sexta-feira, 15 de abril de 2016

Idosa cadeirante, de 92 anos, enfrenta via crúcis para se deslocar de BRT no Rio

Dona Odete precisou ser carregada Foto: Foto de leitor
Ao sair de casa, nesta quinta-feira, com a mãe de 92 anos na cadeira de rodas, Sérgio Ricardo Cantalice, de 51, não imaginava que experimentaria na pele todo o desrespeito de uma cidade que não é preparada para quem é idoso ou deficiente. Morador de Cascadura, ele foi até a estação de BRT Paulo da Portela, em Madureira, para levar dona Odete Cantalice ao banco, em Vicente de Carvalho. O elevador quebrado foi o primeiro obstáculo.
— Tinha que pegar o ônibus na plataforma de cima, mas os elevadores estavam quebrados. O funcionário da segurança disse que eu teria que pegar um até a Praça Seca e depois outro voltando para Vicente de Carvalho. No caminho, também tive problemas com os motoristas. Eles sempre param longe da plataforma, é quase impossível descer e subir com a cadeira de rodas — afirma.
Na volta para casa, mãe e filho chegaram a Madureira e não tinham como descer da plataforma para a rua. Sérgio precisou pegar a dona Odete no colo para usar as escadas. Como não teve ajuda dos funcionários, a deixou sentada no degrau para buscar a cadeira de rodas.
— O funcionário disse que os elevadores estão desligados porque os estudantes insistem em usá-los, contra as regras. Estou com bursite no ombro esquerdo, quase não consigo carregar peso. Foi horrível. Uma falta de respeito absurda. Não tem rampa. Depois disso, minha mãe passou mal a noite toda.
No fim deste mês, ele precisará levar a mãe de novo ao banco.
— Não quero nem pensar como vai ser. Não tenho dinheiro para pagar um táxi. Ela tem alzheimer, tudo é muito difícil. E o BRT não facilita as coisas.
Em nota, o BRT pede desculpa pelas condutas dos funcionários mencionados e informa que o elevador da estação Paulo da Portela ainda não foi colocado em operação, e ressaltou que as estações da região de Madureira têm três elevadores, apesar de apenas um deles ter sido colocado para atender os passageiros. Leia a nota do BRT na íntegra:
“O Consórcio informa que o elevador mencionado ainda não foi colocado em operação pelo BRT, portanto, a informação de que o equipamento estaria “quebrado” não procede. Sobre o fato do passageiro ter ido para a Estação Praça Seca e depois voltado, para chegar à Estação Vicente de Carvalho, é importante esclarecer que o trajeto poderia ter sido feito de outra maneira. O usuário deveria ter pegado um articulado (serviço parador) até a Estação Campinho, que é a seguinte após a estação Madureira, e de lá embarcado num ônibus ( serviço expresso) até a Estação Vicente de Carvalho.
É importante lembrar que as estações da região de Madureira têm três elevadores: 1) um fica no Terminal Paulo da Portela e leva até a Estação Manaceia; 2) um está localizado no mezanino da Mananeia e dá acesso à Supervia e 3) um que fica na Estação Manaceia e dá acesso a uma rua. No entanto, apenas o número 2 ( o que fica no mezanino da Manaceia e dá acesso à Supervia) foi colocado para atender os passageiros.
O Consórcio informa também que o elevador mencionado no segundo parágrafo ficou quebrado na parte da manhã de ontem. Uma equipe de manutenção chegou ao local 13h45 e permaneceu até 15h30, quando liberou o equipamento para funcionamento. Já sobre a conduta do controlador de acesso, o BRT pede desculpas e reitera também que a postura dele não condiz com a política de atendimento aos nossos clientes. Ele será chamado para esclarecimento.
No que diz respeito aos motoristas, está também não é a prática adequada e de orientação do BRT. Pedimos também desculpas. De toda forma, é importante informar ao leitor que existe uma rampa em todos os articulados na primeira porta. Ela pode ser acionada pelo próprio acompanhante e permite que o cadeirante entre no ônibus de maneira adequada”.
Fonte: Extra 
Marina Navarro Lins


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