quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Bandido diz que tráfico se juntou a protestos de rua

Chefões do pó no Rio e São Paulo teriam se unido para minar o projeto das UPPs


O Dia

Rio - As principais facções criminosas do Rio e de São Paulo teriam unido forças para minar o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), que desde 2008 retoma territórios em favelas. Bandidos também influenciariam passeatas contra o governo Cabral e atacaram a tiros o Desafio da Paz, corrida de rua ocorrida em maio, no Complexo do Alemão, com a presença do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
As revelações são do traficante Rodrigo Prudêncio Barbosa, o Gordinho, de 35 anos, feitas à Divisão de Homicídios (DH) e à Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) em depoimento dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó e publicadas no fim de semana pela revista ‘Veja’.
Sobre o ataque de maio, Gordinho relata que o ato foi para mostrar ao ‘Marcinho’ (VP, Márcio dos Santos Nepomuceno), ao Elias (Maluco, Elias Pereira da Silva) e ao My Thor (Marcos Antônio Firmino da Silva) — líderes do bando e presos em unidades federais fora do Rio — que o Comando Vermelho (CV) iniciaria ofensiva contra as UPPs.
“Eles falaram: vamos mostrar que nós ainda pode (sic) botar o couro para comer”, relata Gordinho, ex-gerente da venda de entorpecentes no Complexo do Alemão.
A volta do suposto acordo entre o CV e o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção paulista, também é explicada por Gordinho no depoimento. Segundo ele, após as UPPs, os traficantes cariocas ficaram devendo dinheiro ao PCC, que já foi o maior fornecedor de drogas para as favelas do Rio. Gordinho diz que essa dívida recomeçou a ser paga pelo CV, o que fez o acordo voltar a valer, inclusive para esconder aliados foragidos do estado. “Se precisar, ‘entocam’ (escondem) gente fora do Rio”, revelou.
Certo de que está marcado para morrer, Gordinho resolveu falar e, com isso, ganhou proteção, foi trocado de presídio mais de uma vez e está hoje em Bangu 9. Durante duas horas e meia, na presença de investigadores e delegados das especializadas, ele também acusa comparsas de se infiltrar nas passeatas contra o governador Sérgio Cabral, ajudando a desestabilizar a administração que criou as UPPs. Segundo ele, ‘playboys viciados’ recebem drogas e os bandidos infiltrados alimentam o vandalismo nos atos.
A Secretaria de Segurança afirmou que a política das UPPs não terá nenhuma alteração em função de ameaças de bandidos condenados.

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