domingo, 1 de julho de 2012

Carlos Drummond de Andrade, cronista que o 'JB' ajudou a imortalizar a obra

Foram 15 anos de parceria com mais de 2.300 textos publicados, três vezes por semana

Na semana em que o Estado do Rio de Janeiro será palco da 10ª Feira Literária de Parati (Flip), na cidade de mesmo nome, o Jornal do Brasil se associa aos organizadores do evento nas homenagens que serão prestadas a Carlos Drummond de Andrade, pelos 110 anos de vida que se completariam no próximo mês de outubro.
A Flip, como explicou seu curador, Miguel Conde, homenageará Drummond pelas suas poesias, "em detrimento das crônicas, porque se trata de um material ainda pouco conhecido, por incrível que pareça".
É dificil dizer se o Drummond “cronista”, aquele capaz de, em poucas linhas, abordar os mais corriqueiros fatos da sociedade brasileira, tornou-se realmente mais conhecido do que o autor de poesias como “No meio do caminho”, “José”, “Receita para um Ano Novo”, entre tantos outros clássicos.
Não resta a menor dúvida, porém, e isto é motivo de orgulho para o Jornal do Brasil, que as páginas do “Caderno B” ajudaram – e muito – a tornar o cronista um pouco mais conhecido do público brasileiro, notadamente dos leitores cariocas e fluminenses.
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O Jornal do Brasil selecionou imagens do grande escritor Carlos Drummond de Andrade, que comemora 110 anos de nascimento este ano. Fotos: CPDoc JB
Foi uma parceria de 15 anos, iniciada em 2 de outubro de 1969, através da qual, às terças, quintas e sábados de todas as semanas, este mineiro de Itabira abrilhantava a última página daquele caderno que fez história no jornalismo brasileiro.
Durante 780 semanas, o escritor e poeta, com sabedoria, mesclava críticas agudas, algumas dissimuladas, lirismo e humor em crônicas nas quais abordava questões literárias, econômicas, políticas e sociais docotidiano brasileiro. Nos deixou um legado de mais de 2.300 textos, em uma colaboração que se estendeu até 1984, três anos antes de sua morte, em 17 de agosto de 1987.
O Jornal do Brasilse honra de ter abrigado em suas páginas estas preciosas crônicas, em uma época em que as notícias circulavam, prioritariamente, em meios impressos.
Como se honra mais ainda de ter conseguido transportar –em uma parceria com o Google - todo este legado histórico das velhas e surradas páginas de jornal – a que pouquíssimos tinham acesso – para seu acervo digital, tornando-o acessível facilmente pelarede internacional de computadores.
Ao associar-se às homenagens da 10ª Flip a este brasileiro ímpar, o JB reapresenta algumas destas históricas crônicas, muitas das quais caíram em total esquecimento, como a primeira, de 2 de outubro de 1969. Nela, Drummond, de forma sempre inegualável, comentava o leilão do que sobrou de uma das nossas principais empresas aéreas, a Panair.
Sua leitura nos leva a imaginar qual seria a reação do poeta se assistisse, a partir de 1991, o festival de leilões de estatais, algumas vendidas a preços discutíveis e ainda com financiamento de bancos públicos, em nome da modernização do país e de sua economia. Talvez até os apoiasse, quem pode imaginar?
>>A 1ª crônica no JORNAL DO BRASIL: "Leilão do ar", em outubro de 1969
Pálpável, porém, é constatar a delicadeza com que ele abordou um fato inusitado, da mesma forma que faria depois com casos corriqueiros, como os leitores do JB perceberão nos próximos dias em que uma ínfima parte deste legado lhes será apresentada.
O JB apresenta ainda um diferente "perfil” deste mineiro de Itabira. Quem o conheceu de perto sabe da solidão que o abatia, apesar de toda a fama que, já em vida, desfrutava. Uma “entrevista imaginária”, obra de Luiz Orlando Carneiro, partiu de textos do cronista, os quais foram formuladas perguntas posteriores às respostas, que ajudam a mostrar um pouco mais deste fantástico brasileiro.
>> Entrevista imaginária com o poeta
Registre-se que todo o trabalho de pesquisa ficou a cargo de Lucyanne Mano, do CPDoc JB, as reportagens e edição foram da autoria de Maria Luiza Pereira e a arte final do projeto coube a Rodrigo Quadros.
Fonte: Jornal do Brasil

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