quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta, é preso em Goiânia

Além da capital goiana, Ministério Público e polícia cumprem mandados de prisão em Anápolis, Brasília e São Paulo. Pelo menos outras três pessoas já foram presas até agora na ação, desdobramento da Operação Monte Carlo, que desmontou o esquema de Carlinhos Cachoeira

Mirella D'Elia
O empresáro Carlinhos Cachoeira: elos na Delta na mira da polícia
O empresáro Carlinhos Cachoeira: elos na Delta na mira da polícia (Weimer Carvalho/O Popular/AE)
O ex-diretor da construtora Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu, apontado como um dos parceiros do contraventor Carlinhos Cachoeira, foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal em Goiânia. A informação é do Ministério Público Federal do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A prisão ocorreu durante a Operação Saint Michel, um desdobramento da Operação Monte Carlo, que desmontou o esquema de jogos ilegais no país comandado por Cachoeira, preso desde fevereiro. A ação é comandada pelo MPDFT e pela Polícia Civil do Distrito Federal e foi deflagrada na madrugada desta quarta-feira.
Além da capital goiana, estão sendo cumpridos mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão expedidos pela Justiça em Brasília, São Paulo e Anápolis. Em Goiânia e em Anápolis houve outras três prisões, entre elas a do vereador de Anápolis Wesley Silva (PMDB). Também foram cumpridos quatro mandados de busca em residências e, em Anápolis, na câmara Municipal.
Segundo as investigações, o então diretor da empreiteira Delta para o Centro-Oeste Cláudio Abreu era incumbido de tocar o braço da máfia de Cachoeira que se especializara em fazer contratos com governo. Abreu aparece em diálogos-chave do caso. Consta de uma conversa sua com Cachoeira a referência a um depósito de 1 milhão de reais para Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). Foi com base nesse grampo que a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a quebra do sigilo bancário do senador.
É também Cláudio Abreu quem telefona a Cachoeira para dizer que iria "amarrar os bigodes" com os dois mais poderosos secretários do governador petista Agnelo Queiroz, Paulo Tadeu e Rafael Barbosa, em encontro em Brasília. "Marca uma p... com eles amanhã aqui em Goiânia. Aí eu chamo as meninas", devolve Cachoeira. Em outra gravação, Abreu discute com o araponga Dadá o pagamento de propina em troca da nomeação de um aliado da quadrilha no governo do DF. "Vamos dar R$ 20 mil pra ele e R$ 5 mil por mês, pronto! Nós vamos dar R$ 20 mil pra ele agora e R$ 5 mil por mês, entendeu?", diz Abreu.
Cláudio Abreu foi afastado da Delta em março, logo após a polícia deflagrar a Operação Monte Carlo.
Rede de conexões - A Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), revelou a ampla rede de conexões que o empresário do jogo mantinha no Congresso, tanto na oposição como na base aliada. O senador goiano Demóstenes Torres (ex-DEM) foi o primeiro atingido. Uma série de gravações apontou que um dos mais combativos políticos do Congresso usava sua influência e credibilidade para defender os negócios de Cachoeira em troca de ricos presentes.
Além do senador, as escutas da PF complicaram deputados de pelo menos seis siglas (PT, PSDB, PP, PTB, PPS e PCdoB), dois governadores (o petista Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, e o tucano Marconi Perillo, de Goiás) e a Delta, de Fernando Cavendish, empreiteira com maior número de obras no PAC. O volume de indícios levou à abertura de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) e à instalação de uma CPI no Congresso - que terá sua primeira reunião oficial nesta quarta-feira.
Também nesta quarta, o ministro do STF Ricardo Lewandowski decidiu desmembrar o inquérito que tramitava na corte sobre os tentáculos da máfia de Cachoeira.
Com a separação, a apuração terá três frentes distintas: uma, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), investigará as relações de Agnelo Queiroz com a máfia. Outra parte do processo continuará no Supremo Tribunal Federal (STF): a que diz respeito aos deputados federais Sandes Júnior (PP-GO), Stepan Nercessian (PPS-RJ) e Antonio Carlos Leréia (PSDB-GO). Um terceiro braço da investigação foi remetido à Justiça Federal de Goiás. Neste caso, o alvo são servidores públicos e autoridades sem foro privilegiado.

Fonte: Veja

Nenhum comentário:

Postar um comentário