quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Obras de piscinões fecham praças na Grande Tijuca

Uma delas, no Maracanã, tinha sido reformada por R$ 200 mil em 2011

Prefeitura já começou a fechar a Praça Niterói, na Avenida Professor Manoel de Abreu, para desvio de rio
Foto: Domingos Peixoto / O Globo

Prefeitura já começou a fechar a Praça Niterói, na Avenida Professor Manoel de Abreu, para desvio de rioDomingos Peixoto / O Globo

RIO — As obras de construção de cinco piscinões e de um desvio dos rios Joana e Maracanã para conter as enchentes na região da Tijuca deixará o bairro sem duas praças por pelo menos um ano. A prefeitura já começou a fechar a Praça Niterói, na Avenida Professor Manoel de Abreu, e o mesmo deverá acontecer com a Praça Varnhagem, ao lado da Avenida Maracanã, na semana que vem. Essas áreas de lazer serão usadas como canteiros da construção de dois dos reservatórios. Após as obras, as praças serão devolvidas à população reurbanizadas. Mas, até lá, é possível que parte das árvores — cerca de 70, a maioria de médio e grande porte — tenha que ser removida para abrir espaço ao maquinário e operários. Orçadas em R$ 292 milhões, as obras visam a conter os alagamentos no entorno do Maracanã e têm que ficar prontas até o primeiro semestre de 2014.
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Na Praça Niterói, operários da empreiteira OAS já começaram a retirar os brinquedos e os equipamentos esportivos. O espaço está cercado por uma tela plástica, mas deverá receber um gradeamento reforçado, uma vez que a área terá circulação de maquinário pesado. O reservatório terá 25 metros de profundidade e capacidade para 75 milhões de litros d’água (o equivalente a 75 mil caixas d´água de mil litros) e está destinado a receber o excedente do Rio Joana, que transborda em chuvas muito fortes. Já na Varnhagem, será construído um piscinão de 45 milhões de litros, para captar as águas do Rio Maracanã.
Moradores da região se dividem quanto ao impacto da obra. Enquanto defendem as intervenções, uma demanda antiga da população, eles reclamam da necessidade de fechamento simultâneo das duas áreas de lazer. Na Varnhagem, o receio é que as obras causem impacto nos restaurantes e bares da área, conhecido polo gastronômico da região. Já na Niterói, moradores destacam que a área foi reformada em julho de 2011.
— Moro numa vila perto da Praça Niterói há 25 anos. Quando chove forte, o Rio Joana alaga tudo. Os carros ficam com água no meio das portas. Por esse lado, a obra é boa. Mas o lado ruim é que a praça foi reformada recentemente. Era abandonada e ninguém usava. Quando a população se acostumou de novo ao espaço, ele será fechado. Foi dinheiro jogado fora — reclama Renata Augusta Tavares da Silva, que trabalha com transporte de turismo.
A analista de sistemas Daniele Fernandes, que na quarta-feira passeava com a filha de 5 meses na Praça Varnhagem, também fica dividida sobre como encarar as obras:
— Se for para resolver as enchentes, a gente aguenta. Mas poderiam ter planejado melhor, para não fechar as duas praças ao mesmo tempo.
O secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, argumenta que a decisão de construir o reservatório na Praça Niterói foi tomada no fim do ano passado, mais de um ano depois da reforma, porque a prefeitura encontrou dificuldades na desapropriação do estacionamento de um supermercado no Boulevard 28 de Setembro, local original do piscinão. A empresa teria pedido R$ 20 milhões pelo terreno, valor de desapropriação considerado alto demais pelo poder público.
— Foi pesado o custo-benefício. A reforma da praça custou cerca de R$ 200 mil — diz Alexandre Pinto.
De acordo com o chefe de gabinete da Fundação Rio Águas, Paulo Fonseca, as árvores que puderem ser transplantadas serão levadas para um horto florestal. As demais serão repostas após as obras. A Rio Águas informou ainda não saber quantos espécimes serão retirados. O destino das árvores, diz ele, está sendo decidido em conjunto com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
— A regra é manter o que puder ser mantido, transplantar o máximo possível e só remover o que não tiver jeito. Mas depois colocaremos outras árvores — diz Paulo Fonseca.
Perto do Maracanã, outra frente de obra do projeto já ganha visibilidade. Na Avenida Professor Manoel de Abreu, operários da construtora Mendes Júnior abrem uma imensa galeria de desvio do Rio Joana, que margeia o estádio naquele ponto. Com seis metros de largura e 4,5 metros de altura, a nova galeria constrasta com o estreito leito do rio.
Com 4,2 mil metros de extensão, o desvio começa na Rua Felipe Camarão, na Tijuca, onde será implantada uma galeria para permitir o deslocamento de parte da água do Rio Maracanã para o Rio Joana. Os reservatórios nas praças do bairro ficam nas duas pontas dessa rua e ajudarão a equilibrar a vazão durante as chuvas, segundo a prefeitura. O desvio seguirá então pela Avenida Professor Manoel de Abreu, onde o leito do Rio Joana será reforçado. Já ao lado do Maracanã, parte da vazão do rio será desviada para a nova galeria que está sendo construída. A partir dali, o desvio segue em túnel passando sob a Avenida Radial Oeste, os ramais de trem e metrô no Maracanã, parte dos Morros da Mangueira e São Cristóvão, até desaguar na Baía de Guanabara por uma galeria subterrânea na Rua São Cristóvão, na Zona Portuária, ao lado do terreno do gasômetro.
— Hoje, quanto chove forte e o Rio Maracanã transborda, o escoamento natural das águas é pela Rua Felipe Camarão. Esse escoamento acontece de forma desordenada, pela superfície da rua, alagando tudo. Com a galeria de desvio e os reservatórios, a gente quer disciplinar o que acontece hoje — explica Paulo Fonseca.
O projeto prevê que, com o desvio e os reservatórios, seja possível desviar um terço das águas que chegam no Canal do Mangue em dias de chuva forte. Hoje, os rios Joana e Maracanã se unem nas imediações dos ramais de trem da SuperVia e desaguam no Canal do Mangue. Com as obras, parte das águas dos rios Joana e Maracanã desaguarão diretamente na Baía de Guanabara.

Fonte: O Globo

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