sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Empreiteiras negociaram propina em apuração de cratera do metrô

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, representantes das empresas envolvidas no acidente da estação Pinheiros teriam negociado com intermediário de promotor

Estação Pinheiros: segundo jornal Folha de S.Paulo, empreiteiras teriam negociado abafar a apuração com representante de promotor (Guilherme Dearo/Exame.com/)

São Paulo — Representantes das cinco empreiteiras envolvidas no acidente das obras da estação Pinheiros da linha 4-amarela do metrô em 2007 teriam negociado o pagamento de propina com um suposto intermediário de um promotor de Justiça, revelam os repórteres Flávio Ferreira, Mario Cesar Carvalho e Rogério Pagnan, do jornal Folha de S.Paulo, em matéria publicada nesta quinta-feira, 17.
Segundo a reportagem, o objetivo da negociação seria favorecer executivos das construtoras investigados no desabamento que deixou sete mortos em janeiro de 2007, na gestão de José Serra (PSDB).
A obra foi realizada pelo consórcio Via Amarela, liderado pela Odebrecht e com participação de Camargo Corrêa, OAS, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez.
O Tribunal de Justiça julga nesta quinta (17), em segunda instância, um recurso do Ministério Público sobre o caso do desabamento. Há quase um mês a Justiça absolveu, em primeira instância, os 14 réus das empreiteiras e do Metrô por considerar que a Promotoria não conseguiu provar que os acusados tinham condições de evitar a cratera e as mortes.
De acordo com o jornal, o representante das empresas seria o advogado Fernando Maximiliano Neto, que já havia trabalhado no departamento jurídico da Odebrecht. Ele teria negociado o pagamento de propina com o advogado Ismar Marcílio de Freitas Jr., que dizia representar o então promotor Ruy Pires Galvão Filho.
Galvão, que foi promovido a procurador, integrava a equipe de promotores do foro regional de Pinheiros (zona oeste da capital), responsável pelo caso.
Segundo a Folha, ele também aparece em um e-mail apreendido pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, que apontaria uma quantia inicial a ser paga de R$ 200 mil. Já papeis apreendidos em 2009 na Operação Castelo de Areia indicam um valor de R$ 3 milhões, informou o jornal.
O  MP abriu investigação sobre o suposto pagamento de propina no mês passado após as denuncias da publicação.
Ruy Galvão nega ter atuado na apuração do desabamento, apesar de ter assinado papéis da investigação. Ele afirma que teve uma “atuação meramente formal, corriqueira e lateral” na investigação.
Já o advogado Ismar Marcílio de Freitas Jr., apontado por representantes das empreiteiras como o intermediário na negociação, diz que não atuou no caso.
O ex-advogado da Odebrecht, Fernando Maximiliano Neto, apontado como negociador pelas construtoras, afirmou à Folha que preferia não se manifestar. Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht não se pronunciaram.
Fonte: Exame

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