quinta-feira, 20 de junho de 2013

Brasileiros dizem por que vão protestar nesta quinta-feira

 Com redução das tarifas de ônibus, manifestantes afirmam agora que é hora de lutar pela qualidade

Manifestantes protestam na Praça Araribóia, em Niterói Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
Brasileiros dizem por que vão protestar Com redução das tarifas de ônibus, manifestantes afirmam agora que é hora de lutar pela qualidade de vida da população
Vídeo Por que você vai ao protesto no Rio?
Vídeo Por que você vai aos protestos em São Paulo?

RIO — Brasileiros de várias cidades e idades foram às ruas nos últimos dias protestar contra o aumento das passagens de ônibus. Em vários municípios, inclusive Rio e São Paulo, foi anunciada nesta quarta-feira a revogação do reajuste do transporte público. Com uma batalha vencida, os manifestantes continuam a guerra, agora com reivindicações das mais variadas.
Hoje, em um movimento que acontecerá simultaneamente em dezenas de cidades do país, os manifestantes vão levantar novas bandeiras pelas quais vão lutar e mostrar se têm fôlego para continuar os atos a partir de agora.
O GLOBO perguntou a quem vai hoje às ruas, naquela que pode ser a maior manifestação até o momento, quais são os “novos” motivos pelos quais as pessoas vão protestar em suas cidades.
Os atos de hoje contarão com os brasileiros indignados com o poder público e a corrupção nas três esferas de governo, mas haverá até mesmo turistas “infiltrados”, interessados em descobrir por que um país que cresceu economicamente nos últimos anos está tomando, desde a semana passada, as principais ruas das grandes cidades.
Se o preço das passagens no transporte público foi reduzida em algumas cidades graças à pressão popular, a nova busca passa a ser pela qualidade do serviço precário, dizem aqueles que vão comparecer às manifestações de hoje. As demandas também incluem saúde e educação.
Por que vou ao protesto?
Helen Guerra, 29 anos, analista jurídica (São Paulo). “Vou participar. A minha causa, além dos R$ 3,20, é a máfia que existe por trás do exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Fazem uma prova que não é justa, não avalia o conhecimento. Fazem uma prova para prejudicar o candidato e virar um círculo vicioso. Na última prova tinha enunciado que o candidato não conseguia decifrar”.
Rafael Henrique Scofield, 19 anos, estudante (São Paulo). “Vou participar sim. Já participei a semana passada inteira, só ontem não. Acho que o povo está lutando por nossos direitos. Não é só R$ 3,20, nunca foi. Quando a violência aconteceu, o povo quis mostrar que estava vivo. Acho isso maravilhoso. Espero que o povo não pare enquanto o Brasil não mudar”.
Rayana Nascimento, 21 anos, estudante (Recife). “Vou à rua por melhorias no transporte público, na saúde e na educação. Antes, ia só para protestar pela tarifa, que é muito cara. O governador já reduziu em dez centavos o valor, mesmo assim a qualidade dos coletivos deixa muito a desejar. A luta vai mais longe. Aqui no Recife há UPAs, mas não adianta prédio bonito se faltam leitos e médicos”.
Danielle Baeta, 34 anos, professora de dança (Rio). “Vou à passeata porque a gente tem que acabar com a corrupção agora. Acho que a grande base do que está acontecendo aqui é que estamos crescendo sem desenvolvimento sustentável nenhum. Eu vou à passeata para acabar com esse absurdo que são as filas de pessoas morrendo nos hospitais”.
Júlio Padilha, 25 anos, auxiliar administrativo (Rio). “Vou à passeata levado pela indignação. Vou guiado pelas palavras da minha avó, que dizia: ‘o povo que perde a capacidade de se indignar deixa de viver e passa a sobreviver’. Nos últimos dias, as pessoas estão provando que acordaram. Acho que a manifestação tem que tomar um corpo mais sério porque a gente não vai poder ficar saindo na rua o resto da vida”.
Monica Alonso, 55 anos, médica argentina (Rio). “Como argentina, me interessa saber como se manifestam as pessoas num país que nós consideramos que está muito melhor que a Argentina. Nos chama atenção que se manifestem, por mais que entendamos que a passagem é muito cara aqui. Temos a ideia de que o Brasil cresceu muito nos últimos anos”.
Rafael Figueiredo, 30 anos, estudante (Brasília). “Eu vou estar lá. (A onda de manifestações) Começou com um protesto contra tarifa de ônibus, mas a principal causa de estar aqui é a corrupção. Assisti ao primeiro jogo do Brasil ( na Copa das Confederações, no último fim de semana) sem a mínima vontade”, diz Rafael, que sempre participa dos tradicionais protestos anticorrupção no dia 7 de setembro.
Alice Holanda, 27 anos, atriz (Brasília). “Eu participo por causa da falta de respeito com que o governo trata a gente, a opinião pública e como trata um protesto gigante como esse. Eu quero tarifa zero ( para o transporte urbano)”, diz Alice, que ontem fez, durante o protesto na rodoviária do Plano Piloto, um cartaz com mensagem curta: “Vem pra rua. Tarifa Zero”.

Fonte: O Globo

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