quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Crivella é um grande retrocesso

Essa questão se torna mais atual pela disputa da prefeitura do Rio. Um dos candidatos é Marcello Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal, cujo chefe é seu tio Edir Macedo, que já apareceu em reportagens na TV ensinando pastores a tirar dinheiro de fiéis

Por Cid Benjamin – do Rio de Janeiro  
                                                              Marcelo Crivella representa os setores mais conservadores da sociedade carioca
Os dicionários ensinam: laico é aquilo que não sofre influência de igrejas. Hoje, na maioria dos países o Estado é laico, não tem relação com religiões.
Isso representou um enorme avanço, pois a história da Humanidade é marcada por episódios de intolerância religiosa que causaram centenas de milhares, ou até milhões, de mortes.
No Brasil, o caráter laico do Estado foi garantido já na primeira Constituição republicana, em 1891, sendo um marco civilizatório no país.
Ao contrário do que alguns podem pensar, o Estado laico não inibe a prática religiosa. Pelo contrário, em particular em países como o Brasil, em que há muitas crenças diferentes, só o Estado laico garante a liberdade religiosa, impedindo perseguições.

Crivella e a igreja

Essa questão se torna mais atual pela disputa da prefeitura do Rio. Um dos candidatos é Marcello Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal, cujo chefe é seu tio Edir Macedo, que já apareceu em reportagens na TV ensinando pastores a tirar dinheiro de fiéis. Na eleição, Crivella tenta, a todo custo, desvincular sua imagem da igreja. Mas isso é missão impossível.
Ele se diz contrário à vinculação entre política e religião. Mas não explica por que, em campanhas anteriores, templos da Universal foram fechados por estarem sendo usados como comitês eleitorais.
Crivella não tem como negar também que, da primeira vez em que se candidatou, conseguiu se eleger senador mesmo sendo um ilustre desconhecido, graças ao apoio político e material da Universal.
Nesta campanha ele já se declarou favorável ao ensino de religião nas escolas públicas, o que atenta contra o caráter laico do Estado. E disse também não aceitar a teoria de Darwin sobre a evolução das espécies, numa clara demonstração de obscurantismo.

Exemplos claros

Ora, não se discute que é preciso respeitar a religiosidade das pessoas. Mas não se discute também que não merecem respeito líderes religiosos que vivem da exploração da fé alheia.
Nesse último caso, não se trata de preconceito. Trata-se de conceito.
Quem tiver dúvida acerca do caráter das mais poderosas dessas igrejas, que ligue a TV hoje à noite. Na maior parte dos canais abertos encontrará exemplos claros.
Por isso, ter na prefeitura um representante da Universal seria um retrocesso.
Que os cariocas abram os olhos.
Fonte: Cid Benjamin é escritor e jornalista.

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