quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Prefeito do Rio diz que demitirá médico que faltou a plantão

Ausência de profissional fez com que menina de dez anos baleada na cabeça esperasse oito horas por cirurgia

Pais de Adrielly durante o velório, no Rio de Janeiro
Os pais de Adrielly no hospital Salgado Filho, no Rio. Menina de dez anos está em estado grave. (Foto Gustavo Stephan Agência Globo)
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), disse nesta quarta-feira que demitirá o neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves, que faltou a um plantão no Hospital Salgado Filho, no Méier, na noite do dia 24 e na madrugada do dia 25, durante o feriado de Natal. Por causa da ausência do médico, a garota Adrielly dos Santos Vieira, de 10 anos, que foi baleada na cabeça em uma favela da zona norte, aguardou oito horas para ser atendida.
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Paes ainda chamou o médico de “delinquente” e afirmou que a partir de janeiro determinará que todos os hospitais da cidade tenham controle biométrico de ponto para evitar que "maluquices" como esta voltem a acontecer. As unidades terão seis meses para fazer a adaptação.
"Vou demitir esse médico, que é um irresponsável. Não dá para você estar escalado para um plantão e simplesmente não aparecer", afirmou o prefeito ao chegar ao Ministério da Fazenda, em Brasília. A demissão, de acordo com Paes, já foi determinada. Falta apenas ocorrer o trâmite legal para abertura de inquérito. "Acho até que ele tem de responder criminalmente por sua ausência", afirmou Paes. Ainda há incertezas sobre se o neurocirurgião realmente faltou ao plantão. Na terça-feira, ele afirmou à TV Globo que não havia comparecido porque havia pedido demissão.
Segundo o prefeito, as críticas à existência de apenas um plantonista é uma forma que o sindicato da categoria encontrou para desviar a atenção do caso. "O sindicato dos médicos já começa com suas teses corporativistas para proteger esse delinquente", afirmou. "Esse médico é um irresponsável que merece pagar e tem de ser punido pelo que fez", continuou.
Conforme Paes, os hospitais do município estão em uma situação boa de atendimento. "Não é excepcional, mas é boa", disse.
Investigação - A Polícia Civil do Rio, o Ministério Público Estadual e o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) anunciaram nesta quarta-feira que vão investigar se a menina Adrielly foi vítima de omissão de socorro.
O delegado Luiz Archimedes, da 23ª Delegacia de Polícia (Méier), abriu inquérito para apurar o caso. O diretor do hospital prestou depoimento na terça-feira, mas o conteúdo não foi revelado. Também foram ouvidos os pais da menina. O neurocirurgião que deveria estar trabalhando no plantão, Adão Orlando Crespo Gonçalves, foi intimado a depor.
A polícia investiga se a bala partiu de traficantes da favela Urubuzinho, que, segundo testemunhas, comemoravam o Natal com tiros para o alto. A menina Adrielly segue internada em estado grave no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Salgado Filho.

Fonte: Veja

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