RIO - O que começou como uma manifestação pacífica, que reuniu 100 mil pessoas no Centro do Rio, terminou em pancadaria depois que um grupo se dispersou e invadiu o prédio da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), na Avenida Primeiro de Março. O local, que foi atacado por pedras, garrafas e placas de sinalização, amanheceu marcado pelo rastro de destruição. Estabelecimentos comerciais e agências bancárias totalmente destruídos, prédios públicos depredados e carros incendiados. Na manhã desta terça-feira, a segurança foi reforçada nas escadarias da Alerj por duas guarnições do Batalhão de Choque. Veja as imagens da pancadaria e a reação da PM
Funcionários da Comlurb trabalharam durante toda a madrugada para limpar o local. No Paço Imperial, as paredes estão sendo lavadas. A estátua de Tiradentes já foi lavada, mas os refletores que ficam no pedestal foram destruídos. Funcionário da Secretaria municipal de Conservação e Serviços Públicos já estão fazendo reparos nas calçadas, onde as pedras portuguesas foram arrancadas para serem usadas como arma contra os policiais. Um caminhão reboque da Comlurb está retirando dois veículos que foram queimados na Rua São José.
Na manhã desta terça-feira, o deputado Paulo Melo (PMDB/RJ), presidente da Alerj, percorre o prédio da assembleia para ver os estragos. A sala da liderança do PMDB foi totalmente destruída. O grupo que se dispersou da manifestação usou até uma máquina de cartão de crédito para quebrar as vidraças, além de pedras portuguesas. Várias latas de tinta spray estão na sala e também garrafas que forma usadas para confecção de coquitel molotov.
- É preciso seprar o joio do trigo. O joio estava aqui e o trigo na Rio Branco - disse o presidente da Alerj.
Já o governador Sérgio Cabral, que ainda não se pronunciou, cancelou um evento que aconteceria no Palácio Guanabara. Segundo o Núcleo de Imprensa do governo. O Governador não terá agenda pública nesta teça-feira.
A confusão começou na noite da segunda-feira, por volta das 19h, depois que um grupo de pessoas se destacou da multidão que tomava a Rio Branco e foi até o Palácio Tiradentes. Os manifestantes começaram a confusão generalizada, mirando fogos de artifício nos cerca de 50 policias que faziam um cordão de isolamento em frente ao prédio. Com pedradas e pancadaria, os manifestantes partiram para cima dos policiais, que revidaram com balas de borracha e gás lacrimogêneo.
Alguns policiais, no entanto, chegaram a disparar tiros de fuzil para o alto como forma de tentar dispersar a multidão. Pelo menos vinte policiais se feriram e os que restaram, acuados, se trancaram no Palácio Tiradentes junto a funcionários. O prédio da Alerj ficou sitiado. Os manifestantes colocaram fogo em carros próximos e usaram grades para quebrar portas e janelas.
Lojas próximas foram saqueadas pelos vândalos, que chegaram a queimar alguns estabelecimentos. Caixas eletrônicos de bancos foram destruídos. Cadeiras, computadores e mobiliário saqueado de imóveis em volta se transformaram em fogueiras. Logo depois a multidão tomou a Rua Primeiro de Março, sem a presença da polícia. Aos muros da Alerj e do Paço Imperial sobraram pichações.
Há 40 anos funcionando na esquina da Rua São José com a Avenida Presidente Antônio Carlos, no Centro do Rio, o Bar e Restaurante Ao Vivo amanheceu com as portas fechadas nesta terça-feira. Motivo: o local foi destruído durante a manifestação ocorrida na noite desta terça. Gerente do local, Nataniel da Silva, de 59 anos, contou que por volta das 22h um grupo de cerca de cem pessoas invadiu o comércio. Armados com paus e pedras, eles começaram a quebrar tudo o que viam pela frente. Extintores foram retirados da parede para servir como instrumentos do quebra-quebra.
- Não deixaram ninguém sair. Ameaçaram os funcionários, dizendo: 'Sem reagir, será pior'. Destruíram tudo. Foi perda total. Um prejuízo incalculável - disse Nataniel.
Rodrigo Barbosa, diretor da loja Menon Central de Impressões, disse ter passado momentos de pânico na noite da terça-feira. Ele e mais três funcionários estavam dentro da loja quando os manifestantes tentaram entrar no local. Alguns conseguiram entrar e destruíram parte do interior do comércio. Rodrigo disse que ainda não avaliou o tamanho do prejuízo. Revoltado, ele reclamou da falta de policiamento:
- Quero saber quem vai pagar essa conta. Uma outra pergunta que faço agora é por que o efetivo do Batalhão de Choque só chegou às 23h19m, quando já estava tudo destruído? Por que eles não estavam aqui às 20h? Neste horário, só tinha um grupo de 15 a 20 policiais que não conseguiu controlar os manifestantes e acabou encurralado na agência do banco Itau
A situação só foi normalizada com a chegada do Batalhão de Choque, às 22h30. Um coquete molotov chegou a ser arremessado dentro da sala da reunião do líder do PMDB, no segundo andar. Janelas do Salão Nobre e de corredores também foram danificadas.
— Ficamos totalmente ilhados dentro do prédio. Funcionários da segurança e da limpeza, com o auxílio de PMs, tentaram trancar as portas, mas eles jogavam muitas pedras. Conseguimos controlar o incêndio. Os policiais foram encurralados e apanharam dos manifestantes. Trabalho na Alerj há 23 anos, sendo oito como diretora de segurança, e nunca presenciei uma situação como essa. Já tivemos manifestações do Corpo de Bombeiro, de professores, mas nunca dessa forma. Vivemos um filme de terror — relatou a diretora de segurança da Alerj, Maria Cristina de Vilhena Castro.
Reclamações na delegacia
Após a chegada do Batalhão de Choque, os manifestantes saíram do entorno da Alerj. No total, 27 pessoas ficaram feridas, sendo 20 policiais e sete manifestantes. Três manifestantes foram baleados e tiveram que ser levados para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. Pelo menos 25 pessoas foram detidas. Na 5ª DP (Mem de Sá), manifestantes reclamaram da ação dos policiais do 5º BPM, que, segundo os relatos, fizeram disparos de pistola e fuzil. No início da madrugada, a chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Martha Rocha, esteve na delegacia, mas não quis comentar o caso.
Baleado na perna direita, o cinegrafista Leonardo Costa da Silva, 38 anos, esteve na delegacia depois de receber alta do Souza Aguiar. De acordo com ele, um policia militar, armado com uma pistola 9 mm, fez disparos a queima roupa contra ele.
— Eu não estava na invasão ao prédio da Alerj e fui baleado mesmo assim. Eles usaram armas letais contra os manifestantes. Vou processar o estado, pois poderia ter sido morto por eles — disse Leonardo.
Permanecem internados no hospital, Leandro Silva dos Santos, com um tiro na perna. A outra vítima na unidade, um jovem que não teve o nome revelado por familiares, levou um tiro no peito.
O estudante Matheus Mendes Costa, 21 anos, filho do diretor do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, foi um dos 25 detidos. De acordo com seu pai, o estudante estava parado, longe da confusão, quando foi levado para a viatura.
— O Rio de Paz não se envolve em atos de violência. Participamos da manifestação, que não teve violência no início e seguia tranquilamente. Fomos em direção à Alerj, mas quando percebemos que o clima estava ruim, nos afastamos. Meu filho estava ao meu lado e foi puxado por um policial. Abriram a mochila dele e acharam um cartaz e por isso ele foi preso. Tentei explicar isso ao policial, mas ele não me ouviu — relatou Antônio Carlos.
Volta ao trabalho
No início da manhã desta terça-feira, os trabalhadores começaram a chegar aos estabelecimentos comerciais. O proprietário de um restaurante na Rua Primeiro de Março, que não quis revelar o seu nome, disse que chegou no momento exato em que o grupo tentava invadir o estabelecimento comercial, na noite de segunda-feira. Apesar de ter conseguido afastar as pessoas, ele calcula que teve um prejuízo de aproximadamente R$ 80 mil.
— Vi que os manifestantes estavam quebrando tudo nas ruas e corri para proteger o meu restaurante. Quando cheguei, um homem estava com um coquetel molotov e disse que jogaria dentro do estabelecimento. O enfrentei e ele desistiu, saindo correndo. É um ato covarde o que eles fizeram. Não temos nada contra eles. Agora, fiquei no prejuízo, pois fachada do restaurante foi toda quebrada — contou o comerciante.
O gerente da loja Bagaggio, que foi destruída pelos manifestantes, contou que o prejuízo deve girar em torno de R$ 30 mil. Segundo ele, aproximadamente 300 produtos foram saqueados entre bolsas, carteiras e perfumes.
Na manhã desta terça-feira, o deputado Paulo Melo (PMDB/RJ), presidente da Alerj, percorre o prédio da assembleia para ver os estragos. A sala da liderança do PMDB foi totalmente destruída. O grupo que se dispersou da manifestação usou até uma máquina de cartão de crédito para quebrar as vidraças, além de pedras portuguesas. Várias latas de tinta spray estão na sala e também garrafas que forma usadas para confecção de coquitel molotov.
- É preciso seprar o joio do trigo. O joio estava aqui e o trigo na Rio Branco - disse o presidente da Alerj.
Já o governador Sérgio Cabral, que ainda não se pronunciou, cancelou um evento que aconteceria no Palácio Guanabara. Segundo o Núcleo de Imprensa do governo. O Governador não terá agenda pública nesta teça-feira.
A confusão começou na noite da segunda-feira, por volta das 19h, depois que um grupo de pessoas se destacou da multidão que tomava a Rio Branco e foi até o Palácio Tiradentes. Os manifestantes começaram a confusão generalizada, mirando fogos de artifício nos cerca de 50 policias que faziam um cordão de isolamento em frente ao prédio. Com pedradas e pancadaria, os manifestantes partiram para cima dos policiais, que revidaram com balas de borracha e gás lacrimogêneo.
Alguns policiais, no entanto, chegaram a disparar tiros de fuzil para o alto como forma de tentar dispersar a multidão. Pelo menos vinte policiais se feriram e os que restaram, acuados, se trancaram no Palácio Tiradentes junto a funcionários. O prédio da Alerj ficou sitiado. Os manifestantes colocaram fogo em carros próximos e usaram grades para quebrar portas e janelas.
Lojas próximas foram saqueadas pelos vândalos, que chegaram a queimar alguns estabelecimentos. Caixas eletrônicos de bancos foram destruídos. Cadeiras, computadores e mobiliário saqueado de imóveis em volta se transformaram em fogueiras. Logo depois a multidão tomou a Rua Primeiro de Março, sem a presença da polícia. Aos muros da Alerj e do Paço Imperial sobraram pichações.
Há 40 anos funcionando na esquina da Rua São José com a Avenida Presidente Antônio Carlos, no Centro do Rio, o Bar e Restaurante Ao Vivo amanheceu com as portas fechadas nesta terça-feira. Motivo: o local foi destruído durante a manifestação ocorrida na noite desta terça. Gerente do local, Nataniel da Silva, de 59 anos, contou que por volta das 22h um grupo de cerca de cem pessoas invadiu o comércio. Armados com paus e pedras, eles começaram a quebrar tudo o que viam pela frente. Extintores foram retirados da parede para servir como instrumentos do quebra-quebra.
- Não deixaram ninguém sair. Ameaçaram os funcionários, dizendo: 'Sem reagir, será pior'. Destruíram tudo. Foi perda total. Um prejuízo incalculável - disse Nataniel.
Rodrigo Barbosa, diretor da loja Menon Central de Impressões, disse ter passado momentos de pânico na noite da terça-feira. Ele e mais três funcionários estavam dentro da loja quando os manifestantes tentaram entrar no local. Alguns conseguiram entrar e destruíram parte do interior do comércio. Rodrigo disse que ainda não avaliou o tamanho do prejuízo. Revoltado, ele reclamou da falta de policiamento:
- Quero saber quem vai pagar essa conta. Uma outra pergunta que faço agora é por que o efetivo do Batalhão de Choque só chegou às 23h19m, quando já estava tudo destruído? Por que eles não estavam aqui às 20h? Neste horário, só tinha um grupo de 15 a 20 policiais que não conseguiu controlar os manifestantes e acabou encurralado na agência do banco Itau
A situação só foi normalizada com a chegada do Batalhão de Choque, às 22h30. Um coquete molotov chegou a ser arremessado dentro da sala da reunião do líder do PMDB, no segundo andar. Janelas do Salão Nobre e de corredores também foram danificadas.
— Ficamos totalmente ilhados dentro do prédio. Funcionários da segurança e da limpeza, com o auxílio de PMs, tentaram trancar as portas, mas eles jogavam muitas pedras. Conseguimos controlar o incêndio. Os policiais foram encurralados e apanharam dos manifestantes. Trabalho na Alerj há 23 anos, sendo oito como diretora de segurança, e nunca presenciei uma situação como essa. Já tivemos manifestações do Corpo de Bombeiro, de professores, mas nunca dessa forma. Vivemos um filme de terror — relatou a diretora de segurança da Alerj, Maria Cristina de Vilhena Castro.
Reclamações na delegacia
Após a chegada do Batalhão de Choque, os manifestantes saíram do entorno da Alerj. No total, 27 pessoas ficaram feridas, sendo 20 policiais e sete manifestantes. Três manifestantes foram baleados e tiveram que ser levados para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. Pelo menos 25 pessoas foram detidas. Na 5ª DP (Mem de Sá), manifestantes reclamaram da ação dos policiais do 5º BPM, que, segundo os relatos, fizeram disparos de pistola e fuzil. No início da madrugada, a chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Martha Rocha, esteve na delegacia, mas não quis comentar o caso.
Baleado na perna direita, o cinegrafista Leonardo Costa da Silva, 38 anos, esteve na delegacia depois de receber alta do Souza Aguiar. De acordo com ele, um policia militar, armado com uma pistola 9 mm, fez disparos a queima roupa contra ele.
— Eu não estava na invasão ao prédio da Alerj e fui baleado mesmo assim. Eles usaram armas letais contra os manifestantes. Vou processar o estado, pois poderia ter sido morto por eles — disse Leonardo.
Permanecem internados no hospital, Leandro Silva dos Santos, com um tiro na perna. A outra vítima na unidade, um jovem que não teve o nome revelado por familiares, levou um tiro no peito.
O estudante Matheus Mendes Costa, 21 anos, filho do diretor do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, foi um dos 25 detidos. De acordo com seu pai, o estudante estava parado, longe da confusão, quando foi levado para a viatura.
— O Rio de Paz não se envolve em atos de violência. Participamos da manifestação, que não teve violência no início e seguia tranquilamente. Fomos em direção à Alerj, mas quando percebemos que o clima estava ruim, nos afastamos. Meu filho estava ao meu lado e foi puxado por um policial. Abriram a mochila dele e acharam um cartaz e por isso ele foi preso. Tentei explicar isso ao policial, mas ele não me ouviu — relatou Antônio Carlos.
Volta ao trabalho
No início da manhã desta terça-feira, os trabalhadores começaram a chegar aos estabelecimentos comerciais. O proprietário de um restaurante na Rua Primeiro de Março, que não quis revelar o seu nome, disse que chegou no momento exato em que o grupo tentava invadir o estabelecimento comercial, na noite de segunda-feira. Apesar de ter conseguido afastar as pessoas, ele calcula que teve um prejuízo de aproximadamente R$ 80 mil.
— Vi que os manifestantes estavam quebrando tudo nas ruas e corri para proteger o meu restaurante. Quando cheguei, um homem estava com um coquetel molotov e disse que jogaria dentro do estabelecimento. O enfrentei e ele desistiu, saindo correndo. É um ato covarde o que eles fizeram. Não temos nada contra eles. Agora, fiquei no prejuízo, pois fachada do restaurante foi toda quebrada — contou o comerciante.
O gerente da loja Bagaggio, que foi destruída pelos manifestantes, contou que o prejuízo deve girar em torno de R$ 30 mil. Segundo ele, aproximadamente 300 produtos foram saqueados entre bolsas, carteiras e perfumes.
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