sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Infância traumática pode levar à dependência de drogas durante a vida

Crianças que passam por situações de abuso físico, sexual ou emocional são mais propensas a desenvolver comportamentos associados ao vício

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Abuso infantil: Problema pode levar a traços de personalidade que favorecem a dependência química (Thinkstock)
Segundo uma nova pesquisa da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, pessoas que tiveram uma infância traumática adquirem traços de personalidade, como impulsividade ou compulsão, que são associados a um maior risco de dependência em drogas. O estudo foi publicado nesta sexta-feira no periódico American Journal Psychiatry. “Há muito se sabe que situações de abuso e violência na infância ajudam a determinar o comportamento e a personalidade que uma pessoa apresenta durante a vida, e nossos resultados confirmaram esse conceito”, diz a coordenadora do trabalho, Karen Ersche.
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Estiveram envolvidos no estudo 50 adultos dependentes de cocaína, que foram comparados com seus irmãos biológicos que nunca haviam apresentado problemas com drogas. Todos esses indivíduos foram submetidos a extensas e aprofundadas análises de personalidade e também relataram se haviam sofrido experiências negativas na infância — como abuso físico, emocional ou sexual.
Consequências — Os resultados indicaram que existe uma relação direta entre situações traumáticas na infância, personalidade impulsiva e dependência de drogas. “É uma associação interessante, pois traços de impulsividade são conhecidos por elevar as chances de dependência química, mas não podem ser considerados como uma desculpa para o abuso de drogas”, diz Ersche.
A pesquisa ainda mostrou que os irmãos dos dependentes, que também tiveram uma infância traumática, embora não abusassem de drogas, apresentavam traços de personalidade associados ao vício. Os pesquisadores pretendem estudar de que maneira os irmãos que apresentavam essas características não se tornaram dependentes de drogas durante a vida — ou seja, o que torna uma pessoa que é propensa ao vício ‘resistente’ ao problema. Com isso, eles acreditam que seja possível criar abordagens terapêuticas mais eficazes para combater a dependência química.

Fonte: Veja

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