quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Ambientalistas denunciam pesca predatória em Cabo Frio

Ação acontece a poucos metros da Praia das Conchas, onde biólogos descobriram várias espécies raras de animais marinhos

Navio que estaria praticando pesca predatória em Cabo Frio, na Região dos Lagos
Foto: Ondas do Peró / Divulgação
Navio que estaria praticando pesca predatória em Cabo Frio, na Região dos LagosOndas do Peró / Divulgação
RIO - Pescadores artesanais, ambientalistas e turistas voltaram a denunciar nesta quarta-feira a pesca predatória na área marinha do Parque Estadual da Costa do Sol, em Cabo Frio. Cinco barcos atuneiros (equipados para a pesca do atum) estão pescando sardinha (usada como isca) e jogando óleo no mar desde sexta-feira na enseada da Praia do Peró, junto ao Morro do Vigia, que divide o Peró da Praia das Conchas. Segundo donos de quiosques da Praia do Peró, manchas de óleo já podem ser vistas na areia.
A ação dos atuneiros acontece a poucos metros da Praia das Conchas, onde biólogos descobriram várias espécies raras de animais marinhos. A pesca de arrasto está sendo feita em área de preservação ambiental. Apesar disso, de acordo com moradores, nenhum fiscal esteve no local para reprimir a infração. Cinco barcos foram vistos, e três deles seriam de Santa Catarina.
- Estamos presenciando um crime ambiental e não temos a quem recorrer para denunciar. Como há fartura de peixes e a enseada é abrigada pelo Morro do Vigia, que é uma espécie de ilha que protege os barcos do vento Sudoeste, os atuneiros de outros estados passaram a pescar aqui na nossa vista – lamentou a comerciante Tamires de Oliveira.
O chefe do Parque Estadual da Costa do Sol (PECS), Sérgio Ricardo Rocha Soares, disse que o Inea não pode reprimir as embarcações porque ainda não foi concluído o plano de manejo do PECS, no qual a área marinha será anexada ao parque.
- Somente depois disso teremos poder de atuar. O assunto está em discussão na Câmara Temática de Zoneamento do Parque e por isso, infelizmente, não temos poder para atuar. Não resta dúvida de que a atividade é péssima para o litoral, pois a pesca de arrasto dizima os criadouros de peixes – disse Sérgio Ricardo.
Marcelo Valente, um dos integrantes do grupo Ondas do Peró, formado por surfistas, ambientalistas e moradores, disse que desde sábado está recebendo denúncias e fotografias feitas por banhistas indignados com a presença dos atuneiros na enseada:
- Eles mandaram fotografias dos barcos e do óleo na areia. O óleo só pode vir das embarcações, não há dúvidas. Estão pescando sardinha, apesar de estarmos na época do defeso – lamentou.
O chefe do PECS disse que, embora não tenha poder de polícia para atuar, vai encaminhar a denúncia à Capitania dos Portos que, segundo ele, é responsável pela fiscalização marítima. Na última denúncia feita à Marinha, a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro informou, através de nota, que os nomes das embarcações infratoras foram encaminhadas ao Ibama e ao Ministério da Pesca que, segundo a Capitania, é que possui a responsabilidade de reprimir a pesca predatória.

Fonte O Globo

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