segunda-feira, 17 de março de 2014

Mulher arrastada por viatura da PM é enterrada no Rio de Janeiro

Cerca de 200 pessoas participaram do sepultamento de Cláudia Ferreira da Silva, no cemitério de Irajá

Rio - A comoção era grande entre as cerca de 200 pessoas que participaram no início da tarde desta segunda-feira, no cemitério de Irajá, Zona Norte, do sepultamento de Cláudia Ferreira da Silva, que no domingo foi arrastada pela viatura da Polícia Militar após ser baleada durante tiroteio no Morro da Congonha, em Madureira. Familiares e amigos pediram por justiça na hora em que o corpo era enterrado.
Cerca de 200 pessoas participaram do sepultamento de Cláudia Ferreira da Silva, na tarde desta segunda-feira
Foto:  Alessandro Costa / Agência O Dia
Logo após o sepultamento de Cláudia, cerca de 100 moradores da Congonha fecharam parcialmente a Avenida Ministro Edgard Romero, na altura da comunidade, e realizam um novo protesto por conta da morte da auxiliar de serviços gerais. Os manifestantes carregam uma faixa com os dizeres: "A PM matou mais um morador de uma favela do Rio de Janeiro". Mesmo com o clima tenso, a manifestação segue pacífica e com os policiais militares acompanhando.
Uma operação de policiais militares do 9º BPM (Rocha Miranda) no domingo pela manhã, no Morro da Congonha, terminou com a morte da auxiliar de serviços gerais. Após ser atingida, Cláudia foi arrastada pelos policiais em plena Estrada Intendente Magalhães, no momento em que era levada para o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, o que causou revolta entre os moradores, que fecharam a Edgard Romero. Mais tarde, houve novo protesto e mais tiroteio: dois ônibus teriam sido incendiados, e a via foi interditada.
O marido de Cláudia Ferreira, Alexandre Fernandes da Silva, questionou a ação dos PMs quando tentavam socorrer a vítima.
"Foi um descaso que eles fizeram, jogaram ela que nem bicho dentro do carro e saíram. Eu não consigo entender o motivo deles tê-la levado pela Intendente Magalhães, se lá não é o caminho mais próximo para o Carlos Chagas (hospital em Marechal Hermes para aonde Cláudia foi levada). Queremos que a justiça seja feita", diz Alexandre.
"Nem com o pior traficante deve ser tratado assim. As pessoas a viram sendo carregada pelos PMs, agonizando", afirma o marido de Cláudia, lembrando que o casal de filhos gêmeos completará dez anos no próximo domingo. "E esse é o presente que deram a eles (filhos)".
Marido de Cláudia questiona caminho feito por PMs para levá-la ao hospital
Foto:  Alessandro Costa / Agência O Dia
Irmão de Cláudia, Júlio César Silva Ferreira, 42 anos, garante que a família processará o Estado. "A família está toda desestruturada. Todo dia é isso que a gente vê, essa injustiça da PM matando inocente. Vamos processar a PM e quem mais tiver culpa. Porque senão, esse caso vai ser mais um Amarildo. Foi uma execução", garante.
O porta-voz da PM, tenente-coronel Cláudio Costa, também lamentou a ação dos PMs e garante que eles serão responsabilizados.
"Os policiais estão sendo autuados e vão responder por suas atitudes. No mínimo alguém deveria estar amparando a vítima no banco de trás", afirma.
PMs vão para a prisão
O comando do 9º BPM determinou a prisão imediata e a abertura de um Inquérito Policial Militar (IPM) contra os três policiais militares do batalhão que participaram do socorro a Cláudia, que morreu a caminho do Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes.
Segundo o comandante da unidade, tenente-coronel Wagner Moretzsohn, os policiais, dois subtenentes e um soldado, resgataram a vítima na Rua Joana Resende e a colocaram dentro do porta-malas da viatura. No caminho para o Carlos Chagas, o porta-malas se abriu e parte do corpo da moradora foi arrastado, causando mais ferimentos à vítima.
Uma perícia será feita na viatura pelo Centro de Criminalística da PM. O caso está sendo investigado pela 29ª DP (Madureira) e pela 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM).
Em nota, o comando da Polícia Militar informou "que este tipo de conduta não condiz com um dos principais valores da corporação, que é a preservação da vida e dignidade humana".
Fonte: O Dia

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