quinta-feira, 26 de julho de 2012

PSDB, DEM e PV vão entrar com representações contra Cabral

Partidos reagiram às declarações do governador em Londres, onde pediu votos para Paes

RIO - Os diretórios do PSDB, DEM e do PV no Rio de Janeiro vão entrar com representações na Justiça Eleitoral contra o governador do Rio, Sérgio Cabral, por propaganda eleitoral irregular e uso da máquina no processo eleitoral. O motivo foi a declaração de Cabral durante evento realizado nesta quarta-feira em Londres, quando ele pediu votos para o prefeito Eduardo Paes, candidato à reeleição pelo PMDB. O governador do Rio viajou para participar da abertura dos Jogos Olímpicos.
O candidato tucano a prefeito, Otavio Leite, considerou o fato um “abuso de autoridade”. Ele ressaltou que o partido também vai entrar com uma representação contra Paes, pelo mesmo motivo.
- É um nítido caso de abuso de autoridade, que ofende a Lei Eleitoral. Afinal era um evento oficial do Rio, e o palanque acabou virando eleitoral, custeado pelo bolso dos cariocas. Estes abusos estão se tornando um péssimo exemplo para a nossa democracia. Estão se tornando lugar comum à postura do governo do Rio - disse Otavio.
O secretário de Assuntos Jurídicos do PV, Eurico Toledo, afirmou que as declarações de Cabral em Londres “afrontam a Constituição”. Já o DEM, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que vai pedir na Justiça o retorno dos recursos públicos usados na viagem do governador.
O candidato pelo PSOL, Marcelo Freixo, informou que o partido não vai entrar com representação, mas vai aguardar a posição dos órgãos fiscalizadores quanto ao fato. Freixo criticou a postura de Cabral em Londres.
- Eles (Cabral e Paes) perderam completamente o limite do público com o privado. Espero que, desta vez, ele não tenha colocado guardanapo na cabeça para pedir voto - disse Freixo, se referindo a foto dos secretários do Rio durante viagem a Paris.
No entanto, o Ministério Público Eleitoral (MPE) informou que, inicialmente, não exerga irregularidades na atitude de Cabral. Segundo informou a assessoria de imprensa, só seria considerado crime eleitoral se a declaração de Cabral fosse feita antes do último dia 6, quando começou a campanha.
Para cientista político, Cabral foi oportunista
O cientista político Ricardo Esmael considerou o fato como um "oportunismo" de Cabral, e que merece o repúdio da população.
- Um governador tem que saber separar as coisas. Ele está representando as forças do Rio de Janeiro, não só o PMDB e o seu candidato. Se ele aproveitou para fazer campanha, acho que certamente merece repúdio. Agora, se é crime eleitoral, isso eu não posso dizer, mas o caso é, no mínimo, uma falta de sensatez - disse.
Já o David Fleisher, cientista político da Universidade de Brasília (UnB), acha normal este tipo de comportamento em anos eleitorais
- Eu acho que qualquer político brasileiro aproveita estas brechas. Se o Paes for reeleito, vai pegar as Olimpíadas do Rio no final de sua gestão, o que é interessante para Cabral em termos de exposição - explicou.
Lula foi multado após pedir votos para Paes
Além de Cabral, o ex-presidente Lula também pediu votos para Paes, antes mesmo do período de propaganda eleitoral, em junho. O feito foi registrado durante o lançamento da Transoeste, corredor expresso que liga os bairros de Santa Cruz, Campo Grande e Barra da Tijuca, todas na Zona Oeste do Rio. Por conta do pedido de votos, Lula foi multado em R$ 5 mil.
- Hoje eu posso dizer para vocês que valeu a pena pedir votos para Eduardo Paes. Posso te dizer, Eduardo, que, em 2012, eu tenho muito mais convicção - discursou Lula na ocasião, se referindo a campanha de 2008, quando também pediu votos para o atual prefeito do Rio

Fonte: O Globo

Um comentário:

  1. Em época de eleição, de campanha eleitoral, não vejo como irregular pedir voto. Se estivéssemos fora do período de campanha tudo bem, mas não é o caso.

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