Fracassou a reunião desta segunda-feira, 23, entre professores,
universitários e representantes do governo para discutir o fim da greve nas
instituições federais de ensino, sem aulas desde o dia 18 de maio. Nesta tarde,
o governo ofereceu R$ 3,9 bilhões em reajustes salariais nos próximos três anos
aos professores. A proposta foi rejeitada. Sindicalistas e técnicos dos
ministérios de Educação e do Planejamento discutiram durante mais de quatro
horas a pauta de reivindicações. Uma nova reunião já está prevista para ocorrer
até a próxima quarta-feira.
A presidente do Sindicato Nacional dos
Docentes de Instituições de Ensino Superior (Andes), Marinalva Oliveira, diz que
a discussão é de "concepção". Ela reclama que o governo está incentivando a
desestruturação da carreira, ao impedir a progressão, criando barreiras para o
docente chegar ao teto da profissão. Já o governo diz que questões como a
titulação devem ser discutidas em outra mesa de negociação, propondo um grupo de
trabalho específico para o tema. "Creio que devemos focar os pontos de
divergência", afirmou Amaro Lins, secretário de Ensino Superior do Ministério da
Educação. "O maior cuidado que devemos ter é com os jovens de nossas
instituições", acrescentou.
Pouco antes, Marinalva Oliveira afirmou em
tom exaltado que a responsabilidade pela situação dos estudantes é do governo. A
uma pergunta sobre se não temia o corte do ponto, ela respondeu: "A nossa greve
é legal. Quem não está avançando é o governo, que só depois de sessenta dias
está apresentando uma proposta".
Embora haja consenso de que "questões
técnicas" e "conceituais" não estão abaixo do debate salarial na pauta dos
sindicalistas, setores do governo dizem que o movimento pretende acabar com a
valorização dos títulos de mestre e doutor nas universidades. Os grevistas que
têm essa linha de raciocínio defendem que apenas o tempo de trabalho seja o
suficiente para um docente atingir o topo da carreira.
Questionado sobre
a importância da titulação como incentivo para a melhoria do ensino, o
sindicalista Gutemberg Almeida, do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da
Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), respondeu que "os
títulos seriam um estímulo se o governo não incluísse também na progressão da
carreira fatores como a produtividade". Ele diz que hoje os professores estão
tendo carga horária elevada em sala de aula, prejudicando pilares das
universidades como a pesquisa e a extensão.
Greve. O impasse entre governo federal e professores de
universidades federais continua. O secretário de Relações do Trabalho do
Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, reconhece que não houve avanço nas
negociações. “Ainda estamos muito longe de um acordo”, admitiu. Uma nova reunião
foi agendada para as 10 horas desta terça-feira, 24.
Das 59 universidades federais do País, apenas duas não aderiram à greve. A
grande maioria dos 38 institutos federais de educação também está com as
atividades paralisadas.
Fonte: Leonencio Nossa - Agência Estado, com informações da Agência Brasil
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