quarta-feira, 25 de abril de 2012

Hospital em Belford Roxo é reinaugurado com obra inacabada e falta de médicos

Uma longa espera em vão

Rio - A população de Belford Roxo esperava ansiosa há mais de um ano pelo Hospital Municipal Jorge Júlio Costa dos Santos novinho em folha, com dois centros cirúrgicos e um setor de emergência cardiovascular. A promessa da prefeitura era de que, após um ano de obras com a emergência fechada, a unidade seria reinaugurada em dezembro. A data mudou para fevereiro, mas a entrega só ocorreu em março, com a reforma não concluída e falta de médicos.

“A gente chega aqui, não é atendido, mandam procurar as UPAs de Bom Pastor ou do Lote 15. Semana passada, cheguei ao hospital às 3h com minha filha, que estava com falta de ar, passando muito mal. Ficamos lá até 6h, até que o enfermeiro avisou que não tinha médico, era para procurar a UPA. É um descaso, depois de tantas promessas de entregar hospital melhor”, reclama a dona de casa Léa Silva de Araújo, 66.
Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Enquanto o diretor-médico, Reinaldo Lopes, dizia na quinta-feira que a unidade não recusa pacientes, Vânia Câmara saía do hospital com perna quebrada, aconselhada a procurar UPA: não há ortopedista | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
A secretária Mirlene de Jesus Santana, 24, conta que também procurou atendimento na unidade há uma semana, durante a madrugada, e não foi atendida. “Estou com suspeita de gravidez e tenho crises de pressão alta. Cheguei no hospital carregada pelo meu namorado, e nem perguntaram meu problema. De manhã chegou o médico, mas não me atendeu, disse que lá não tinha condições. E me orientou a ir à UPA. É revoltante”, queixa-se.

Visita em vão

A diarista Ernestina Marcia dos Santos, 56, relata que tentou consulta com o ortopedista na quinta-feira à tarde para o filho, William, 14, que estava com suspeita de fratura no braço após uma queda, e não conseguiu. “Disseram que só haveria ortopedista à noite. E o menino vai ficar com dor, sofrendo? O jeito é gastar duas passagens e ir ao Hospital de Saracuruna ou ao Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, em Caxias”.

Até o fechamento desta edição, a prefeitura não conseguira localizar um porta-voz para explicar a situação.

Com dor e sem atendimento

O DIA acompanhou o atendimento na emergência do Hospital Jorge Júlio Costa dos Santos, quinta-feira. À tarde, havia cerca de 20 pessoas esperando para preencher ficha na triagem. O diretor-médico, Reinaldo Lopes, disse que a reforma ainda incompleta — falta concluir o setor de pediatria e o centro cirúrgico — não atrapalha. “São realizados 400 atendimentos por dia. Ninguém sai sem ser atendido”, destacou.

Enquanto ele dava a explicação, às 14h, a dona de casa Vânia Câmara, 37, chegou com fratura na perna direita. Mas não havia ortopedista. “Disseram que ele só estaria à noite. O pior é que mandaram procurar a UPA de Bom Pastor, mas passamos lá antes e não tinha médico. Vamos a o Hospital Municipal Moacyr Rodrigues do Carmo, em Caxias. Isso aqui foi uma reabertura de fachada”, reclamou Cláudio Serafim Santana, amigo de Vânia.

Fonte: O Dia

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