quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Odebrecht vai do céu ao inferno em duas horas

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Eram pouco mais de 10h da manhã quando a empreiteira de Emílio e Marcelo Odebrecht comemorava a vitória no leilão da BR-163, no Mato Grosso; duas horas depois, ela tinha notícia do acidente no Itaquerão, que mancha a imagem não só da companhia, mas também do País, quando faltam apenas seis meses para o início da Copa do Mundo de 2014; histórico de acidentes da empreiteira, que já teve problemas no metrô de São Paulo e também no Engenhão, pesa contra a empresa; além disso, o desastre dará munição aos críticos da realização do Mundial no Brasil

Presente em 50 países e com mais de 100 mil funcionários, a construtora Odebrecht tinha tudo para comemorar, nesta quarta-feira, seu grande dia. Depois de vencer o leilão do aeroporto do Galeão, na semana passada, a empreiteira de Emílio e Marcelo Odebrecht conquistou também, num leilão ocorrido na BM&FBovespa, a concessão da BR-163, a chamada "rodovia da soja", que cruza os estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. O deságio na tarifa, de 52%, era uma prova contundente de confiança no programa de concessões do governo federal – assim como já havia sido o cheque de R$ 19 bilhões para o Galeão.

No entanto, duas horas depois, a empresa recebeu a notícia de um acidente que marcará para sempre sua história – e que já mancha também a imagem do País. O desabamento de um guindaste no Itaquerão, que causou duas mortes e deixou outro operário gravemente ferido, ocorreu naquela que seria a principal obra do evento mais importante que o Brasil atraiu nos últimos anos. Segundo o engenheiro Frederico Barbosa, responsável pela obra, a empresa adotou o procedimento correto ao erguer o guindaste que acabou desabando sobre parte da cobertura.

Entretanto, o histórico recente de erros da empreiteira abre a possibilidade de outras hipóteses. Em 2007, a construtora ganhou notoriedade com o chamado "buraco do metrô" de São Paulo, um desastre que deixou sete mortos na região do Butantã, em São Paulo. Recentemente, outra obra da empresa, o estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro, foi interditado em razão de falhas na cobertura, que apresentava rachaduras. Com o Itaquerão, a empreiteira adiciona mais uma falha – com vítimas fatais – ao currículo.

Depois da tragédia, não é razoável imaginar que o estádio do Itaquerão ficará pronto a tempo de sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014 – lembrando que faltam apenas 197 dias para o pontapé inicial. Basta dizer que, nos próximos 30 dias, a obra terá que ficar forçosamente embargada para a perícia. Além disso, tanto o Ministério Público como o sindicato dos trabalhadores da construção pesada poderão pedir a interdição definitiva. Uma das suspeitas sobre o acidente diz respeito às condições do solo – um problema que já era apontado por engenheiros antes mesmo do início da construção.

Ou seja, o caso ainda terá novos desdobramentos e dará munição aos críticos que já vinham questionando o custo dos estádios e o desvio de prioridades nos investimentos públicos. E a Odebrecht poderá ficar marcada como responsável pelo maior problema do Brasil na preparação do Mundial.

Fonte:Brasil 247

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