sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Detran-RJ:33.415 ônibus têm 148.638 multas

Proporção é 4 vezes maior que a de carros de passeio

Um levantamento feito pelo JB com base em dados do Departamento Nacional de Transito (Denatran) e do Detran-RJ revela estatísticas preocupantes sobre acidentes e infrações envolvendo ônibus no Brasil e no Rio. Somente na última quinta-feira(25), 12 coletivos se envolveram em sete acidentes deixando um morto e mais de 60 feridos.
Dados do último anuário estatístico realizado pelo Denatran, com base nos registros de 2009, mostram que ocorre um acidente para cada 33 ônibus no país. A proporção é quatro vezes maior em comparação com os acidentes envolvendo automóveis de passeio – um para cada 138.
No Rio de Janeiro, de acordo com o Detran-RJ, os 33.415 ônibus da capital somaram 148.638 infrações entre janeiro e setembro deste ano. Uma média de mais de quatro multas por coletivo. O número é muito superior se comparado aos automóveis, que cometeram uma média de 0,75 infração por veículo.
"Estão nos sufocando"
O número expressivo de irregularidades envolvendo os coletivos no Rio levanta o questionamento sobre o que motiva o comportamento imprudente por parte dos motoristas. Também coloca em xeque o modelo utilizado pelas empresas responsáveis pelo transporte rodoviário que, segundo o Sindicato dos Rodoviários do Rio de Janeiro, “explora o motorista com cobranças sufocantes”.
O motorista de ônibus que preferiu se identificar apenas como Heitor já trabalhou na linha 125 (Central-General Osório), uma das envolvidas na colisão entre dois ônibus nesta quinta-feira(25), no Centro. Ele trabalha como motorista há 35 anos e reclama das condições de trabalho. Segundo Heitor, as empresas pressionam os inspetores e despachantes por resultado e isso é descontado sobre os motoristas.
“Você enfrenta engarrafamento e não consegue cumprir o horário. Então, por conta disso, na hora de largar o serviço o despachante quer que você faça outra viagem. Se não fizer, muitas vezes te impedem de trabalhar no dia seguinte”, queixa-se.
Ele critica o aumento no número de ônibus sem cobradores, o que atribui ao motorista uma nova função: “Dirigir e cobrar já é mais uma preocupação. Já tem o estresse do trânsito, a pressão com os horários. Você fica exausto, estão nos sufocando”.
O motorista critica principalmente as condições de trabalho. Ele afirma que na maioria dos pontos finais não há banheiros. “Cobradora passa um sacrifício. Tem que correr pra ir em banheiro de botequim. Querem um serviço direito mas não proporcionam as condições para trabalhar bem”, conclui.
Problema trabalhista
Quem bate na mesma tecla é o comandante Celso Franco, antigo diretor de Trânsito do Rio e presidente da CET-Rio. Ele atribui o mau comportamento ás péssimas condições e defende uma mudança no contrato de trabalho dos motoristas. “É um problema trabalhista. É preciso um contrato de trabalho decente, hoje eles são explorados pelas empresas de ônibus”, aponta.
Ainda segundo Franco, a nova medida de controle eletrônico dos ônibus deve melhorar muito a organização do transporte rodoviário. Através de um monitoramento por GPS a secretaria de Transportes poderá fiscalizar eletrônicamente toda a frota. Com isso, será possível medir a velocidade média do coletivo ou determinar se o itinerário está sendo cumprido, mesmo sem a presença física de um fiscal.
A medida e um novo código disciplinar para os motoristas foram publicados na quinta-feira(18) no Diário Oficial e estão em fase de testes.

Fonte: Jornal do BrasilRenan Almeida*

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