terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Prefeitura dá início ao processo de internação compulsória de usuários de crack

Cracolândia da Maré, uma das maiores do estado, é ocupada pela Polícia


Prefeitura faz operação na Avenida Brasil para acabar com a cracolândia do Parque União
Foto: Fernando Quevedo / Agência O Globo
Prefeitura faz operação na Avenida Brasil para acabar com a cracolândia do Parque UniãoFernando Quevedo / Agência O Globo
Rio - Uma megaoperação para acolher usuários de crack, realizada na madrugada desta terça-feira no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, inaugurou uma nova fase no combate ao uso da droga no Rio: a adoção da internação compulsória de adultos. A medida, que divide opiniões no que diz respeito à sua constitucionalidade, será anunciada durante uma entrevista no Centro de Operações da prefeitura.
A ação ocorreu na entrada da Favela Parque União, em Bonsucesso, considerada uma das maiores cracolândias do estado. Agentes da Secretaria municipal de Assistência Social, policiais dos batalhões de Choque, de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Maré, além de policiais civis, guardas municipais e funcionários da Comlurb participaram da ação que resultou no fechamento – durante aproximadamente uma hora – das quatro pistas da Avenida Brasil, uma das principais vias expressas do Rio. Houve correria com a chegada dos agentes e resistência de alguns usuários ao acolhimento, entre eles crianças e até grávidas. Um grupo chegou a atear fogo em um sofá, e a polícia teve que utilizar uma bomba de efeito moral para afastá-los do local. Ninguém ficou ferido.
Após o recolhimento de materiais utilizados como moradia pelos usuários, o espaço degradante que antes era usado como ponto de consumo de crack foi ocupado por policiais militares, que manterão uma viatura no local, acompanhados de guardas municipais. Um posto móvel para o acolhimento voluntário de dependentes da droga também será implantado no mesmo espaço. Funcionários da Rio Luz instalaram refletores no local.
— Essa área, agora, será ocupada de forma permanente pelo poder público, seja com a polícia ou com os órgãos da prefeitura responsáveis pelo acolhimento e tratamento dos dependentes químicos — comentou o coronel Rodrigo Sanglard, comandante do 22º BPM (Maré).
Os usuários acolhidos foram encaminhados para um abrigo da prefeitura, em Paciência, Zona Oeste do Rio, onde estão sendo avaliados por equipes da Secretaria de Saúde. O secretário municipal de Governo, Rodrigo Bethlem, esteve na unidade acompanhando o trabalho dos agentes.
A internação compulsória de adultos usuários de crack, anunciada em outubro do ano passado pelo prefeito Eduardo Paes, dividiu opiniões. Há uma discussão jurídica sobre a constitucionalidade da medida. Segundo a legislação, uma pessoa só pode ser internada contra a vontade caso fique provado que ela não é capaz tomar decisões.
Antes da megaoperação, troca de tiros
A ação da prefeitura foi precedida por uma operação da Polícia Militar nas favelas Parque União e Nova Holanda, no Complexo da Maré, para evitar represálias de traficantes durante a ação coordenada pela Secretaria de Ação Social. Houve intensa troca de tiros, e dois policiais do Bope ficaram feridos por estilhaços. Uma pistola foi apreendida. O caso foi registrado na 21ª DP (Bonsucesso). Durante o confronto, um motorista, de 32 anos, que havia acabado de estacionar seu carro na Rua Teixeira Ribeiro, teve que se abrigar em um estabelecimento comercial no interior da comunidade. Quando retornou para o veículo, ele percebeu que o para-brisa havia sido atingido por um tiro de fuzil, que atravessou o encosto do banco do motorista e foi parar no vidro traseiro.
— Estou nervoso até agora. Não consigo sequer dirigir. Ainda bem que segui o conselho dos policiais de me abrigar durante o tiroteio, senão estaria morto nesse momento — contou assustado.


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Fonte: O Globo

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