sexta-feira, 21 de junho de 2013

Medo de violência deixa centenas de alunos ‘sitiados’ em prédios da UFRJ

Manifestação que começou pacífica terminou em confrontos no Centro do Rio


Estudantes deixam o IFCS acompanhados por advogados
Foto: Eduardo Naddar / Agência O Globo
Estudantes deixam o IFCS acompanhados por advogados Eduardo Naddar / Agência O Globo
RIO - A reação da PM aos ataques no Centro desencadeou uma onda de pânico e denúncias de violência policial. Cerca de 300 pessoas no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, no Largo de São Francisco, e outras 400, na Faculdade de Direito da federal, na Praça da República, resolveram ficar fechadas dentro das instituições. Pelas redes sociais, diziam estar cercadas pela PM, mas a informação não foi confirmada oficialmente. Em seu twitter oficial, a Polícia Militar usou a hashtag #éboato para dizer que nenhum aluno foi preso.


Ao longo da semana, foi espalhado pelas redes sociais que as pessoas que participassem do protesto poderiam encontrar abrigo nos dois locais. Na noite desta quinta-feira, seguindo orientação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), alunos e manifestantes não deixaram o lugar à noite porque, segundo os alunos, a polícia estava fazendo prisões arbitrárias.
O estudante Kenzo Soares, do DCE da UFRJ, disse que os alunos foram obrigados a ficar dentro do prédio do IFCS depois de terem sido ameaçados e agredidos por um grupo que também participava da manifestação. A agressão aconteceu perto do prédio da prefeitura.
— Eles estavam como uma torcida organizada, com camisas no rosto e nos ameaçando com paus e pedras. Alguns dos nossos sofreram ferimentos leves e ficaram com hematomas. Um grupo de médicos voluntários nos atendeu e ficamos bem. No entanto, viemos para o prédio porque não nos sentimos seguros de estar nas ruas por conta dos excessos que estão acontecendo por aqui — disse Kenzo, afirmando que o diretor da unidade também estava no local.
Segundo a professora Priscilla Figueiredo, 35, professora do Colégio de Aplicação da Uerj, que buscou abrigo na FND, cerca de 100 alunos estavam no local:
- A polícia sabe que não pode entrar aqui, e por isso nos sentimos segurança aqui dentro. O nosso problema é sair daqui e ser preso na esquina, pois estão ocorrendo prisões no Centro de maneira absurda. A gente não consegue ir para casa, porque estamos com medo da polícia. Somos estudantes de direito. Onde está o nosso direito de ir e vir? A polícia que é o órgão que deveria nos proteger é o que nos oferece ameaça. A nossa família está tensa. Estamos com problema da bateria, sem comida, só com água e banheiro. Não sou estudante, sai daqui em 2000, mas procurei o abrigo - contou a professora.
Pelo Facebook, a aluna do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Mariana Giusburg, postou, por volta de 22h30m, o seguinte: "Me sentindo como um rato. Encurralada como um bicho, como criminosa. Que país é este em que posso ser presa por apenas andar na rua. Que repressão e ditadura! Democracia...que piada. Desligaram as câmeras das ruas Centro da cidade. O Bope, a cavalaria e o Batalhão de Choque estão aí para massacrar. Estou presa no IFCS há duas horas porque, caso eu saia, serei presa sem motivo. Apenas por andar na rua. PS: Um belo obrigada pela organização dos estudantes do IFCS e agregados. Vamos que vamos contra a repressão do governo que deveria conosco. Um absurdo!".
Por volta da 0h30m, cerca de 250 estudantes saíram da Faculdade de Direito, acompanhados por advogados. A reitoria da UFRJ informou, por nota, que estava acompanhando a situação do grupo. Também estavam nas duas instituições estudantes da UFF, Uerj e Cefet, que haviam participado do protesto no Centro. “Estamos confiantes na preservação da integridade e autonomia dos espaços universitários, bem como na integridade física de todos”. À noite, a Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, foi fechada, e havia relatos de que as pessoas haviam sido reprimidas com violência. O mesmo teria ocorrido na Lapa.
"Nós, da UFRJ, estamos confiantes na preservação da integridade e autonomia dos espaços universitários, bem como na integridade física de todos os que ali se encontram. A UFRJ vai continuar acompanhando a participação de seus estudantes nas manifestações legítimas, preocupada sempre com sua segurança, que deve ser garantida em nosso país, em sua democracia duramente conquistada", diz trecho da nota.

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Fonte: O Globo

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