quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Surreal: a moeda que virou piada para os consumidores cariocas

Cariocas denunciam preços abusivos no Rio e ironizam:  "A nova moeda carioca é o Surreal"





Não bastasse a alta dos preços dos imóveis – cujos valores triplicaram desde 2008 – e o elevado custo dos transportespúblicos, o carioca também sofre abusos na hora de pagar a conta nos restaurantes, bares e supermercados na cidade. Contudo, segundo especialistas, movimentos como o "Rio Surreal", "Isoporzaços" e "Farofafa" podem colocar um ponto final no aumento dos preços.
O professor do Instituto de Economia da UFRJ e diretor de Políticas e Estudos Macroeconômicos do Ipea entre 2007 e 2011, João Sicsú, acredita que “esses movimentos sociais são tão efetivos como qualquer medida governamental”. Sobre a efetiva redução dos preços, João diz que “ainda não é possível ter dados efetivos sobre uma redução de preços, para isso, seria preciso uma pesquisa específica. Porém, houve uma conscientização por parte da população que já vale muito. Eu julgo essas ações como bem sucedidas e, em alguns setores específicos, a denúncia pode reduzir ou impedir os aumentos excessivos”.
Revoltados com o que chamam de “preços extorsivos” um grupo de jovens criou a fanpage  Rio $urreal, no Facebook. A página conta com as denúncias de mais de 190 mil fãs, que relatam suas experiências desagradáveis na hora de pagar o que consumiram nos mais diversos estabelecimentos do Rio de Janeiro.
Na Zona Sul do Rio são registradas as maiores reclamações. Um bar em Ipanema, por exemplo, cobra R$ 40,00 em uma salada de frutas. Segundo denúncias na página Rio $urreal, um misto quente chega a custar 20 reais, já um refrigerante de latinha, R$ 8. Os abusos não param por aí. Internautas registraram sete pães de queijo anunciados com o preço promocional de 27 reais. Quem quiser um café expresso para acompanhar, paga mais R$ 5. Na praia, um picolé chega a 20 reais e o coco pode passar de R$ 5.
O economista e professor do Ibmec, Alexandre Espírito Santo, explica que “vivemos em uma economia de mercado, que segue os princípios de livre concorrência. Assim, os preços e a disponibilidade de produtos são determinados pela lei da oferta e da procura”. Para ele, “os movimentos sociais são válidos e podem realmente colaborar para a redução de preços. Se a população se posiciona e se recusa a pagar por um produto que está com um preço abusivo, os estabelecimentos irão diminuir esses preços. Primeiro um, depois outro e assim sucessivamente. Agora, se a maioria opta por pagar, esse quadro não vai mudar”.
Os Isoporzaços têm chamado a atenção nas praias do Rio. Para não pagar os altos preços nas praias, os cariocas se reúnem e cada um leva seu isopor com gelo e aquilo que pretende consumir, como sanduíches, água, cerveja, água de coco e sorvetes. “Se uma latinha de cerveja está 3 reais no supermercado, não preciso pagar 7 reais só porque estou na praia. Posso comprar e levar no meu isopor. Todos podem fazer isso e com os mais diversos produtos”, explica o professor.
É preciso também estar atento para o motivo dos preços elevados. Alguns produtos podem ser caros porque existe escassez de sua oferta. “O verão tem causado desequilíbrio em algumas safras, mas isso vai voltar ao normal e vai se estabilizar. Quando esse quadro acontece é normal que haja um aumento nos preços, mas não pode haver um aumento exponencial e injustificável”, esclarece o Alexandre.
O economista acredita que “o que nós vemos com esses movimentos é a conscientização do consumidor. Ele não aceita mais os exageros e começa a se questionar. Essa indignação está começando a se expandir para o restante da população. Se você acredita que está sendo ludibriado, tem que se defender. E isso está sendo feito”. 

Louise Rodrigues

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