segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Apenas seis meses após inauguração, BRT Transoeste já apresenta sinais de fadiga

Número de passageiros aumenta 77%, e ônibus vivem lotados

Passageiros enfrentam ônbus lotado em direção à Barra
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo
Passageiros enfrentam ônbus lotado em direção à BarraGabriel de Paiva / O Globo
RIO - Inaugurado em 6 de junho deste ano com o objetivo de encurtar a viagem entre Santa Cruz e a Barra da Tijuca, e dar mais conforto aos passageiros, por meio de uma linha segregada, o BRT Transoeste tem cumprido sua missão apenas em parte. Nos horários de pico, sobretudo entre 5h30m e 8h, os ônibus articulados já estão lotados, lembrando o sufoco por que passam os usuários dos trens e do metrô durante o rush.
— Às vezes, o ônibus está tão lotado que não há como parar nas estações para pegar mais pessoas — diz um motorista sem se identificar.


Outro motorista afirma que, no horário em que as pessoas estão indo para o trabalho, a lotação está sempre esgotada.
— Meu ônibus tem ficado cada vez mais cheio — disse o condutor Tony Cássio.
Os usuários também se impressionam com o rápido crescimento do BRT Transoeste.
— Tudo bem que os BRTs usam uma pista segregada, mas, nos anúncios da prefeitura, havia a promessa de conforto — queixa-se o passageiro Edson Santos, que não vai mais de carro de Santa Cruz para o trabalho, na Barra.
Secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório diz que ajustes têm de ser feitos o mais rapidamente possível.
— Essa é a vantagem do BRT. Em março, mais 12 ônibus estarão no trecho Santa Cruz-Barra. Isso seria impossível em transporte como trens e metrô. Os ônibus são fabricados no Brasil, e o prazo de entrega é de no máximo quatro meses.
Atualmente, o sistema opera com 91 ônibus articulados. A prefeitura, segundo Osório, também vai pôr ônibus para rodar exclusivamente no trecho entre o Recreio e Santa Cruz, numa tentativa de desafogar o sistema. Para isso, novos retornos terão de ser construídos.
— Mas é bom deixar claro que a proposta do BRT nunca foi a de ter somente passageiros sentados. O que não pode ocorrer é o desconforto no interior do veículo — afirma o secretário.
Em junho, primeiro mês de operação, com o sistema funcionando parcialmente, o Transoeste transportou 144.643 passageiros; em julho, o número pulou para 844.948; nos meses seguintes,ultrapassou a marca de um milhão: 1.308.956 (agosto); 1.210.889 (setembro); 1.569.499 (outubro) e 1.496.601 (novembro). Entre julho e novembro, o aumento foi de 77%.
Mas há outros problemas. Criado em função do BRT, o Túnel da Grota Funda já é referência de um engarrafamento diário pela manhã. Em sua saída no sentido Barra, os carros, ônibus e caminhões andam lentamente.
O motivo da morosidade é explicado por um funcionário terceirizado da CET-Rio que trabalha como operador de trânsito.
— Tem um sinal logo na saída (do túnel), uma baia em que só cabem dois ônibus, e esse mesmo pedaço ainda recebe o fluxo de caminhões vindos da Serra da Grota Funda (a antiga ligação entre o Recreio e Guaratiba), já que o túnel não recebe caminhões — disse o operador.
Carlos Roberto Osório disse que a prefeitura estudará se é possível aumentar não só a baia de ônibus na direção da Barra, mas também a que fica na pista sentido Campo Grande.
Acidente deixa duas pessoas feridas
Duas pessoas ficaram feridas, no início da tarde de domingo, em mais um acidente no BRT Transoeste. Elas foram atingidas por um ônibus articulado na Avenida das Américas, no Recreio dos Bandeirantes. Segundo a prefeitura, as vítimas estavam numa motocicleta que avançou o sinal próximo à Estação Gelson Fonseca. Vitor Olivetti, de 37 anos, sofreu traumatismo no tórax e não há previsão de quando terá alta do Hospital Lourenço Jorge, na Barra. Maria Pereira, de 34 anos, teve fratura num dos joelhos.
Cinco pessoas já morreram em acidentes desde que o Transoeste foi inaugurado, em junho. Somente em setembro, três acidentes aconteceram em dias consecutivos.

Fonte: O Globo

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