Brasília – Professores da Universidade de Brasília (UnB) que não aceitam o fim da
greve, decidida em assembleia na última sexta-feira (17), ocuparam no início
desta tarde, a Casa do Professor, sede da Associação dos Docentes (ADUnB), no
campus da instituição. Eles dizem que só saem de lá se a ADUnB convocar
nova assembleia, imediatamente, para rediscutir a decisão. A associação recebeu
um pedido formal neste sentido, assinado por mais de 250 professores, entre eles
o reitor José Geraldo de Souza Jr., mas informou que só poderá convocar nova
assembleia para sexta-feira, conforme seu regimento interno.
A sede da ADUnB foi ocupada pelo comando de greve quando a primeira
vice-presidente da associação, Therèse Hofman, dava entrevista à Agência
Brasil para apresentar a versão da diretoria sobre a decisão tomada na
semana passada. O documento entregue à diretoria da ADUnB diz que “a aprovação
da saída da greve é eticamente contestável dada a forma como o processo
transcorreu” e que o fim do movimento deve passar por "um amplo debate entre os
professores", que deveria ter ocorrido hoje (21).
As duas primeiras assinaturas do documento são do reitor da UnB e do decano
de Ensino de Graduação, José Américo Soares Garcia. Pelo regimento da ADUnB,
para que o pedido seja considerado, são necessárias pelo menos 250 assinaturas,
que correspondem a 10% do total de filiados à associação, e o pedido supera este
número. Entretanto, segundo Therèse Hofman, o regimento prevê também prazo de 48
horas para marcação da assembleia solicitada pelos signatários, e depois pelo
menos mais 48 horas para divulgação da data da reunião. Como o pedido foi
recebido às 19h de ontem (20), se os prazos forem cumpridos à risca, a
assembleia não será realizada antes de sexta-feira, como está exigindo o comando
de greve dos professores.
O impasse surgiu na assembleia de sexta-feira, depois de suspensa a reunião
da véspera, para que os grevistas pudessem participar de uma manifestação de
servidores públicos na Esplanada dos Ministérios. Depois de negociações entre o
comando local de greve e a diretoria da ADUnB, a pauta ficou definida com três
itens: informes, adiamento da consulta (eleição) para reitor e encaminhamentos.
Não estava prevista a discussão sobre o fim da greve dos professores, que atinge
56 das 59 universidades federais do país há quase dois meses.
Segundo Therèse Hofman, durante a assembleia, um professor pediu que se
fizesse essa avaliação, e o pedido foi aprovado em votação. "Não houve
ilegalidade nisso, pois faz parte dos nosso procedimentos de rotina nas
assembleias.”
O resultado é que o fim da greve foi aprovado por 130 votos a 115, com 3
abstenções. De acordo com Therèse, a assembleia e os partidários da greve não
aceitaram o resultado e promoveram um tumulto, inclusive apagando as luzes da
sala e ofendendo colegas que votaram pelo encerramento da paralisação. Antes
disso, foi rejeitada a proposta de adiamento da eleição do novo reitor. Nota
oficial da ADUnB informou que aquela assembleia tinha sido convocada a pedido do
comando local de greve e que nenhuma proposta foi encaminhada pela diretoria da
entidade.
Em meio ao impasse, a eleição do novo reitor da UnB está confirmada para
amanhã (22) e quinta-feira (23), já que a proposta de adiamento foi rejeitada na
semana passada. Há dez candidatos, dos quais quatro pertencem à reitoria atual,
o que indica que a universidade está dividida.
Fonte:Jorge WamburgRepórter da Agência Brasil
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