quinta-feira, 22 de maio de 2014

Pezão promete incorporar gratificação de policiais civis

  • Projeto será enviado à Alerj até o fim de junho
  • Categoria saiu de encontro com governador nesta quinta-feira sem falar com a imprensa
  • Na noite de quarta-feira, agentes resolveram fazer nova paralisação de 24 horas

  • Policiais civis aguardam em frente ao Palácio Guanabara para encontro com o governador Foto: Marcia Foletto / Agência O Globo
    Policiais civis aguardam em frente ao Palácio Guanabara para encontro com o governadorMARCIA FOLETTO / AGÊNCIA O GLOBO
    RIO - O governador Luiz Fernando Pezão afirmou, nesta quinta-feira, após encontro com policiais civis para decidir os rumos da greve da categoria, que, até o fim de junho, mandará projeto de lei à Alerj com a proposta de incorporação da gratificação especial dada aos policiais em Delegacias Legais. O governador, no entanto, disse que, apesar de ter a intenção de atender a reivindicação dos agentes, ele precisa ver de que forma isso poderá ser pago sem prejuízo aos cofres do governo:
    — A reunião foi muito boa. Há mais de três meses, antes mesmo de tomar posse, venho conversando com os policiais. Reafirmei hoje o compromisso de atender a incorporação que reivindicam, mas tenho que estudar de que forma fazer isso porque o impacto é grande. Há outras categorias para atender.
    O governador argumentou que, em fevereiro, todos os servidores da área de segurança pública receberam aumento de 11,16%.
    — Nos sete anos do nosso governo, foram 147% de aumento. Nenhuma categoria dentro do estado teve isso. Eles não têm motivo para fazerem greve. Nenhum governo fez tanto esforço para valorizar a segurança pública como o nosso. Eles reivindicam essa incorporação há 12 anos e ela é justa, mas no último ano de governo não posso ser irresponsável. Preciso estudar de que forma isso será pago.
    Cerca de 15 policias civis participaram do encontro que durou cerca de duas horas, no Palácio Guanabara. Os representantes da categoria saíram sem falar com a imprensa. Também participaram da reunião o secretário da Casa Civil, Leonardo Espíndola; o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame; e o chefe de Polícia, Fernando Veloso.

    Mais cedo, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sindpol), Francisco Chao, disse que os policiais não foram ao encontro para resolver qualquer impasse e que a paralisação de 24 horas da categoria estaria mantida.
    — Quem criou o impasse foi o governador. Viemos aqui porque fomos convocados. Espero que ele diga que a negociação salarial de um ano vai ter fim. Deixei claro para o governador que trabalhei muito para evitar isso. Lamento que a situação tenha chegado a esse ponto — disse Chao.
    O presidente do Sindpol afirmou ainda que foi suspensa, nesta quinta-feira, a operação de repressão qualificada - ações de policiamento ostensivo que a Polícia Civil vem fazendo rotineiramente na cidade para tentar diminuir os índices de criminalidade.
    Na noite desta quarta-feira, em assembleia no Club Municipal, na Tijuca, os agentes decidiram fazer nova paralisação. Os policiais reivindicam a incorporação ao salário da gratificação de R$ 850 paga a quem trabalha em delegacia legal, além de reajustes nos auxílios alimentação e transporte.
    Na assembleia, os policiais votaram ainda pelo uso de tarja preta no braço até que as reivindicações da categoria sejam atendidas, e a doação de sangue no Hemorio, no próximo dia 28. Além disso, eles pretendem distribuir panfletos, em diferentes idiomas, aos turistas que chegarem no setor de desembarque do Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Galeão, no dia 6 de junho.
    A categoria pediu ainda ao presidente do Sindpol que leve uma outra reivindicação ao governador: o fim das operações ostensivas (rondas), conhecidas como “repressões qualificadas”. Eles argumentaram que tal tarefa, seguindo os preceitos da Constituição Federal, cabe à Polícia Militar.
    O chefe de Polícia Civil, que se reuniu nesta quarta com representantes do Sindpol, disse que apoia a pauta de reivindicação da categoria.
    Na tarde desta quarta-feira, cerca de 500 policiais fizeram uma manifestação em frente à Cidade da Polícia, no Jacaré. Eles fecharam por cerca de dez minutos a Avenida Dom Hélder Câmara.
    Francisco Chao disse que o governo do estado havia prometido que faria a incorporação da gratificação da delegacia legal em nove parcelas, terminando em agosto do ano que vem.
    Segundo o sindicalista, a adesão ao movimento nesta quarta-feira foi de quase 100%. Ele ressaltou que os policiais não deixaram de comparecer às delegacias, mas apenas os casos de roubos de veículos, homicídios e ameças graves foram registrados. Já o Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil (Sinpol) estimou que 40% dos agentes foram trabalhar para registrar as ocorrências graves, como manda a lei. Segundo Fernando Veloso, a paralisação da categoria não provocou grandes transtornos, mas não revelou o percentual de policiais que aderiram ao movimento.
    Nesta quarta-feira, o movimento nas unidades da Polícia Civil foi reduzido. Nas delegacias do Leblon e da Gávea, cartazes colados nas portas informavam sobre a paralisação. Segundo um inspetor de plantão na 10ª DP (Botafogo), a população colaborou.
    Na segunda madrugada de greve da categoria, nesta quinta-feira, um incêndio atingiu, um galpão da Polícia Civil, na Zona Portuária. O fogo já foi controlado. O depósito, que fica na Rua Comandante Garcia Pires, esquina com a Avenida Francisco Bicalho, armazena sucatas de máquinas caça-níqueis. Não houve vítimas.

    Fonte: O Globo

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