segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Sem reajustes e com triênios ameaçados, servidores terão que enfrentar inflação à míngua

                               Renata Pereira Silva não sabe como viver com os atuais R$ 2.100 pelos próximos três anos. Foto: Márcio Alves


Com duas matrículas de professor da rede pública estadual, André Camargo, de 44 anos, tem dificuldades para fechar o orçamento mensal. Os cerca de R$ 3.700 que recebe de salário servem para pagar o aluguel, a pensão do filho e as contas da casa, e bancar a alimentação. A sobra, que antes era possível, hoje serve apenas para quitar dívidas. Se depender do governo do estado, os vencimentos de André estarão congelados até 2020, pois novos reajustes estão vetados, e os triênios, ameaçados. Até os aumentos já acordados podem ser suspensos. Enquanto isso, a projeção da inflação acumulada entre 2016 e 2019 chega a 17,95% (confira no quadro abaixo).
— Eu não vejo um quadro otimista pela frente. Se não houve alguma mudança nas condições de trabalho, que hoje são insalubres, ficará muito difícil trabalhar, ainda mais tendo os salários congelados.
A executiva pública Renata Pereira Silva, servidora vinculada à Secretaria estadual de Planejamento, não sabe como viver com os atuais R$ 2.100 de renda pelos próximos três anos.
— Já me antecipei a esse problema e pedi para trabalhar perto de casa, para poupar o gasto com transporte. O servidor fica desmotivado. Enquanto isso, espero adicionais que ainda não foram pagos pelo governo — desabafou.
Para a professora Myrian Lund, especialista em Finanças do Ibmec, é melhor o trabalhador se preparar para um período de poucos gastos.
— A partir de agora, não dá para pegar empréstimos consignados (com desconto em folha), perdendo 30% do salário de imediato. A renda vai começar a encolher. O aluguel terá que ser revisto. Contas de telefone e de TV paga também — disse a especialista, que fez projeções de perdas anuais perante a inflação acumulada.
Ciente das dificuldades, o secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa, foi claro ao falar sobre a restrição aos aumentos pelos próximos quatro anos:
— Não dá para pensar nesse assunto agora. Corrigir a inflação é dar um aumento. Isso, hoje, é inviável. Não se pode pensar nisso no Estado do Rio com a crise que se vive atualmente.
Fonte: Extra


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