quarta-feira, 25 de julho de 2012

MPF: Carlinhos Cachoeira pode pegar 20 anos de prisão

No primeiro dia de audiência, advogados tentam desqualificar provas contra grupo do bicheiro



Cachoeira tenta se esconder de fotógrafos no carro, depois do interrogatório na 11ª Vara Federal de Goiás: depoimento do bicheiro será nesta quarta-feira
Foto: O Popular / Ricardo Rafael
Cachoeira tenta se esconder de fotógrafos no carro, depois do interrogatório na 11ª Vara Federal de Goiás: depoimento do bicheiro será nesta quarta-feiraO Popular / Ricardo Rafael

GOIÂNIA - O Ministério Público Federal diz acreditar que o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, seja condenado a mais de 20 anos de prisão, e que isso aconteça até o final de agosto. O julgamento está na fase final. Nesta terça-feira, o juiz Alderico Rocha Santos, substituto da 11ª Vara Federal de Goiás e responsável pelo processo, interrogou as primeiras testemunhas do caso — dois agentes da Polícia Federal que participaram das investigações da Operação Monte Carlo, deflagrada em 29 de fevereiro. Durante a sessão, advogados de defesa tentaram dificultar o andamento dos trabalhos, desqualificar as investigações da Polícia Federal e desferiram ataques à imprensa.
— As provas dos autos são robustas. O Ministério Público trabalha com a possibilidade de condenação superior a 20 anos — rebateu a procuradora Léa Batista Oliveira, no intervalo da primeira audiência.
Depois do interrogatório de testemunhas e réus, acusação e defesa terão dez dias para apresentar as alegações finais. Ao final do prazo, o juiz terá mais dez dias para concluir o processo e encerrá-lo. Cachoeira e mais sete cúmplices são acusados de corrupção de agentes públicos e formação de quadrilha armada, entre outros crimes. O bicheiro, cujo interrogatório está previsto para esta quarta-feira, deverá ser denunciado ainda por lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
A relação entre Cachoeira e políticos, como o ex-senador cassado Demóstenes Torres e o governador de Goiás, Marconi Perillo, está sob investigação do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.
A sessão de interrogatório das testemunhas começou em clima tenso, pouco depois das 9h. Alguns advogados reclamaram da segurança, dos jornalistas e do desmembramento do processo, que contava inicialmente com 81 acusados.
Durante o interrogatório do agente Fábio Alvarez Shor, testemunha do MP, Dora Cavalcanti e Ney Moura Teles, advogados de Cachoeira e do ex-vereador Wladmir Garcez, um dos oito acusados, tentaram apontar falhas formais no inquérito da Polícia Federal. Em nenhum momento, porém, os advogados rebateram o conteúdo da denúncia formulada por Léa Batista e pelo colega Daniel de Resende Salgado. A mesma estratégia foi usada com o segundo depoente, o agente da PF Luiz Carlos Pimentel.

Advogados querem anulação de provas

Para tentar justificar que Demóstenes Torres teria sido investigado ilegalmente e, por isso, o processo seria nulo, o advogado Moura Teles citou um diálogo de Demóstenes com Cachoeira sobre legalização dos jogos, cujo teor foi ouvido pelos agentes da PF. A citação serviu para insinuar que Demóstenes fora investigado indevidamente e, portanto, a denúncia não teria validade.
— Esses diálogos foram extirpados do processo, mas o agente ouviu vários diálogos de Demóstenes e Cachoeira. Essa é a chave da nulidade desse processo — disse Teles.
O procurador Daniel Resende lembrou, então, que o diálogo faz parte da Operação Vegas, e não da Operação Monte Carlo, motivo do processo. O interrogatório das testemunhas foi acompanhado por Cachoeira e outros seis réus. O grupo é apontado como núcleo central da organização do bicheiro.
Nesta quarta-feira, os advogados tentarão retardar os interrogatórios dos réus. O MPF acredita que Cachoeira permanecerá calado. Numa rápida conversa com o juiz, o bicheiro provocou risos na plateia. Perguntado pelo magistrado se poderia ser chamado de Carlos Cachoeira, respondeu:
— Carlinhos Cachoeira.

Fonte: O Globo

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