Jilmar Tatto chamou de "apócrifo" guia elaborado pelo partido para orientar a atuação dos parlamentares durante a CPI do Cachoeira. Mas mentiu
Daniel Pereira e Gabriel Castro
O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto: apoio incondicional (Ed Ferreira/AE )
A edição desta semana de VEJA revela a existência de um documento, produzido pelo PT, que define os alvos do partido na CPI do Cachoeira. Ali estão explicações didáticas sobre como atingir os adversários anteriormente elencados pelo líder máximo do partido, Luiz Inácio Lula da Silva: a imprensa, a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal – especificamente o ministro Gilmar Mendes – com objetivo de melar o julgamento do mensalão. Num esboço de reação à reportagem, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), resolveu negar os fatos: "VEJA fala de um documento do PT, mas não está assinado, é apócrifo", disse ele à Folha de S.Paulo. Tatto mentiu. E quem prova isso? Jilmar Tatto.Ouvido por VEJA antes da publicação da matéria, ele confirmou que o material havia sido produzido para o uso dos parlamentares petistas na Comissão Parlamentar de Inquérito. "Todos os servidores da liderança do PT na Câmara e dos gabinetes dos 84 deputados estão à disposição do partido na CPI", disse.
No destaque, janela do sistema operacional mostra os nomes dos autores do arquivo que instrumentaliza a CPI do Cachoeira
Procurada nesta segunda-feira, a assessoria de Jilmar Tatto reafirmou as declarações dadas por ele à Folha de S.Paulo. Mas adotou uma interpretação diferente, segundo a qual o petista apenas desmentiu, ao jornal, ter ordenado pessoalmente a produção do documento. O líder do PT está em viagem à China, incomunicável.
Reproduções de páginas do Senado confirmam: Luiz Fernando Liñares é funcionário da liderança do PT no Senado e Rebeca Albuquerque, do gabinete do deputado petista Odir Cunha, relator da CPI
O documento foca em especial Gilmar Mendes, que Lula tentou constranger, sem sucesso, em sua cruzada para adiar o julgamento do mensalão, conforme mostrou reportagem de VEJA da semana passada. São dedicados a Mendes quatro tópicos: 'O processo da Celg no STF', 'Satiagraha, Fundos de Pensão, Protógenes', 'Filha de Gilmar Mendes' e 'Viagem a Berlim'. São todas questões já levantadas pelos mensaleiros e seus defensores e que, uma vez esclarecidas, se mostraram fruto apenas do desejo de desqualificar um integrante do STF que os petistas consideram um possível voto contra os réus do mensalão.
Fonte: Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário