segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

JBS: recomendação mantida após venda de carne de cavalo

Preferência. Fabrício Freitas, da Humaitá Investimentos, aposta em ações da Minerva pelo foco em carne bovina Foto: Eliaria Andrade / Marcos Alves
Preferência. Fabrício Freitas, da Humaitá Investimentos, aposta em ações da Minerva pelo foco em carne bovinaEliaria Andrade / Marcos Alves
RIO — Ações do frigorífico JBS permanecem recomendadas como opção de investimento por analistas de bancos e corretoras, mesmo depois da confirmação de que o grupo revendeu carne de cavalo — adquirida de um fornecedor alemão — para a Nestlé na Europa. Segundo analistas entrevistados pelo GLOBO, embora a notícia tenha derrubado as cotações nos últimos dias e possa atrapalhar a curto prazo, não deve afetar as vendas da empresa. O contrato rendeu US$ 1,2 milhão nos últimos 12 meses. Nenhum tipo de fornecimento a cliente europeu foi cancelado e vai ser feito agora com produção própria.
— Investidores ficaram com medo e venderam ações da JBS, que caíram mais do que o esperado. A notícia não é boa, mas leva tempo para entenderem que, na realidade, não vai ter nenhum efeito para a empresa. Seria um problema somente se as pessoas parassem de comer carne por um tempo, até o problema ser resolvido — disse o analista americano Pedro Herrera, do HSBC.
Ele destaca que a queda de 7,95% das ações ocorreu em uma semana negativa de turbulência no Ibovespa, que recuou 2,08% no período, com investidores fugindo de ações brasileiras em preferência a outros mercados. Outra notícia que atrapalhou a performance da JBS foi a divulgação de que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vai investigar aquisições feitas pela empresa no segmento de carne bovina. Ainda assim, Herrera vê potencial de valorização para os papéis em 2013, com recuperação das margens de lucro e alívio do endividamento. Por isso, recomenda a compra.
Outra ação do setor que enfrentou turbulência foi a BRF(ex-Brasil Foods), pela apreensão do mercado com a saída de Nildemar Secches da presidência do Conselho de Administração da empresa. Previ e Tarpon, dois acionistas relevantes na companhia, articulam a entrada do empresário Abilio Diniz na presidência do conselho, algo que pode enfrentar resistência de outros sócios e só deve ser resolvido em abril. Ainda assim, o BTG Pactual prefere o papel como investimento de longo prazo no setor. Essa escolha é motivada pela redução dos estoques de importadores e especialmente pela melhora das margens de lucro na venda de frango. Mas até que as mudanças no comando da companhia sejam esclarecidas, o BTG reconhece que pode haver volatilidade nos papéis.
"Apesar de enxergarmos riscos para a performance de BRF a curto prazo, especialmente se alterações no conselho culminarem em nova administração sênior e uma estratégia diferente, nossa visão de longo prazo é no geral positiva", escreveu o analista Thiago Duarte em relatório a clientes.
Mesmo com menor valor de mercado e volume de negócios na Bolsa, o frigorífico Minerva também concentra recomendações de compras de Itaú e HSBC e é o preferido da gestora Humaitá Investimentos. O papel acumula alta de 110,57% nos últimos 12 meses. Mas a exposição maior ao mercado de carne bovina e a reestruturação da dívida são considerados gatilhos de valorização.
— Minerva sobe muito em função do momento favorável de custo do boi, que caiu 7% em 12 meses até janeiro. É também o frigorífico mais focado no pequeno varejista, o que facilita o reajuste de preços — disse o analista Fabrício Freitas, da Humaitá.
Marfrig está com recomendação neutra pelo HSBC e BTG. Ou seja, para os bancos, quem não tem deve ficar fora e quem já possui as ações deve esperar. O grau de endividamento da empresa preocupa e mesmo uma nova capitalização para aliviar a dívida, com emissão de ações ou venda de participação societária, é considerada negativa, porque pode diluir a participação de minoritários. Mas o Itaú continua recomendando o papel mesmo antecipando resultados fracos no quarto trimestre. Segundo o banco, "o setor de carne bovina da Marfrig deve provavelmente demonstrar uma melhora contínua na lucratividade com boas exportações e sólidas vendas domésticas", diz o relatório do banco enviado a clientes.
Custos em queda
Mesmo com divergências, o setor de frigoríficos continua um dos mais recomendados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Basicamente pela queda nos preços do boi no Brasil e pelo alívio nos custos de grãos no mercado nacional. Esses dois fatores ajudam a aumentar o lucro nas vendas de frango.
— O cenário está mais favorável do que em 2012. O preço do boi gordo está caindo e deve continuar favorável nos próximos dois anos— disse Marianna Waltz, da agência de rating Moody’s.

Fonte: O Globo

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