sábado, 7 de dezembro de 2013

Com 29 mil casas em áreas de risco, Rio deve sofrer com aumento de chuvas

Com 29 mil casas em áreas de risco, Rio deve sofrer com aumento de chuvas 
Com 29 mil casas em áreas de risco, Rio deve sofrer com aumento de


A chegada do verão e o aumento das chuvas representam um sinal de alerta para inúmeras residências localizadas em áreas de risco da cidade. De acordo com dados do Rio Como Vamos, de janeiro deste ano, o número de residências em situação de risco de escorregamento no Rio já chega a 29.540. Os bairros que apresentam o maior número de casas nessa situação são o Méier, o Rio Comprido, a Tijuca e a Rocinha, além do Complexo do Alemão. Para evitar que desastres como os da Região Serrana e do Morro do Bumba, em Niterói, ocorram nesses locais, a Defesa Civil do município afirma realizar “atividades rotineiras de prevenção”. Especialistas afirmam que as ações da Prefeitura têm contribuído para redução de danos na iminência ou após a ocorrência dos desastres, mas não são eficazes em impedir as tragédias.

No área do Méier, bairro com 4.590 unidades em risco, as comunidades mais suscetíveis a desastres são o Morro do Urubu, em Pilares, com 756 casas em perigo, e a Dona Francisca, localizada no Lins e com 420 unidades residenciais em perigo. O Rio Comprido já soma 2.613 casas com risco de comprometimento, 564 delas apenas na favela do Sumaré. Já no Complexo do Alemão são 2.799 unidades em risco de escorregamento, das quais 1.147 estão localizadas no Morro do Alemão, segundo dados do Rio Como Vamos. A favela da Rocinha totaliza 3.163 casa em risco e o bairro da Tijuca, 3.009, onde as situações mais delicadas encontram-se no Morro do Borel, com 1.100 residências ameaçadas, e no Morro da Formiga, com 666.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (CREA-RJ), Agostinho Guerreiro, afirma que os desabamentos são resultado de décadas de descaso e falta de políticas de habitação para os mais pobres, que foram obrigados a se alocar em locais arriscados, como os morros. Após anos de ocupação irregular, Agostinho considera “muito difícil” evitar tragédias a tempo.

“Nessas questões, a Prefeitura tem procurado criar ações, mas o resultado final não tem sido alcançado, porque são problemas acumulados de 40, 50 anos. Então são décadas de problemas de ocupações irregulares, áreas com inclinação maior que 45 graus, em topo de morro. Acho muito difícil haver uma solução num prazo que seja curto, para antes do verão”, prevê Agostinho.

A Defesa Civil, em nota da assessoria, afirma que inclui nas ações preventivas a capacitação de moradores e um sistema de alarme implantado em 103 comunidades da cidade. O órgão também realiza o Defesa Civil Itinerante, programa voltado para orientar os moradores sobre os riscos de desastres naturais, explicar sobre o trabalho da Defesa Civil, atender solicitações para vistorias em imóveis e esclarecer dúvidas dos moradores. Também envia mensagens de textos gratuitos para mais de 55 mil usuários cadastrados, alertando para a ocorrência de chuvas fortes.

Contudo, na maioria das vezes, as iniciativas de prevenção não são eficazes, pois os locais das residências estão comprometidos em sua estrutura, pelas características irregulares do trecho ocupado. Dessa forma, ações de conscientização e redução de danos da Prefeitura não evitam a perda do imóvel. Para Agostinho, o Rio precisa de medidas sérias de habitação, para que pessoas de comunidades carentes tenham a possibilidade de morar em locais adequados, a exemplo do ‘Minha Casa, Minha Vida’, programa do governo federal. Sem isso, as tragédias seguirão acontecendo, inevitavelmente.

“Acho que o projeto que tem procurado ajudar nesse ponto, que é um projeto estratégico do governo federal, é o ‘Minha Casa, Minha Vida’. Infelizmente, ele jamais terá a velocidade suficiente para dar alternativas para essas famílias antes do verão. Isso significa que lamentavelmente e com muita tristeza, a gente pode afirmar que chuvas como a que ocorreu ontem vão continuar acontecendo. São fenômenos inevitáveis e lamentavelmente vamos continuar tendo a destruição de casas e problemas vários, muitos deles fatais. Ou seja, o que aconteceu ontem vai se repetir várias vezes, até que a gente consiga acelerar o processo de alternativa para as moradias dessas pessoas”, lamenta Agostinho.
Fone: Jornal do Brasil
Gabriella Azevedo*

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