Brasília - O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do
Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), quer a comissão centrada mais na
investigação da relação dos governos com o empresário goiano Carlos Augusto de
Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, do que nas atividades da empresa Delta com
os governos.
"O fato determinado da nossa CPMI é identificar a relação do Cachoeira com os
governos, com órgãos de Estado. Não é investigar a relação da empresa Delta com
governos", disse o relator à Agência Brasil.
Odair Cunha quer a comissão perseguindo o "foco", que, segundo ele, está nas
relações de Cachoeira com entes públicos. "A relação da Delta com governos não
deve ser investigada por nós, porque senão vamos perder o nosso foco. É preciso
nos preocuparmos com o fato determinado que originou essa investigação".
"Abrir a investigação de maneira ampla, geral e irrestrita não é bom método
de investigação. Não é um método eficiente. Fazendo isso, pode ser que a gente
deixe de fora ao fim de nossa investigação, as pessoas que o Cachoeira
corrompeu", disse o relator.
Ontem (8) o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) criticou a posição do
relator de não pautar os requerimentos de convocação do ex-diretor do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio
Pagot. Além disso, o senador acusou o relator de fazer uma "blindagem" à Delta.
“Tudo que tem interface com a Delta tem sido sobrestado", reclamou
Rodrigues.
Rodrigues é um dos parlamentares que pressionam para que na próxima
quinta-feira (14) haja uma sessão administrativa para votar os requerimentos de
convocação de Pagot. Ele também quer que a comissão julgue 28 requerimentos de
quebra de sigilos de empresas "laranjas" que teriam recebido dinheiro da
Delta.
Já o relator é contrário à sessão administrativa. "Temos 70 convocações de
pessoas já feitas e 38 quebras [de sigilo] de pessoas jurídicas, além de 12 de
pessoas físicas, que precisam ser analisadas. Nós não podemos sair quebrando
sigilos de pessoas e empresas ao sabor das pressões políticas e
partidárias".
Fonte: Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
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