quarta-feira, 28 de maio de 2014

"SE ME DESFILIAREM, NÃO DEVOLVO O MANDATO"

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Deputado estadual Luiz Moura afirma ter "ficha limpa" e nega qualquer relação com o PCC; petista deu entrevista antes de fazer discurso de defesa na Assembleia Legislativa; acusado de ligações diretas com o crime organizado, ele nega; "quem vier me acusar vai ter de ter a ficha muito mais limpa do que a minha", desafiou; "a renúncia não passa pela minha cabeça", prosseguiu; ex-diretor da Transcooper, que reúne os donos de vans que operam no transporte coletivo em São Paulo, a suspeita é a de que Moura esteja por detrás dos tumultos da semana passada, quando ônibus foram atacados para forçar uma greve de motoristas; "Se o PT me abandonar, estará deixando de ser um partido de esquerda, que promove a dignidade dos que são acusados injustamente", completou
 Está tudo pronto para que, na tarde desta quarta-feira 28, o deputado estadual Luiz Moura suba à tribuna da Assembleia Legislativa para um pronunciamento. O que poderia ser rotina, no entanto, mobiliza as atenções da direção nacional do PT, partido ao qual Moura é filiado. E não é para menos. Em março, num momento de agitação sindical entre os motoristas e cobradores de ônibus, o parlamentar foi flagrado numa reunião com nada menos que 13 homens identificados pela polícia como integrantes do PCC, o Primeiro Comando da Capital, hoje a principal liga do crime organizado no País.
Moura é presidente de honra da Transcooper, a cooperativa de vans que circulam pela capital. A suspeita é que ali estivessem sendo tramadas os estratagemas para realizar ataques a ônibus de passageiros, de modo a aumentar sobremaneira a demanda do público pelas vans. A polícia paulista trabalha com informações de que há mais de uma década o transporte coletivo neste tipo de veículo é todo ele controlado pelo PCC, que aufere seus lucros. Moura seria, menos que um deputado do PT, um típico braço parlamentar de uma organização criminosa.
A expectativa é a de que Moura manifeste hoje, em seu discurso, completa inocência sobre qualquer ligação com o PCC ou os tumultos que se registraram, na semana passada, em São Paulo. No que o prefeito Fernando Haddad chamou de "guerrilha", pontualmente ônibus tiveram suas viagens interrompidas, centenas de passageiros foram ameaçados, coletivos foram atravessados sobre grande avenidas e o caos se deu. Não houve registro de qualquer incidente, no entanto, com vans coordenadas pela Transcooper.
As atenções da cúpula do PT se voltam para o discurso de Moura porque o parlamentar é um quadro que vai ganhando influência na legenda. Especialista na matéria, como insinua sua láurea de presidente de honra da Transcooper, Moura sabe muito sobre os bastidores do complexo sistema de transportes da capital. Na verdade, é um de seus principais atores. O discurso de que não tem nada a ver com o que está acontecendo pode colar, mas ele será lembrado toda vez que São Paulo for atacada novamente pela "guerrilha". É o chamado deputado bomba.
DEFESA NO ATAQUE - Em entrevista antes de discursar em sua própria defesa, Moura afirmou que nem pensa em renunciar ao mandato. "Se a direção do PT pedir a minha desfiliação, não irei devolver o meu mandato. Caso isso ocorra, o PT estará deixando de ser um partido de esquerda, que defende a dignidade da pessoa humana". Ele negou ter vínculos com o crime organizado. "Eu nasci na periferia, não nego as minhas origens, mas não conheço ninguém desse grupo", alegou.

Fonte: SP 247

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