segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Ataque ao AfroReggae teve influência de “Beira-Mar”

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O incêndio criminoso que ocorreu na sede da ONG, no Complexo do Alemão, há pouco mais de um mês, foi resultado de uma ordem que partiu do presídio de segurança máxima de Catanduvas (PR), segundo gravações reveladas pelo Fantástico, da TV Globo; decisão foi fruto de uma acordo entre os envolvidos os traficantes conhecidos como Fernando Beira-Mar e Marcinho VP; detentos negaram as acusações

O incêndio criminoso que ocorreu na ONG AfroReggae, no Rio de Janeiro, há pouco mais de um mês, foi resultado de uma ordem que partiu do presídio de segurança máxima de Catanduvas (PR), e tem entre os envolvidos os traficantes Fernando Beira-Mar (Luiz Fernando da Costa) e Marcinho VP (Márcio Santos Nepomuceno), segundo gravações reveladas pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo. Coordenador do AfroReggae, José Júnior afirmou que foi ameaçado de morte e tinha decidido parar as atividades na entidade, localizado no Complexo do Alemão, porém resolveu dar continuidade ao projeto.
Sob o argumento de que estava se sentindo solitário, Beira-Mar pediu para entrar em contato com outros detentos e foi autorizado pela Justiça. O Fantástico teve acesso exclusivo ao diálogo entre os traficantes, em áudio e vídeo. Em um dos trechos da conversa, os criminosos acusam o coordenador do AfroReggae de "comprar" testemunhas para incriminar o pastor Marcos Pereira, líder da igreja Assemblaia de Deus dos Últimos Dias, e que foi preso, há três meses, acusado de estuprar fieis, além de ser investigado por crimes de homicídios, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, o que aponta para uma possível ligação do religioso com os traficantes.
Na conversa, Marcinho VP afirmou que o pastor foi "vítima daquelas acusações levianas lá, que estava lá, do Júnior. Compraram um montão de testemunhas para dar depoimento contra ele...". Beira-Mar retrucou: "Tipo assim, compraram, compraram é eufemismo, foi o Juninho que estava por trás disso né. Tinha que mandar um salve lá para ele". Segundo a polícia, a palavra "salve", neste contexto, significa retaliação.
José Júnior comentou sobre as acusações contra o pastor. "Nós fizemos denúncias sobre ele, uma pessoa que estuprou. Que há 20 anos havia uma suspeita, só que ninguém teve coragem de fazer essa denúncia. Eu e outras pessoas tivemos essa coragem e fizemos isso, e sempre soubemos que sofreríamos retaliações, cara", disse. E negou que tenha forjado testemunhas. "Quando eles falam que a gente está pagando, a informação não é uma informação correta. Então eu acho que existe também interesses de outras pessoas, de colocarem eles contra a gente", complementou.
Curiosamente, o ataque ao AfroReggae aconteceu 17 dias após a conversa entre Beira-Mar e Marcinho VP. Ambos os presos foram punidos com dez dias de isolamento. Diante deste cenário, o promotor André Guilherme Freitas alertou para o risco de autorizar os bandidos a estabelecerem um diálogo. "Talvez tenha se menosprezado o poder que esses dois ainda ostentam. Se na unidade mais segura que nós temos no Brasil eles conseguem fazer o que fizeram, quem dirá o que fariam se estivessem em qualquer outra unidade, em qualquer outro estado do Brasil", observou.
Outro lado
Os dois traficantes negaram que tenham dado ordem para o ataque ao AfroReggae. Segundo Marcinho VP, a expressão "dar um salve" quer dizer "mandar um recado" para que José Junior e o pastor Marcos deixassem as brigas de lado, uma versão que foi descartada pela polícia. "Nenhum chefe de favela realiza qualquer ação sem que o chefe da facção autorize esta ação. Pelo que a gente tem informações, o chefe da facção, como, dessa facção, seria o Marcinho VP", acrescentou o delegado Márcio Mendonça.
Já Luiz Carlos Silva Neto, advogado do pastor Marcos Pereira, afirmou que o diálogo entre os detentos é uma prova de que o seu cliente está sendo injustiçado. "Para mim é uma prova contundente, cabal, de que infelizmente o pastor Marcos Pereira da Silva está sofrendo injúrias. Eu estou requerendo inclusive que este acusador-mor, José Junior, seja ouvido pela Justiça", disse.


Fonte: Brasil247

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