sábado, 17 de maio de 2014

Fifa admite (pela razão errada) que Copa no Catar é um erro

Centenas de trabalhadores já morreram nas construções da Copa do Mundo de 2022, mas a Fifa se preocupa, mesmo, é com o calor


Em Doha, delegação da Fifa olha maquete de estádio para a Copa do Mundo no Catar
Em Doha, delegação da Fifa olha maquete de estádio para a Copa do Mundo no Catar: Fifa admite que escolha da sede foi um erro

São Paulo - Duas razões tornam a Copa do Mundo do Catar, em 2022, um grande desastre e, portanto, um erro.
A primeira: o calor massacrante que se faz no país, principalmente no verão. Fato que obriga a Fifa a repensar um calendário tradicional e jogar o campeonato para o fim do ano.
A segunda (mas a que realmente importa, afinal): 1200 trabalhadores já morreram durante as construções dos estádios e das obras de infraestrutura.
Não, você não leu errado. 1200 homens. E estamos longe de 2022.
Segundo a International Trade Union Confederation, até o começo dos jogos, serão quatro mil mortos.
A Fifa insistia em tampar os olhos e não criticar duramente o país. Era o espetáculo a frente dos seres humanos.
Agora, Joseph Blatter, presidente da entidade, veio a público e admitiu que sim, dar a Copa de 2022 ao país foi um erro.
Sinal de esperança?
Não.
O erro, na verdade, trata apenas do calor de 50 graus que espera os jogadores.
Ao canal suíço RTS, Blatter disse: "É claro, foi um erro. Eu sei, nessa vida sempre cometemos erros".
"O relatório técnico indicava claramente que seria muito quente no verão. Mas a maioria do nosso comitê votou a favor do Catar", completou.
Ao que parece, o relatório técnico sobre as condições análogas à escravidão nas obras dos estádios a as péssimas condições de segurança ficou em segundo plano.
Por quê os membros da Fifa votaram pelo Catar mesmo com o relatório indicando que a ideia seria equivocada?
Segundo muita acusações, corrupção e propina envolvem essa jogada.
Blatter continua negando, dizendo que o país não "comprou a Copa".
Mortes
No país, a maioria da mão-de-obra barata é formada por imigrantes do Nepal, Índia e Paquistão.
Os operários são expostos a longas jornadas - muitas acima de 12 horas - e lidam com um ambiente de trabalho pouco seguro e carente de infraestrutura adequada.
Há relatos de condições análogas à escravidão nas obras da Copa. Passaportes são confiscados e os salários são retidos pelos chefes durante meses. Tudo isso com um calor de 50 graus Celsius sobre a cabeça.
Muitos se machucam seriamente ou morrem após caírem de grandes alturas. Outros se suicidaram.
Segundo o relatório: “As péssimas condições de trabalho levam os trabalhadores à morte: acidentes de trabalho, ataques cardíacos, doenças desenvolvidas por conta da vida precária”.
Fonte: Exame.com

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