quarta-feira, 19 de março de 2014

Fiscal do povo’ registra diário de UPA e é detido por PMs


Bruno fiscaliza a UPA de Madureira
Bruno fiscaliza a UPA de Madureira Foto: Foto: Roberto Moreyra

Camilla Muniz
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Desde outubro do ano passado, o economista e oficial da Marinha Mercante Bruno Augusto Fonseca Pereira, de 40 anos, usa suas folgas para ir duas vezes por dia à UPA de Madureira. A missão é fiscalizar, por conta própria, o funcionamento da unidade, o que lhe permite registrar uma espécie de diário no Facebook. Na manhã de segunda-feira, no entanto, Bruno acabou detido após funcionários chamarem a polícia. Na 29ª DP (Madureira), o militar foi autuado por infringir o artigo 42 inciso 1 da Lei das Contravenções Penais: “perturbar alguém no trabalho ou sossego alheio com gritaria ou algazarra”.
Apesar do ocorrido, Bruno — que prestou depoimento e foi liberado em seguida — continua indo à UPA fotografar as escalas de plantão e verificar se os profissionais cujos nomes aparecem na lista estão, de fato, trabalhando. Ontem à noite, segundo ele, não havia pediatra de plantão e, dos quatro clínicos gerais listados no informativo afixado na recepção, nenhum estava fazendo atendimentos.
O militar conta que passou a fiscalizar a UPA de Madureira após precisar de uma consulta para o filho, mas não conseguir por falta de médicos.
— Pedi para ver a escala, e a assistente social, ironicamente, disse que, se eu quisesse saber, era para ir lá todos os dias às 7h e às 19h, quando o plantão é trocado — lembra Bruno. — Ela achou que eu não ia fazer isso, mas, como trabalho embarcado, tenho muito tempo livre quando estou em casa.

Bruno fotografa quadro da UPA de Madureira.
Bruno fotografa quadro da UPA de Madureira. Foto: / Roberto Moreyra / EXTRA

No início, o objetivo do economista era apenas ver quantos e quais profissionais estavam escalados para trabalhar. Até que um dia se deparou com uma senhora lamentando a falta de pediatra na unidade, embora houvesse médicos dessa especialidade na lista do plantão.
Bruno admite ter cometido um erro ao entrar em uma área restrita e perguntado a uma médica como ela se chamava, a fim de conferir as informações da escala. No entanto, ele diz não fazer mais isso desde que foi alertado para a infração. Agora, ele fica do lado de fora da UPA, perguntando aos pacientes o nome do médico responsável pelo atendimento, para ver se todos os escalados estão realmente trabalhando.
Direção da UPA alega invasão
Bruno conta que, na manhã de segunda, ao chegar à UPA, um funcionário o ameaçou. Como não havia copos descartáveis no bebedouro, ele saiu para comprá-los. Na volta, a polícia já esperava por ele. O militar afirma que essa foi à terceira vez que a PM foi acionada contra ele.
Um profissional da UPA que não quis ser identificado disse que a polícia foi chamada porque Bruno invade as salas durante as consultas dizendo-se “fiscal do povo”, causando constrangimento a todos.
— Temos câmeras na unidade que mostram que o que ele faz é um abuso. Ainda colocou o dedo no rosto da assistente social.
Por meio da Secretaria municipal de Saúde, a direção da UPA de Madureira informou que Bruno forçou entrada na Sala Amarela, setor que é restrito. Apesar de um dos profissionais ter lhe explicado que, por segurança e em respeito à privacidade de pacientes em atendimento, o acesso não poderia ser permitido, ele insistia em invadir o local, o que levou a unidade a pedir auxílio policial.


Fonte: Extra 

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