RIO — Depois de sofrer com atos de vandalismo de grupos isolados durante a manifestação da noite de quinta-feira, o Centro do Rio amanheceu com postes caídos no chão, relógios, abrigos de ônibus e semáforos destruídos, além de vidraças quebradas de estabelecimentos comerciais e agência bancárias. Funcionários da prefeitura trabalham, desde o início da madrugada, na reconstrução dos equipamentos danificados. O maior problema são os sinais de trânsito e radares da Avenida Presidente Vargas, que foram parar no chão. O tráfego só foi totalmente liberado às 5h, mas ainda há problemas na sinalização.
Apesar de ter atingido outros pontos, o protesto se concentrou na avenida, no trecho entre a Candelária e o prédio da prefeitura. Desde os primeiros minutos desta sexta-feira, a Comlurb começou a fazer a limpeza de toda a área atingida pelos vândalos. Em dois pontos da Presidente Vargas, nas grades do Campo de Santana e do Rio Imagem, os garis arrancaram os cartazes que foram colocados pelos manifestantes, durante o ato que reuniu aproximadamente 300 mil pessoas. Por conta da agressividade dos grupo de vândalos, que derrubaram postes e quebraram lâmpadas, a área do Campo de Santana permanecia sem energia elétrica.Com o auxílio de carros e caminhões, os funcionários da prefeitura retiravam as estruturas de ferro de postes que sustentavam radares e também de abrigos de ônibus, que foram totalmente destruídos. Dos 28 radares do corredor BRS da Avenida Presidente Vargas, 26 foram danificados. Ao longo da via, moradores de rua aproveitavam para catar o material que estava espalhado pelo chão.
Funcionários da Comlurb usavam um pequeno trator para retirar os destroços de uma cabine da Polícia Militar, que ficava em frente à Central do Brasil, e foi incendiada durante as manifestações da noite desta quinta-feira. O grande número de pessoas que chega à Central do Brasil para seguir para o trabalh vê com perplexidade o cenário de destruição.
A recepcionista Luciana Silva, moradora de Duque de Caxias, enquanto tirava fotos da cabine queimada com o celular, afirmou ser favorável às manifestações, mas não ao vandalismo.
— Bandidos estão se aproveitando das manifestações para cometer vandalismo e roubar. Em Duque de Caxias, onde moro, haverá uma manifestação nesta sexta-feira e as pessoas já estão avisadas que isso também ocorrerá lá — lamentou Luciana.
O cozinheiro Juscelino Nascimento, morador de Piabetá, em Magé, descreveu com tristeza a destruição no Centro:
— Não é assim que vamos construir nada. Devemos nos manifestar, por exemplo, contra o aumento do custo de vida na cidade, mas de forma pacífica. Não podemos deixar que vândalos se aproveitem para fazer o que fizeram.
O rastro de destruição seguiu por outras ruas do Centro. Na Avenida Rio Branco, os vândalos quebraram vidraças de agências bancárias e de lojas e lanchonetes, além de pichar a fachada de outros estabelecimentos comerciais. Uma janela da estação Praça Onze do metrô foi quebrada com pedras.
Por volta de 2h, peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) realizavam a perícia técnica no Terreirão do Samba, que tem transmitido os jogos da Copa das Confederações. Os vândalos derrubaram as grades e invadiram a área, destruindo estandes de patrocinadores, além de danificar uma parte do palco principal, que transmitia os confrontos da competição. Também houve pichações, com frases agressivas sobre a realização do evento esportivo.
Em decorrência dos danos provocados nos sinais de trânsito da Avenida Presidente Vargas, a CET-Rio implantou um esquema especial e operação manual dos cruzamentos. Porém, de acordo com a CET-Rio, os motoristas devem ter atenção por conta de falhas nos semáforos da área. Agentes do órgão estão no local para organizar o trânsito.
Números da confusão
Durante a pancadaria e o confronto com a PM, 62 pessoas ficaram feridas e foram levadas para o Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro. Desses, cinco guardas municipais e um policial militar. Entre as vítimas, três foram atingidas por bolas de borracha. A maioria das vítimas foi liberada no final da noite.
Dez pessoas foram detidas e outras cinco acabaram presas em flagrante pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), por saque a lojas no Centro. Advogados da Comissão dos Direitos Humanos da OAB estiveram na 5ª DP (Mem de Sá) e na 18ª DP (Praça da Bandeira) para acompanhar o registro das ocorrências.
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Fonte: O Globo
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