sábado, 23 de junho de 2012

Izabella Teixeira anuncia criação de centro de sustentabilidade no Rio

Ministra do Meio Ambiente também rebateu críticas sobre o resultado do texto da Rio+20


A administradora do Pnud, Helen Clark, com Izabella Teixeira: ministra rebateu as críticas ao texto e anunciou centro de sustentabilidade no Rio
Foto: Reuters / Sergio Moraes

A administradora do Pnud, Helen Clark, com Izabella Teixeira: ministra rebateu as críticas ao texto e anunciou centro de sustentabilidade no RioReuters / Sergio Moraes
RIO — Após uma série de críticas apontando para um resultado pouco ambicioso na Rio+20, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, censurou os países desenvolvidos por não colocar recursos adicionais para a implementação de políticas sustentáveis. Ainda nesta sexta-feira, último dia de conferência, junto de Helen Clark, administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), a ministra Izabella Teixeira anunciou a criação do Centro Mundial de Desenvolvimento Sustentável (Centro Rio+), com sede no Rio, e que servirá para reunir órgãos nacionais e internacionais na discussão sobre o meio ambiente.

Durante a Rio+20, os países do G77+China chegaram a propor a criação de um fundo de US$ 30 bilhões para financiar ações voltadas para a sustentabilidade, mas ele não chegou a entrar no documento final da conferência. De acordo com Izabella, os países mais pobres ou em desenvolvimento se comprometeram mais que os desenvolvidos:
— É fácil falar que foi pouco ambicioso (o resultado da Rio+20), mas ninguém sentou à mesa para colocar dinheiro adicional. O que eu vi foram os países pobres e em desenvolvimento todos assumindo compromissos em relação à sustentabilidade e muito países ricos não adicionando recurso para este processo. Aliás, ao contrário, acabamos de assistir à uma contradição no G20, em que a África do Sul colaborou com US$ 2 bilhões para ajudar países em crise.
A criação do Centro Rio+ é, segundo a ministra, um dos resultados concretos da conferência. O Pnud investirá de US$ 3 milhões a US$ 5 milhões para dar início ao projeto, que depois deverá captar recursos nos setores privado e público. A ministra Izabella Teixeira afirmou ainda que o Ministério do Meio Ambiente deverá colaborar cerca de 10% a mais do que for investido pelo Pnud. Com sua sede inicialmente no prédio da Coppe-UFRJ, na Ilha do Fundão, o centro tem o apoio de 25 instituições, tanto brasileiras e internacionais, públicas e privadas, cujo objetivo é aproximar pesquisadores, divulgar boas práticas sustentáveis no mundo e atrair financiadores. De acordo com Izabella Teixeira, o centro está previsto para ser criado desde 1992.
— Este é um legado concreto e tributo ao Rio de Janeiro. Na Rio 92 havia já um debate que era exatamente o de criar a comissão de desenvolvimento sustentável na cidade do Rio, mas que acabou não vingando. Vinte anos depois, criamos o centro com espírito de Rio 92, mas com olhar de Rio+40 — afirmou Izabella, que contou que ele dará continuidade aos Diálogos de Desenvolvimento Sustentável, que foi inaugurado na Rio+20. — A ideia é manter acesso ao ideário e promover a continuidade dos Diálogos do Desenvolvimento Sustentável, que apresentamos na conferência, e que vai possibilitar o engajamento da sociedade, para que ela esteja presente e seja objeto da ação política.
A administradora do Pnud, Helen Clark, chama a atenção para a necessidade de dar continuidade às propostas da Rio+20.
— A Rio+20 termina hoje (nesta sexta-feira), mas o desafio do desenvolvimento sustentável permanece. O centro vai reunir as melhores ideias para que isto seja possível. Estou muito animada e agradecida com este resultado. O trabalho deve continuar e o centro pode tornar isto possível — afirmou.
Ministra avalia documento final da Rio+20
A ministra Izabella Teixeira também fez uma breve avaliação dos principais pontos dos documento final da Rio+20. Ela elogiou a definição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a criação de um fórum de alto nível para o desenvolvimento sustentável, minimizou as críticas referente ao texto sobre Oceanos, criticou o pouco avanço na questão de consumo sustentável e ainda avaliou como positiva a agenda sobre nova métrica para definir o desenvolvimento dos países.
— Ambientalistas e economistas questionam métrica do desenvolvimento apenas com base no PIB. Isto é questionado desde a Rio 92, mas não foi exitoso na época. A Rio+20 adota esta decisão, determina que se deve avaliar e sugerir novos indicadores de mensuração de desenvolvimento — explicou Izabella, que elogiou a chegada de um consenso pelos países. — É dificil construir consenso, temos que falar e saber ouvir, a partir disso construir consenso, nas Nações Unidas o consenso deve ser global. Mas isso não quer dizer que cada país não possa fazer mais. A conferência sinaliza novos caminhos e reafirmou compromissos; não houve retrocesso, embora o longo processo de negociação.

Fonte: O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário