionados no Terminal Alvorada. Em meio a tudo isso, outra contradição: apesar da ociosidade dos veículos, na maior parte do dia, o BRT Transoeste já registrou dias de pico com até 130 mil usuários — 30% a mais do que movimento previsto inicialmente, entre 95 mil e 100 mil usuários por dia.
Demanda será reavaliada
Mesmo a média em dias normais está acima do previsto: 116 mil. Desse total, 86,3 mil viagens (74,3%) são feitas, das 5h às 10h e das 16h às 20h.
— A impressão é que, a cada dia, tem mais gente nas estações. Com isso, preciso acordar cada vez mais cedo. Muitos ônibus já saem de Santa Cruz lotados e nem param no Mato Alto. A prefeitura deveria colocar mais veículos — reclama o agente da Comlurb, Josué Assis de Castro, de 49 anos, que trabalha no Leblon.
O pico de 130 mil usuários só era esperado quando todas as 15 estações que farão a ligação do corredor até Campo Grande ficassem prontas, o que deve ocorrer apenas dezembro. Mas, mesmo incompleto, o BRT passou a ser procurado por moradores de Campo Grande, Bangu e outros bairros vizinhos que chegam aos terminais por outras linhas de ônibus já que o Túnel da Grota Funda tornou a viagem mais rápida pela região do que fazer o trajeto pela Avenida Brasil. A Secretaria municipal de Transportes decidiu reavaliar as demandas não só do Transoeste — que até 2016 ainda inaugurará uma expansão até o Jardim Oceânico, onde se conectará com o metrô —, mas também dos corredores de BRTs em obras, Transcarioca e Transolímpico), ou em projeto, Transbrasil.
—Talvez tenhamos subestimado a demanda. E isso levará a ajustes em estudos — disse o secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osorio.
Os BRTs são uma das principais apostas do município para reverter um cenário identificado pelo novo Plano Diretor de Transportes Urbanos (PDTU). Conforme O GLOBO revelou ontem, o estudo, ainda em fase de elaboração pelo governo estadual, identificou um crescimento de usuários do transporte individual (táxis, carros particulares e motocicletas) e uma redução dos que optam pelo transporte coletivo, na última década, o que vai na contramão da tendência mundial. Em dez anos (2002-2012), o percentual de deslocamento individual subiu de 25,8% para 28,5% enquanto o transporte de massa caiu de 74,2% para 71,5%.
Apesar dos problemas, Osório diz já ter elementos para demonstrar que a adoção dos BRTs foi uma decisão acertada. Segundo ele, um estudo de 2012, feito pelo Institute for Transportation & Development Policy (ITDP), com sede nos EUA, constatou que 4% das viagens (5.200, nos dias de pico) do BRT Transoeste são feitas por pessoas que antes usavam carros.

Fonte: O Globo

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