quarta-feira, 25 de maio de 2016

TIJOLAÇO: O ÁUDIO DE RENAN, DILMA E O STF QUE “SÓ PENSA EM AUMENTO”

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Jornalista Fernando Brito destaca o que chama de "retrato impiedoso da vergonha que se tornou o Poder Judiciário" no segundo capítulo dos áudios de Sérgio Machado; na conversa, Renan Calheiros explica por que Dilma não consegue conversar com os ministros do Supremo: "O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma coisa inacreditável"; Brito também destaca que, antes de a corte votar por unanimidade pelo afastamento de Eduardo Cunha, acertou com ele "a votação do aumento tão caro a Lewandowski e seus pares"
Por Fernando Brito, do Tijolaço
O capítulo 2 dos áudios gravados por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, para negociar sua delação premiada, revelam dois extremos: dignidade e indignidade.
Não há, aparentemente, nada que comprometa mais o presidente do Senado, já às voltas com as várias investigações que sobre ele faz Rodrigo Janot. Mas há, no que diz Renan Calheiros na intimidade, um retrato impiedoso da vergonha que se tornou o Poder Judiciário.
Em determinado trecho, Renan explica por que Dilma não consegue dialogar com os integrantes do Supremo:
Não negociam porque todos estão putos com ela. Ela me disse e é verdade mesmo, nessa crise toda –estavam dizendo que ela estava abatida, ela não está abatida, ela tem uma bravura pessoal que é uma coisa inacreditável, ela está gripada, muito gripada– aí ela disse: ‘Renan, eu recebi aqui o Lewandowski, querendo conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma coisa inacreditável’.
Sim, é inacreditável.
Tão inacreditável, aliás, que os ministros do Supremo não se pejaram de, dias antes de votarem unanimemente o afastamento de Eduardo Cunha, de acertarem com ele a votação do aumento tão caro a Lewandowski e seus pares. Registra o Estadão, para quem não se recorda:
A votação da urgência do projeto de Lei de reajuste do Poder Judiciário foi acertada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com lideranças partidárias após pedido feito pelo presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, em reunião com deputados na última terça-feira, 26  (de abril, não faz um mês!).
Mais adiante, vê-se o papel que o Judiciário jogou com o veto à posse de Lula como ministro da Casa Civil:
MACHADO –(…) Porque deixar esse Moro do jeito que ele está, disposto como ele está, com 18% de popularidade de pesquisa, vai dar merda. Isso que você diz, se for ruptura, vai ter conflito social. Vai morrer gente.
RENAN – Vai, vai. E aí tem que botar o Lula. Porque é a intuição dele…
MACHADO – Aí o Lula tem que assumir a Casa Civil e ser o primeiro ministro, esse é o governo. Ela não tem mais condição, Renan, não tem condição de nada. Agora, quem vai botar esse guizo nela (Dilma)?
RENAN – Não, [com] ela eu conversa, quem conversa com ela sou eu, rapaz.
No próximo post, trato do que o áudio revela sobre a Globo, na última (espero) ilusão petista de que ela poderia não ser o próprio golpe. E reproduzo, abaixo, o inteiro teor da gravação.
Fonte: 247

 

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