sexta-feira, 27 de abril de 2012

Guardiola deixa o comando do Barcelona

Enviado por Marcelo Alves

Guardiola deixa o comando do Barcelona
Após quatro anos, 13 títulos e um futebol que encantou o planeta, Pep Guardiola anunciou nesta sexta-feira que vai deixar o comando do Barcelona. O treinador não aceitou o cheque em branco oferecido pelo clube catalão e justificou a sua decisão dizendo estar cansado e sem energia para continuar no comando do time.
- Quatro anos são uma eternidade e desgastam muito. No fim de dezembro, comuniquei que o final da minha etapa estava muito perto, mas não pude dizer aos jogadores. Tinha decidido o meu adeus há tempos. Lamento profundamente ter perdido a energia necessária para continuar - afirmou Guardiola.
Durante a coletiva, o presidente do clube, Sandro Rosell, anunciou imediatamente o substituto do treinador. Será Tito Vilanova, assistente técnico de Guardiola. Ele começa a trabalhar no novo cargo assim que terminar a temporada. Com isso, Rosell acabou com as especulações sobre uma possível contratação de Marcelo Bielsa, do Athletic Bilbao, ou Laurent Blanc, da seleção francesa. Sua escolha não surpreende. Entre os torcedores que participaram de uma enquete no site do jornal "Sport", de Barcelona, ele era o segundo mais citado entre os favoritos, atrás apenas de Bielsa e a frente de Luís Enrique, hoje técnico da Roma, mas que comandou até a temporada passada o Barcelona B.
A escolha de Tito revela a tentativa de manter a filosofia de trabalho e de jogo que foi vencedora nos últimos quatro anos. Só na Liga dos Campeões da Europa, o Barça foi semifinalista em dois anos e campeão em 2009 e 2011. Nos mesmos anos, seria bicampeão do mundo derrotando o Estudiantes de la Plata e o Santos, respectivamente.
Guardiola anunciou que estava deixando o clube depois de conversar por mais de uma hora com os jogadores. A coletiva foi acompanhada por Puyol, Xavi, Iniesta, Victor Valdés e Fàbregas. Messi não estava no local, mas agradeceu publicamente pelos anos que passou trabalhando junto com o técnico, período em que foi eleito o melhor jogador do mundo duas vezes.
- Quero agradecer de todo o coração a Pep por tudo o que me deu na minha carreira. Devido à emoção que sinto, preferi não estar presente na coletiva de Pep, ficar longe da imprensa, especialmente porque eu sei que olham os rostos de pena dos jogadores e isso é algo que eu decidi não mostrar - disse o craque, em mensagem publicada em sua página no Facebook.
Guardiola começou o seu trabalho em 2008, em substituição a Frank Rijkaard. Em quatro anos, montou uma equipe vencedora e que, mais do que isso, praticava um futebol de alta qualidade e com um estilo inconfundível de posse de bola, troca de passes, triangulações e as arrancadas de Lionel Messi, que se transformou em craque mundial no período. Se Messi é a estrela, Xavi e Iniesta comandavam o meio-campo e davam o rito de uma máquina de jogar futebol.
No período, Guardiola, um ex-jogador do clube, se transformou no técnico mais vencedor da história do time catalão. Foram até aqui 13 títulos (o time ainda vai decidir a Copa do Rey contra o Athletic Bilbao no dia 25 de maio), superando os 11 conquistados por Johan Cruyff entre 1988 e 1996, período em que o Barcelona ficou conhecido como "Dream Team" e conquistou o seu primeiro título europeu.
O técnico sempre se disse um fã do estilo de toque de bola da seleção brasileira de 82, que ele dizia que os país dele contavam como jogava de forma brilhante, daquele Barça que ele fez parte e de toda a inspiração que vinha do futebol holandês e da Laranja Mecânica. Usando estes conceitos e ensinamentos do próprio Bielsa, outro técnico que é uma de suas fontes, montou uma equipe quase perfeita que jogava bem e vencia.
No período o Barcelona massacrou adversários que estavam entre os melhores times do mundo. Foram três goleadas sobre o rival Real Madrid (6 a 1, e dois 5 a 0) que ficaram para a história e uma invencibilidade de sete jogos só quebrada na semana passada no Camp Nou. O Manchester United também sofreu um baile na derrota por 3 a 1 na decisão da Liga dos Campeões do ano passado, mesma vítima do título de 2009. Além do Santos, por quem os catalães passaram por cima nos 4 a 0 na decisão do Mundial.
Até as suas derrota são lembradas por terem sido sempre com o time pressionando o rival até o fim. As mais importantes foram a eliminação nas semifinais da Champions de 2010 para a Inter de Milão e de 2011 para o Chelsea. Além da recente derrota para o Real Madrid.
Guardiola comandou o Barcelona em 242 partidas oficiais. Obteve 78,6% de aproveitamento e a sua equipe marcou 619 gols, média de 2,5 por partida. Além das duas Ligas dos Campeões e dos dois mundiais, foi campeão espanhol em 2009, 2010 e 2011, da Copa do Rey em 2009, da Supercopa da Espanha em 2009, 2010 e 2011 e da Supercopa da Europa em 2009 e 2011. Foram 13 conquistas em 18 disputas e um recorde histórico de seis títulos em uma única temporada em 2009.
Período sabático
Guardiola diz que não vai assumir nenhum clube no momento. Está cansado e quer se dedicar à família, mas pretende voltar a treinar um time no futuro. As imprensas espanhola e inglesa especularam que o técnico teria se encontrado com Roman Abramovich em fevereiro. O russo sempre teve interesse em tê-lo no comando do Chelsea, que está com um treinador interino, o italiano Roberto di Matteo.
- São quatro anos e preciso descansar. A pessoa que vai ocupar o meu posto dará coisas que eu já não posso dar. Necessito de energia e paixão para voltar a contagiar os jogadores. Sou o terceiro treinador com mais partidas na história do Barcelona. Isso é excepcional. O problema é o tempo - afirmou o técnico, que elogiou Vilanova.
- De Tito, todos esperamos o melhor. O clube acertou na escolha. Poucas coisas vão mudar.
Rosell agradeceu Guardiola por tudo o que fez pelo clube e fez elogios ao treinador. A relação entre os dois era difícil, ao contrário do relacionamento do agora o ex-técnico com o antigo presidente Joan Laporta.
- Obrigado, Pep, por ter aperfeiçoadao um modelo futebolístico que nunca mais poderá ser questionado. O agradecimento do barcelonismo será eterno para o melhor treinador da história do clube.
Tito já foi agredido por Mourinho
Ex-jogador de meio-campo, o novo técnico do Barça começou a carreira no Barcelona, mas só atuou pelo Barcelona B. Em 14 anos de carreira, jogou apenas em times pequenos como. Atuou por Figueres, Celta, Badajoz, Mallorca, Lleida, Elche e Gramenet.
Em 2007, virou assistente técnico do Barcelona B e seguiu posteriormente com Guardiola ao time principal.
Tito, no entanto, é mais conhecido por ter sido vítima de uma agressão de José Mourinho. Foi em outubro do ano passado, durante a final da Supercopa da Espanha entre Barcelona e Real Madrid. No fim da partida, vencida pelo Barça por 3 a 2, o português enfiou o dedo no olho de Vilanova. Será que eles vão se cumprimentar no primeiro clássico na próxima temporada?

Fonte O Globo

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