terça-feira, 24 de abril de 2012

A vergonha nacional do festival Metal Open Air



Por em 22 abr 2012



A vergonha nacional do festival Metal Open Air
  A casa caiu. A expressão usada por João Gordo para definir o desastre de organização do festival Nordestino, foi o melhor que encontramos para o verdadeiro show de incompetência visto nos últimos dias, amplamente notificado pela mídia.
O festival, que pretendia ser o maior de todos os tempos no Brasil, estava previsto para acontecer entre sexta (20) e domingo (22) em São Luís, capital do Maranhão. O line up do festival tinha 40 bandas, aguardadas por um público de mais de 15 mil pessoas. A organização foi assinada pelas produtoras Negri Concerts e Lamparina Produções.
ENTENDA O CASO
Entre as bandas anunciadas, nomes respeitados como Anthrax, Blind Guardian, Venom, Megadeth e Rock N’ Roll All Stars, super grupo formado por Gene Simmons, que traria também o ator Charlie Sheen como mestre de cerimônias. Nomes importantes do heavy metal nacional, como Almah, Andre Mattos, Shaman e Hangar também estavam no line up.
A polêmica envolvendo o festival começou nove dias antes, com o cancelamento do show da banda Shadowside. Segundo a vocalista Dani Nolden, sua banda não recebeu cachê e passagens aéreas e sequer foi informada do horário em que iria subir ao palco, o que inviabilizou a participação.
Há poucas horas do evento, mais de 30 bandas cancelaram suas apresentações, alegando problemas parecidos. O Blind Guardian criticou duramente a organização: “Parece que a produção local não tem sido capaz de garantir a estrutura de um festival. No futuro, teremos mais cuidado ao confirmarmos os shows.”
A FALTA DE RESPEITO COM O PÚBLICO
Mas não foram só as bandas que enfrentaram problemas. O público, que compareceu ao Parque Independência em grande número, sofreu com as condições precárias da infraestrutura. No primeiro dia, não havia energia elétrica, água e comida. A praça de alimentação ainda estava desmontada.
Além disso, a área de camping anunciada no site oficial do evento era, na verdade, um estábulo. As reclamações ocuparam as redes sociais, o que gerou outra polêmica envolvendo Felipe Negri, proprietário da Negri Concerts, que respondeu às críticas com xingamentos.
A situação chamou a atenção das bandas, como a Rock N’ Roll All Stars, que manifestou preocupação com os fãs em nota oficial: “Estamos muito preocupados com a segurança de nossos fãs e dos artistas que já estão no festival. Ouvimos relatos de que o evento é perigoso e um desastre. Por favor, tenham cuidado”, pediu a banda.
A RESPOSTA DOS ORGANIZADORES
Como se não bastasse o desastre do evento, os produtores responsáveis pela organização começaram uma troca de acusações em público. O primeiro a falar foi Felipe Negri, da Negri Concerts, que jogou a responsabilidade para a Lamparina Produções, de Natanael Junior.
Segundo ele, em entrevista ao G1, sua produtora foi contratada somente para agenciar as bandas internacionais, com exceção do supergrupo Rock N’ Roll All Stars. Negri garantiu que todos os artistas foram pagos, mas desistiram de fazer os shows. “Essas bandas são minhas amigas”, disse.
O produtor ainda acusa Natanel Junior, da Lamparina Produções, de sequestro e agressão. Ele teria sido sequestrado, com sua esposa e dois funcionários, nas imediações do Parque da Independência, local do evento. Todos teriam sido levados para um local atrás dos palcos e depois liberados.
A Lamparina Produções nega a acusação. “Sobre a suposta agressão ao Sr. Felipe Negri, em nenhum momento isso aconteceu. Ele se recusou a colocar as bandas da noite de sábado, apesar de pagas. Além disso, quis retirar sua equipe técnica e se evadir do local. Foi sim exigida a sua presença e da respectiva equipe para a continuidade e segurança dos shows, em respeito ao público presente”, diz a nota oficial.
NOSSA OPINIÃO
Diante dos fatos expostos, acreditamos que ficou claro o amadorismo entre os próprios produtores. Realizar um evento deste porte, em local sem tradição na produção de grandes eventos (seria o primeiro grande festival no Maranhão), exige competência e grande organização.
Erros primários como o não pagamento de cachê e passagens aéreas, e a falta de estrutura essencial para o público (banheiros, água e comida), não podem ocorrer sob nenhuma circunstância. Faltou planejamento ao Metal Open Air mas, mais do que isso, faltou respeito com o público, grande vítima.
O comportamento da organização, que em nenhum momento assumiu o fracasso do festival, demonstra a falta de responsabilidade e comprometimento dos produtores, seja da Negri Concerts ou da Lamparina Produções. Em nenhum momento falaram, por exemplo, sobre como o público pode receber seu dinheiro de volta, já que o evento não aconteceu.
E agora, o que vão fazer esses “produtores”? Esperamos que não se escondam em outras razões sociais, sob outro CNPJ, e que a justiça seja feita para todos aqueles que foram lesados.
O cancelamento do festival não encerra o grande problema. A imagem do país foi manchada, e como disse a vocalista Dani Nolden, do Shadowside, deve demorar muito tempo até que o país volte a realizar eventos deste tipo.

Fonte: Ambiente Musical



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