sábado, 1 de fevereiro de 2014

Morte na Rocinha e explosões no Alemão mesmo com UPPs

Favelas sofrem com tiroteios e ataques incendiários a unidades policiais

- Após mais uma madrugada marcada por tiroteios entre policiais e traficantes, moradores da Rocinha fizeram protestos ontem durante o dia. O estopim foi a morte de um morador, na porta de casa, durante operação do Batalhão de Choque, às 2h da madrugada. Edílson Rodrigues da Silva Cardoso, de 32 anos, foi atingido por um tiro no abdômen e chegou morto ao Hospital Miguel Couto.
No outro lado da cidade, no Complexo do Alemão, criminosos lançaram coquetéis molotov contra veículos que estavam estacionados perto da 45ª DP (Alemão), na Nova Brasília, e na sede da UPP do Morro do Alemão. Na Rocinha, testemunhas afirmaram que o disparo foi feito por policial à queima-roupa; já a corporação disse em nota que Edílson foi encontrado ferido na Rua 3 por policiais que haviam sido atacados minutos antes, por traficantes. 
Fernanda Lopes, 31 anos, disse que o marido era trabalhador: ‘Ouvi gritos e me deparei com ele estirado’
Foto:  Severino Silva / Agência O Dia
Mais cedo, Willian Cabral, o Miquinho, havia sido preso com R$ 861, maconha e caderno de contabilidade do tráfico. Em depoimento, disse trabalhar com ‘transporte de valores para o tráfico’. Em represália pela prisão e pelo policiamento reforçado, o tráfico promoveu, por volta do meio-dia, um longo foguetório, entremeado com rajadas de tiros que amedrontava quem andava pelas vielas da comunidade. 
Edílson: morto na porta de casa
Foto:  Reprodução
As investigações da morte estão a cargo da Divisão de Homicídios. Durante a tarde, a delegacia ouviu familiares e vizinhos da vítima e policiais do Choque e da UPP local. “Laudos periciais feitos na cena do crime e de confronto balístico devem ficar prontos em 20 dias. Estamos averiguando se a região conta com câmeras de segurança para solicitá-las”, afirmou a delegada Renata Araújo. As armas dos PMs já estão em posse da DH, assim como o projétil que atingiu o homem, recolhido pela esposa dele, a auxiliar de serviços gerais, Fernanda Lopes, 31. 
“Ele havia saído para fumar, estava na porta de casa. Várias pessoas o viram ser atingido. O tiro foi feito a cerca de 20 metros de distância”, acusou Fernanda. Ela e outros moradores teriam reconhecido o policial que fez o disparo na DH. “Não sabíamos que havia operação na comunidade, por isto ele saiu. Ouvi gritos e me deparei com ele estirado”, relatou ela, com a Carteira de Trabalho do marido em mãos: “Iríamos morar em Salvador”.
Explosões no conjunto de favelas 
No Complexo do Alemão, o clima também ficou tenso com ataques quase que simultâneos. Por volta das 17h10, criminosos lançaram pelo menos dois coquetéis molotov no pátio da 45ª DP (Complexo do Alemão), na Nova Brasília. As garrafas de vidro atingiram dois veículos, um Corsa e um Prisma, que ficaram parcialmente destruídos. O fogo também atingiu parte do canteiro do prédio da estação de teleférico. 
Um dos carros atingidos pelo coquetel molotov
Foto:  Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Um suspeito que aparentava ter manuseado gasolina, por causa do cheiro, foi detido. Em setembro de 2013, um artefato explosivo já havia sido jogado em direção a um Honda Civic estacionado no mesmo local. A Polícia Civil tenta identificar os suspeitos pelo circuito de câmeras do teleférico. Quinze minutos depois, segundo relatos de moradores, a confusão ocorreu na base da UPP no Morro do Alemão.
Com artefatos, bandidos atearam fogo em pelo menos um carro. Houve disparos. O tumulto se estendeu pelas ruas e a ocorrência foi parar na 45ª DP, para onde foram levadas algumas pessoas. No início da semana, traficantes abriram fogo contra a sede da UPP e três bases avançadas dentro do Complexo. Durante duas horas e meia, houve intenso tiroteio na comunidade, assustando moradores.

Fonte: O Dia

Nenhum comentário:

Postar um comentário