terça-feira, 30 de outubro de 2012

Presidente de cooperativa impedida de circular no Rio vê represália de milicianos

Após ter 120 veículos impedidos de circular por um grupo de milicianos, na última quinta-feira (25), o presidente da cooperativa de vans Cooper Rio da Prata, César Moraes Gouveia, quebrou o silêncio e falou com a imprensa nesta terça-feira sobre as ameaças que vem sofrendo.
Para Gouveia, os ataques são uma represália ao fato de a cooperativa não pagar a taxa cobrada por milicianos e de ele ser testemunha de acusação no processo no qual Luciano Guinâncio Guimarães, filho do ex-vereador Jerônimo Guimarães, o Jerominho, responde por homicídio qualificado. Nesta terça, Gouveia foi ouvido pela 4ª Vara Criminal do Fórum Central do Rio, que julga o caso.
Jerominho está preso junto com seu irmão, o ex-deputado Natalino Guimarães. Os dois são apontados como chefes da milícia Liga da Justiça, que ainda atua na zona oeste do município.
"Desde 2007 tenho passado por um sério problema, eu e meus companheiros de trabalho, com ameaças de morte. Somos constantemente oprimidos por integrantes da Liga da Justiça. Há cinco anos eu perdi o meu direito de ir e vir, cada dia eu durmo em um lugar diferente e não saio mais com os meus familiares", contou Gouveia.
Segundo ele, os milicianos cobram propina no valor de R$ 350 por semana de cada veículo. "Eles usam a farda da polícia, se fazendo passar por policiais e até cumprimentam outros soldados. Dias atrás eles tomaram dois carros alegando a cobrança de uma multa, por ultrapassagem. Todos os dias eles circulam por Cosmos e na rodoviária de Campo Grande, coagindo os trabalhadores sob ameaça de atearem fogo nos carros e nas motos, caso não paguem o ágio", disse.
Na última quinta, 12 homens armados e encapuzados proibiram a circulação de três linhas de vans que ligam os bairros de Nova Sepetiba, Cosmos, Marechal Hermes, Padre Miguel e Cascadura. Metade das linhas paralisadas voltou a circular, mas os motoristas não chegam até os pontos finais, onde tem ocorrido os ataques. De acordo com a Cooper Rio da Prata, isso afeta cerca de 30 mil pessoas utilizam o serviço diariamente.
O caso foi registrado na 34ª Delegacia de Polícia de Bangu, que o transferiu para a 35ª DP (Campo Grande) e para a 36ª DP (Santa Cruz), responsáveis pela área. De acordo com o delegado Marcus Drucker, titular da 35ª DP, o caso está sendo investigado e todas as pessoas apresentadas pela cooperativa já foram ouvidas. Alguns dos criminosos já estão identificados.
De acordo com o titular da Draco-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais), delegado Alexandre Capote, pessoas que tiverem informações sobre quadrilhas de milicianos podem procurar a delegacia.
"Já instaurei inquérito e minha equipe está realizando diligências na tentativa de capturar esses criminosos. Pedimos ainda que toda e qualquer informação sobre o paradeiro do miliciano Toni Ângelo seja informado ao Disque-Denúncia [21-2253-1177] e na própria Draco", pediu o delegado.

Fonte: Folha de S. Paulo

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