quinta-feira, 27 de março de 2014

‘Não há conhecimento sobre benefício de proteção’, diz especialista sobre vacina an ti-HPV

PORTO ALEGRE - Eno Filho, médico da família do Grupo Hospitalar Conceição e doutor em Epidemiologia pela UFRGS (2012), afirma que não há conhecimento sobre qualquer benefício da vacina anti-HPV em termos de proteção contra o câncer ou a redução da mortalidade. Segundo ele, as reações provocadas pelo medicamento são mais frequentes do que em outras vacinas. A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul investiga dos casos de reação grave à anti-HPV.
O GLOBO - A vacina anti-HPV traz algum benefício comprovado?
ENO FILHO - Não há conhecimento sobre qualquer benefício em termos de proteção contra o câncer ou redução de mortalidade. Somente um estudo com cerca de 30 anos de duração poderia avaliar esses resultados, pois é o tempo que uma lesão precursora leva para evoluir até o câncer. Nesse sentido, os riscos existentes, mesmo que haja controvérsias, tornam inadequada a vacinação massiva de adolescentes. Uma conduta segura seria aguardar os resultados e análises independentes de um segmento maior nos estudos onde a vacina está implantada há mais tempo. Mas, mesmo assim, é necessário transparência e independência nas análises, pois nos estudos que são usados como justificativa para a implantação da vacina os conflitos de interesse de pesquisadores da área são notórios.
É possível afirmar que as reações adversas notificadas são provocadas pela vacina?
Todo problema de saúde surgido após a execução de um procedimento em saúde, seja uma cirurgia ou a aplicação de uma vacina, deve imediatamente ser considerado como passível de ter sido causado pelo referido procedimento e investigado como tal. É o caso desses jovens que sofreram tonturas, náusea e desmaios e deve também ser assim se as queixas forem de dores, taquicardia ou convulsões. Não se pode descartar o nexo sem uma explicação bem fundamentada. Os paraefeitos da vacina contra o HPV são mais frequentes do que em outras vacinas, desde efeitos simples como os ocorridos até outros menos comuns e mais graves, como a falência ovariana e a diabetes tipo 1.
Como os casos de reações adversas que estão surgindo podem ser interpretados?
Tais processos reforçam a sensação de que a vacina foi introduzida precoce e inadequadamente. Até 2011, o Ministério da Saúde divulgava um parecer de que não era o caso de introduzir tal vacina em nosso calendário vacinal. De lá para cá, não se produziram evidências científicas que justificassem a mudança de posição.


Fonte: 
Flávio Ilha - O Globo

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