sábado, 25 de janeiro de 2014

Um jeito bem carioca de protestar: na praia ou de bike

Banhistas boicotam aluguel de cadeiras. Ciclistas, alguns sem roupa, fazem ato no Centro


Rio - A temperatura não para de subir no Rio, e os preços na praia também. Com isso, a onda de protestos que vem mobilizando os cariocas desde o ano passado pegou o caminho do mar. Um ato convocado pelo Facebook conclama os banhistas para, a partir de hoje, não alugarem cadeiras e usarem a tradicional canga, como peça de resistência civil contra os preços ‘surreais’ das cadeiras alugadas por barraqueiros, que já estão saindo por R$ 10. Já as barracas, que protegem do sol, ameaçam o bolso: o aluguel delas está custando R$ 15. Mas engana-se quem pensa que o assunto parou por aí. 
Mais de duas mil pessoas aderiram à ideia no Facebook e confirmaram adesão ao ato marcado para hoje, intitulado como o ‘1º Boicote às Cadeiras de Praias Surreais’. Na rede social, banhistas e barraqueiros trocam farpas. “A cadeira pra chegar na praia já custa R$ 3,33. Para o comerciante ter lucro deve cobrar de R$5 em diante. Quem achar isso caro pode comprar suas próprias cadeirinhas”, provocou Tauê Couto. Logo veio o troco: “Bonita a conta. Só faltou mencionar quantas vezes a mesma cadeira é alugada por dia. Ou todo mundo aluga cadeira às 8h e só devolve quando o sol se põe?”, escreveu Debora Monadaini. 
As estudantes Lara, Barbara, Luiza e Camila já estão munidas com as armas para enfrentar a carestia nas areias de Ipanema. Elas só vão à praia de canga.
Foto:  Fernando Souza / Agência O Dia
Ontem de tarde, a luta já tinha começado. As estudantes Barbara Ferreira, de 15 anos, Camila Chaves, 17, Lara Meireles, 17 e Luiza Vasconcellos, 17, curtiam as férias escolares na praia de Ipanema. Cada uma trouxe sua própria canga de casa. “Está um absurdo. Em dois meses o preço dobrou. Viajamos para Búzios recentemente e lá era mais caro ainda, R$ 50. Não aceitamos essa cara de pau”, disse Luiza. 
A turista argentina Maria Guilhermina, 24, contou que se é caro para os cariocas, os preços sobem ainda mais quando os vendedores percebem que o cliente é turista. “A praia é pública e com esse preços parece que estou em um clube privado. Eu sou morena e engano de carioca, mas vim pra cá com um amigo loiro e para ele o preço da cadeira foi o dobro.”
Vasos sanitários no ‘Bacteriato’ 
Outra manifestação vai invadir a praia. Dessa vez, contra a poluição. Vasos sanitários com canos estendidos até a água e desenhos de bactérias serão espalhados na areia de Ipanema, em frente à Rua Teixeira de Melo. Batizado de ‘Bacteriato’, o manifesto foi criado pela rede ‘Meu Rio’. 
Ciclistas tiraram a roupa ontem à noite na Cinelândia para pedir ‘visibilidade’ à causa: eles querem pedalar com mais segurança pelo Rio
Foto:  Fernando Souza / Agência O Dia
“Em um segundo entram 18 mil litros de esgoto na Baía de Guanabara. E em 15 segundos que a pessoa demora pra ler esta informação, são 270 mil litros. Haverá privadas de verdade, com canos indo pro mar, e ao redor dos vasos vamos botar esculturas de bactérias. Vamos segurar cartazes com informações para mobilizar a população”, contou a coordenadora de mobilizações da rede, Leona Detkelbaun, 31.
Pelados na bicicleta, mas com causa 
Com o objetivo de dar visibilidade para o respeito ao ciclista no trânsito, mais de 200 pessoas se reuniram na Cinelândia durante a tarde de ontem para um protesto inusitado: pedalar sem roupa até a praça São Salvador, Laranjeiras. “Quando acontece um acidente, os motorista dizem que não nos veem. Então vamos ver se tirando a roupa eles olham para a gente”, explicou a estudante Rafaela Gimenes, de 23 anos. 
Por volta das 19h30, o grupo iniciou a pedalada. Uma das primeiras a tirar a roupa, Tatiana Carvalho, 37 anos, protestava contra o estado das ciclovias na cidade. “Não temos ciclovias de qualidade, então temos que nos arriscar na rua”, disse. 
Organizado pela internet, ato semelhante já aconteceu em São Paulo e Porto Alegre no ano passado. Segundo a Associação brasileira de prevenção dos acidentes de trânsito, cerca de 2 mil ciclistas morrem no trânsito por ano em todo o país.

Fonte: O Dia

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