segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Falta d'água atinge toda a cidade do Rio e municípios da Baixada

  • Atividades na Alerj terminaram mais cedo devido ao problema
  • Corte de energia da Light à estação de tratamento do Guandu teria interrompido fornecimento
  • Caso será comunicado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)



  • 
Posto da Cedae na Av Francisco Bicalho, que abastece os carros-pipa, também já está sem água
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo
    Posto da Cedae na Av Francisco Bicalho, que abastece os carros-pipa, também já está sem águaGabriel de Paiva / O Globo
    RIO — A falta d’água já atinge toda a cidade do Rio e os municípios da Baixada Fluminense nesta segunda-feira, informou a Cedae, por volta das 17h20m, por meio de sua assessoria. No Rio, há relatos de torneiras secas no Centro, São Cristóvão, Santa Teresa, Catete, Flamengo e Recreio dos Bandeirantes. Ainda de acordo com a assessoria da Cedae, embora o fornecimento esteja normalizado desde a madrugada de domingo, 90% da distribuição de água já foi restabelecida. Isto porque há adutoras ainda não totalmente cheias. Os fluminenses, no entanto, só estarão livres dos problemas na noite de quarta-feira.
    O presidente da Cedae, Wagner Victer, disse que se reunirá às 17h com representantes da Light para discutir o assunto. Victer considera o episódio inaceitável e afirmou ainda que cobrará uma atitude da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ainda de acordo com Victer, a orientação é que cariocas economizem água.
    — Não quero brigar com a Light, mas não é normal este tipo de coisa: foram quatro picos de energia na estação do Guandu num fim de semana. Se tivéssemos gerador, o problema seria o mesmo. Não podemos religar o sistema imediatamente. Normalização de todo o abastecimento só na quarta-feira. Todos os bairros são afetados, mas quem tem cisterna sente menos — disse o presidente da Cedae.
    A Light informou, por meio de nota, que a interrupção da linha principal do Sistema Guandu, que levou cerca de 19 minutos, aconteceu ao mesmo tempo na subestação da concessionária, cujo sistema de proteção desarmou toda a linha. De acordo com a mensagem, a concessionária, "em comum acordo com a Cedae", interrompeu "por menos de uma hora" a linha principal, devido à conclusão de uma obra no Parque Madureira. De acordo com a Light, foi recomendado e acordado com a Cedae que a manobra fosse feita para a segunda linha.
    A Light informou que "está totalmente voltada para a identificação e razões que motivaram as referidas oscilações de tensão, sabendo o quanto o sistema Guandu é sensível a essas variações". A concessionária informou, ainda, que os indicadores de continuidade do serviço às instalações de Guandu e Lameirão encontram-se dentro dos limites estabelecidos pela Aneel.
    A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) encerrará as atividades mais cedo, pois não há água desde as 17h. O problema de abastecimento desligou inclusive o sistema central de refrigeração do Palácio Tiradentes, informou a assessoria da casa.
    Depois de quatro interrupções no fornecimento de energia elétrica à Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu, não é possível dizer exatamente os bairros que foram afetados pelo problema, que pode persistir até a noite da quarta-feira, de acordo com a Cedae. A estação do Guandu é responsável pelo abastecimento de água de todo o município do Rio de Janeiro e de 85% da Baixada.
    O posto de abastecimento da Francisco Bicalho está sem água. Com isso, os caminhões-pipa não conseguem atender aos chamados da população. Na Zona Sul, moradores relatam problemas em alguns bairros. É o caso de Botafogo. De acordo com Cláudia Santos, que mora na Rua Vicente de Souza, o prédio dela está sem água desde o fim da madrugada:
    — Já pediram para os moradores economizarem. Ainda há água na caixa que fica no subsolo, mas a previsão é que ela acabe amanhã.
    Moradores relatam problemas
    Já Andrea Barbosa, moradora do Leme, conta que a água também parou de cair, mas a cisterna ainda está abastecida. O síndico, no entanto, também pediu economia. Prédios do Catete também estão sem água.
    Morador da Rua Alberto Cavalcanti, no Recreio, Adelmar Carvalho, 54 anos, diz que a situação do bairro é calamitosa, pois a falta de água é constante na região desde o Natal. Ele conta que o preço da água dos caminhões-pipa dobrou nos últimos dois meses. Os moradores se cotizam para pagar.
    — Aqui no bairro é caminhão-pipa por tudo o quanto é lado. É a lei da procura e da oferta, e o preço de 20 mil litros pulou de R$ 400 para R$ 800 de dezembro para cá. O prédio todo liga para a Cedae, pega protocolo, e nada se resolve. O clima está pesado, é desespero mesmo. Não cai uma gota d’água — afirma Carvalho, morador de um prédio de três andares.
    Os moradores da Baixada também passam por problemas. O leitor Roberto Silva de Melo enviou relato ao Eu-Repórter contando da falta de água em Nilópolis.
    — Desgraça pouca é bobagem. Nilópolis com muito calor e sem água desde as 11h desta segunda —escreveu.
    Segundo a Cedae, a primeira interrupção aconteceu às 22h55m de sexta-feira; a segunda, à 1h de sábado; a terceira, às 23h01m de sábado; e a última, às 22h50m de domingo. A normalização da distribuição de água pode levar até 72h. A Light ficou de apresentar à Cedae, ao longo da semana, um plano para que tais problemas não voltem a acontecer. A Cedae montará esquema especial de atendimento a consumidores especiais, como hospitais.
    Em dezembro de 2012, quatro cortes de energia paralisaram as elevatórias que levam água para a Baixada Fluminense. À época, o presidente da Cedae, Wagner Victer, afirmou que o problema afetou a distribuição de água nos municípios de Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Belford Roxo e Nilópolis, o mais prejudicado. O problema só foi normalizado após 48 horas.

    Fonte: O Globo

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário