domingo, 9 de abril de 2017

André Ceciliano assume Alerj na licença de Picciani e diz temer 'convulsão social' no RJ

Em entrevista exclusiva ao G1, petista diz que Rio pode viver momento conturbado em maio, com parcelamento de policiais. Titular pediu licença médica para tratar câncer.

A partir de terça-feira (11), o deputado André Ceciliano (PT) assume a presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) no lugar de Jorge Picciani (PMDB), que pediu afastamento para tratar um câncer. Em entrevista ao G1, o petista de 49 anos disse que, embora seja de um partido que chegou a romper publicamente com o PMDB no plano nacional, não vai "mudar nada" em relação à direção de Picciani.

Ele espera que o mandato interino dure, no máximo, 10 dias – e diz torcer pelo retorno do colega. Neste período, não pretende voltar com o pacote de austeridade à pauta, mas se posiciona a favor do aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14%.

"Quem acompanha a Assembleia sabe que até o final do ano passado estávamos vivendo uma crise. E foi a figura, a liderança do presidente [Picciani] que acalmou. A gente precisa muito do presidente para votar o que o governo pensa em votar", defende.

Crise

O petista reconhece que a necessidade de intervir na crise é grande, mas diz que o Estado depende em grande parte da ajuda federal. Ele estima que, sem o apoio externo, o Rio pode viver uma "convulsão social" já no próximo mês, com o parcelamento do salário de policiais.

"Nós temos mais uns 20, 30 dias para resolver o problema. Tem categorias recebendo em até 8 vezes, parcelado. A Segurança recebe atrasado, mas dentro do mês. Como vai continuar pagando a Segurança no dia se o MP se o Tribunal de Justiça já foram à Justiça para garantir o duodécimo. Seguramente teremos que parcelar também [a Segurança] se não resolver [nacionalmente] o problema. Acredito que, se não resolver o problema até maio, o Rio de pode viver uma convulsão social".


Pezão

Dar continuidade aos pedidos de impeachment do governador Luiz Fernando Pezão está fora dos planos de Ceciliano.

"Não vou [agilizar o impeachment], isso vai seguir o rumo normal aqui [na Alerj]", disse. "Tirar o governador Pezão não resolve o problema do Estado. O que resolve são recursos novos. Esse ano foram em torno de R$ 6 bilhões de bloqueio nas contas. Como o Governo pode se organizar, se toda hora tem bloqueio de R$ 70 milhões, R$ 80 milhões, R$ 120 milhões?", diz.

De acordo com o presidente interino da Assembleia, não há de se imputar à figura de Pezão a responsabilidade pela crise. "Ele herdou todos os aumentos salariais de ativos e inativos e essa queda de receita, que foi no país inteiro."


Investigações

O mandato interino de Ceciliano começará duas semanas após Picciani ser conduzido coercitivamente para depor na Polícia Federal. Ele não descarta que as investigações cheguem a outros deputados da Alerj.

"Acho que ninguém está livre disso. Tem boato para todo tipo, todo mundo fazendo delação. A mim não espantaria se chegasse [na Alerj] porque é uma casa política. Mas o que a gente quer é que seja esclarecido. Senão fica denuncismo", opina.

Perfil

André Ceciliano nasceu em Nilópolis, na Baixada Fluminense, e se mudou para Paracambi aos 5 anos com a família. Casado com a médica Ludmila Ceciliano, tem dois filhos, Giulia e Andrezinho.

O início na política foi aos 28 anos, quando se candidatou, sem sucesso, a prefeito de Paracambi. Dois anos depois, em 1998, foi eleito deputado estadual pelo PT. Em 2000, na segunda tentativa, foi eleito para a Prefeitura de Paracambi.

Em 2005 retornou à Prefeitura de Paracambi com a cassação, por compra de votos, do então prefeito eleito, Dr. Flávio (antigo PL). Tentou também ser prefeito de Japeri, mas ficou em segundo lugar na votação.

 Em 2010 disputou o cargo de deputado estadual e ficou como primeiro suplente do PT. Acabou assumindo a vaga de deputado com a saída do deputado Carlos Minc para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente.

Hoje, integra as Comissões de Defesa do Meio Ambiente, de Saneamento Ambiental, de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional e de Tributação, Controle da Arrecadação Estadual e Fiscalização de Tributos Estaduais. 
Fonte: G1

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